Consequências das Cruzadas
Conhecidas por “Guerras Santas” e também “Peregrinações” as Cruzadas foram expedições organizadas pela Igreja, através do Papado, e também pela Nobreza, principalmente por meio dos Reis.
As Cruzadas aconteceram durante a chamada Baixa Idade Média, entre os séculos X e XIII, mais precisamente, entre os anos de 1095 e 1270.
Neste artigo iremos falar sobre as consequências das Cruzadas, mas antes, é necessário entender os motivos que levaram ao seu início.
Como tudo começou
No século VII os muçulmanos começaram a se espalhar pelo Mundo Mediterrâneo partindo da Arábia Saudita e conquistando boa parte do que era conhecido por “Mundo Cristão”. Durante esse período eles tomaram diversas cidades, incluindo Jerusalém, considerada a “Terra Santa”.
Após a tomada de Jerusalém pode-se dizer que os muçulmanos eram tolerantes tanto com os Cristãos, quanto com os Judeus que visitavam o local, afinal essas visitas representavam mais dinheiro circulando na região
Tempos depois, os Turcos Seljúcidas da Ásia Central e que se tornaram islâmicos, conquistaram grande parte do território que pertencia aos muçulmanos, incluindo a Palestina e Jerusalém. Os Seljúcidas já não eram mais tão amistosos com as outras culturas, principalmente a cristã. Chegou então, ao conhecimento do Papa Urbano II que cristãos vinham sofrendo perseguições e torturas durante peregrinações a Jerusalém.
Os Turcos Seljúcidas passaram a ser considerados uma ameaça. A Igreja então convocou cavaleiros cristãos e Reis para uma expedição que tinha como principal objetivo libertar a Terra Santa dos muçulmanos, e por consequência, deixar que os cristãos circulassem livremente por Jerusalém.
Uma guerra de 200 anos
As Cruzadas podem ser consideradas uma contraofensiva cristã a expansão do Islamismo, afinal, além do objetivo religioso, objetivos econômicos e sociais também faziam parte das peregrinações.
Para se ter ideia do contexto social vivido pela Europa nos Séculos X ao XIII é importante relembrar que o Sistema Feudal ainda existia, e um de seus principais problemas é que a terra herdada do pai era de responsabilidade do filho mais velho, desta forma os outros filhos não tinham direito ao feudo. Além disso, o continente crescia demograficamente a cada ano, e, o Sistema Feudal não estava adaptado a isso, em outras palavras, sobravam muitas pessoas e pouca terra.
Isso também explica a maciça participação das camadas mais pobres nas Cruzadas, afinal enquanto a Europa vivia um momento instável economicamente, parecia uma boa ideia desbravar o Oriente em busca de oportunidades e riquezas.
Além disso, a Igreja utilizava como parte de sua propaganda a ideia de que qualquer morte que ocorresse em decorrência da luta durante as cruzadas significava salvação e vida eterna.
Durante os 200 anos da Guerra Santa foram realizadas oito cruzadas, entre as quais: Primeira Cruzada (1096 a 1099); Segunda Cruzada (1147 a 1149); Terceira Cruzada (1189 a 1192); Quarta Cruzada (1202 a 1204); Quinta Cruzada (1218 a 1221); Sexta Cruzada (1228 a 1229); Sétima Cruzada (1248 a 1254) e Oitava Cruzada (1270 a 1291).
Consequências das Cruzadas
Após vários anos de guerra pode-se dizer que as Cruzadas não cumpriram exatamente seu papel e alguns de seus resultados podem ser considerados um fracasso.
Com relação aos objetivos religiosos, a “Terra Santa” chegou a ser conquistada pelos Cristãos no ano de 1099, isso durou cerca de dois séculos, até que Saladino liderou os muçulmanos para expulsar os Cristãos de Jerusalém.
Pode-se dizer que as maiores conquistas ocorridas em decorrência das cruzadas estão ligadas ao que podemos chamar de “Renascimento Comercial e Urbano”, afinal tais expedições possibilitaram a reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio europeu, o que intensificou as relações comerciais entre Ocidente e Oriente. Algo que já não existia desde a expansão muçulmana.
Novas necessidades e decadência do Sistema Feudal
Outro fato que merece atenção quando falamos em consequência das cruzadas é uma nova forma de comércio que se originou, basicamente, a partir de saques e pilhagens realizados pelos cristãos à medida que avançavam rumo ao Oriente. Após realizarem saques os cristãos revendiam os produtos criando uma linha de comércio Ocidente e Oriente.
Os feudos já não eram mais motivo de insegurança econômica para os europeus, afinal os senhores feudais tinham interesse pela mercadoria que vinha de fora e para comprá-la precisavam produzir grandes quantias, o suficiente para que sobrasse, e assim, pudessem sustentar uma forma de consumo que até então não existia.
É possível afirmar que a decadência do sistema Feudal dava seus primeiros sinais já nessa época, a partir do momento em que as terras dos feudos passaram a ser alugadas e muitos servos deixavam a vida no campo migrando para cidades que começavam a viver em um novo ritmo e ambiente revitalizado.
Outra consequência das cruzadas se refere à intolerância religiosa dos Cristãos para com os Judeus e Muçulmanos. Mas é importante relembrar que para, além disso, também ouve certa influência cultural do Oriente, afinal, a partir do momento em que os Cristãos saqueavam e revendiam produtos daquela região criavam novas necessidades de consumo, e principalmente, faziam com que os ocidentais, de forma indireta, adotassem uma parte da cultura do Oriente.