A Burocracia no Stalinismo

História,

A Burocracia no Stalinismo

O termo stalinismo vem do domínio absoluto da liderança que Josef Stalin exercia na antiga União Soviética e que, mesmo contrariando a teoria do socialismo, acabou impondo a sua própria burocracia institucionalizada. Também serviu para definir o sistema político e econômico implantado nas décadas de 20 e 30 do século XX.
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Todas as decisões tomadas eram centralizadas no Partido Comunista da União Soviética com forte repressão aos opositores, e acompanhados de todos os ingredientes que compõe uma ditadura: valorização extrema de seus líderes, incentivo ao patriotismo e censura. E, como característica peculiar do stalinismo, a coletivização dos meios de produção.

Entenda a Revolução Russa

A Revolução Russa de 1917 foi um grande marco na política mundial, onde a autocracia russa do Czar Nicolau II foi eliminada. No começo do século XX, a Rússia estava muito aquém da evolução industrial europeia, com a economia basicamente restrita à agricultura e com uma grande maioria de pessoas na miséria. Enquanto isso, o absolutismo do Czar mantinha os poderes com repressão e violência.

A industrialização lentamente implantada no país e as novas correntes políticas, principalmente a do marxismo, alimentaram os sovietes que criaram o Partido Operário Socialdemocrata Russo. O partido foi oprimido pelo Czar, mas nunca deixou de existir, inclusive se dividindo entre os mencheviques e os bolcheviques. Dentre os componentes do partido estavam Lênin e Trolsky.

Em 1905 ocorreu o mais marcante evento repressivo de Nicolau II. Foi o Domingo Sangrento, o qual culminou com o fuzilamento de marinheiros do encouraçado Potenkin. Uma repressão extremamente violenta às manifestações feitas por trabalhadores, os quais eram conhecidos como sovietes, e que resultou na revolução real doze anos depois.

A Revolução de 1917 ocorreu em fases, onde inicialmente uma série de passeatas culminou com a abdicação de Nicolau II ao trono. Inicialmente foi implantado o Governo Provisório liderado pelo príncipe Georgy Lvov e com perfil burguês, o qual tinha como principal interesse manter a propriedade privada, contrariando a proposta dos sovietes que começaram a reclamar o poder para dar terra aos camponeses e trazer a democracia para o país.

A tomada de poder por Lênin e os sovietes foi financiada pela Alemanha e chegou num momento de uma crise sem precedentes da população, com inflação acima de 100% e comida escassa. Diante desse quadro, a própria população em situação extrema saqueava e invadia propriedades da nobreza.

Logo no início do governo de Lênin, a Rússia abriu mão do controle da Finlândia, Holanda, Polônia, Bielorrússia e Ucrânia, para que saísse da Primeira Guerra Mundial. Também confiscou as propriedades privadas e da Igreja Ortodoxa, para que fossem distribuídas entre o povo e passou a intervir diretamente na economia, através da nacionalização da empresa.

Junto ao novo governo também iniciou uma guerra civil entre os czaristas, liberais e socialistas, além dos anarquistas. Só em 1921 o Partido Bolchevique encerrou essa guerra, consolidando definitivamente sua posição.

Entre a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil, a Rússia estava destruída e Lênin instaurou o NEP (Nova Política Econômica), onde deu liberdade ao comércio interno, ao salário dos trabalhadores, permissão para empresas particulares e também a abertura para o capital estrangeiro, mas sem abrir mão do controle governamental. Essa política conseguiu dar um novo fôlego ao país.

Com a morte de Lênin em janeiro de 1924, depois de uma luta interna pelo poder, Stalin conquistou o poder. Seu governo era ditatorial e assumiu um controle total sobre o Estado, baseado na repressão política e na implantação da chamada burocracia stalinista.

Stalin afastou definitivamente todos os seus opositores políticos, mesmo os que eram de seu partido. Foram torturados e fuzilados, sob a alegação de traidores da pátria, mesmo que não tenham cometido qualquer tipo de infidelidade ao governo.

Foi marca de seu governo o chamado “Grande Terror”, onde mais de cinco milhões de cidadãos foram presos e mais de 23 milhões foram mortos em campos de concentração.

O ponto positivo de seu governo foi a rápida expansão econômica russa, tornando a URSS altamente industrializada, capaz de rivalizar com seu principal inimigo político, os EUA.

Foi durante seu governo que a Rússia ganhou a Segunda Guerra Mundial, em combate contra o nazismo e junto com os partidos aliados, onde a vitória de Stalingrado foi um marco para seu fim.

A burocracia do stalinismo

Mesmo que o stalinismo tenha estatizado as empresas e valorizado os “kulaks” (terras retiradas de fazendeiros e de onde foram criadas cooperativas), tudo era controlado por uma elite partidária sob o comando atento de Stalin, logo denominada de burocracia.

A burocracia se caracteriza com excesso de exigências documentais para andamento de processos simples, com muitas dificuldades e demoras. As hierarquias são rigidamente respeitadas, como uma pirâmide burocrata e que no seu topo estavam aqueles que mandavam, administravam e criavam penalidades e recompensas. Esses líderes preenchiam suas posições por ideologia partidária e parcerias, não por outras qualificações profissionais e intelectuais. Era a classe dominante do stalinismo, sem contato direto com o povo e que se encarrega de mantê-lo como massa trabalhadora.

Em oposição a filosofia implantada por Lênin e proposta pelo próprio Stalin, o topo da pirâmide alimentava uma elite privilegiada, que mantinha ainda condutas próximas a burguesia capitalista.

Segundo Trotsky, a passagem do capitalismo para o stalinismo só se diferenciou pela forma jurídica, que dava ao governo o comando das empresas. Os fatores hierárquicos e as elites se mantiveram, sob outros nomes e perfis, mas exercendo o mesmo papel de comandantes e comandados.