Descolonização Afro-asiática

História,

Descolonização Afro-asiática

Por séculos, colônias europeias na África e Ásia abasteceram os cofres de seus dominadores, que usufruíram de suas inúmeras riquezas naturais sem se preocupar com a população de origem. Mas com o fim da Segunda Guerra Mundial e o enfraquecimento dos países europeus, o quadro começou a ser modificado. Sob a influência dos fortalecidos Estados Unidos e União Soviética, iniciou-se a descolonização afro-asiática.
descolonizacao-afro-asiatica

De forma pacífica ou violenta, os países dessas regiões se viram independentes politicamente, mas totalmente fragilizados em sua economia e sociedade, mantendo os vínculos com os ex-colonizadores ou criando novas dependências com os americanos e soviéticos. A descolonização foi o fim de uma era e o início de outra repleta de guerras e conflitos que fomentaram morte, miséria, fome e corrupção, especialmente atingindo a população mais pobre e que mantém seus reflexos até os dias atuais.

Como surgiu a descolonização afro-asiática

A África e a Ásia foram os principais alvos de colonização europeia a partir do século XV. O foco era a exploração das inúmeras riquezas presentes da região, que fomentavam o capitalismo comercial da Era Moderna. Mesmo que as Américas tenham se tornado principal fonte de exploração dos países europeus, eles não abriram mão de seu domínio político na África e Ásia.

No início do século XIX, com a independência das colônias americanas, os países europeus viram a necessidade de se voltar a África e Ásia criando o neocolonialismo. O período gerou disputas intensas entre as potências, especialmente pelos territórios afro-asiáticos mais ricos, iniciando a Primeira Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial, a crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial devastaram os países europeus e tornaram mais grave as já péssimas condições dos colonos. Eles iniciaram revoltas e greves que desencadearam movimentos de independência.

Enquanto isso, os Estados Unidos e a União Soviética saíram fortalecidos da Segunda Guerra, como líderes dos aliados e de seus segmentos políticos do capitalismo e comunismo. A Europa enfraquecida se dividiu entre suas influências e os dois países aproveitaram o desejo de independência das colônias afro-asiáticas para ampliar ainda mais seus poderes.

Diante das consequências geradas por anos de conflitos diretos, os Estados Unidos e a União Soviética iniciaram a Guerra Fria, uma disputa intensa e indireta pelo poder mundial. E os novos países africanos e asiáticos conseguiram sua independência com o apoio direto ou indireto de um desses dois países, alguns até mesmo recebendo apoio de ambos, mas cada um com um líder diferente que implantaram guerras civis sangrentas e destrutivas.

O processo de descolonização o país se tornava independente por meio de guerra, com ajuda bélica da União Soviética e em seguida adotavam o socialismo ou obtinham uma independência gradual, com o poder nas mãos da elite local e dependência econômica capitalista dos Estados Unidos.

Os primeiros países a iniciar a descolonização foram os asiáticos, como a Índia, Paquistão, Indonésia, Birmânia e Ceilão, ainda na década de 1940. Na década seguinte o movimento atingiu a África, com Gana, Quênia, Congo Belga, Argélia e Senegal.

Com o apoio da ONU, só entre as décadas de 1950 a 1960 foram mais de 40 países descolonizados declarando independência na África e Ásia, que formaram um novo segmento geopolítico chamado de Terceiro Mundo. Suas principais características foram a economia frágil, graves problemas de ordem social e dificuldade de se consolidar como países independentes. Rapidamente o termo também foi usado para definir uma parte da América Latina, que inclui as suas regiões Sul e Central.

Formas de descolonização

A descolonização aconteceu por duas vias distintas. A primeira era a independência pacífica, onde a metrópole dominadora fazia concessões a ex-colônia e mantinha boas relações com influências e ajuda econômica. A segunda era a independência por meios violentos, com rompimento total dos vínculos entre colonizados e colonizadores, através de guerras.

Países como a Grã-Bretanha entenderam que a descolonização era irreversível, mas que o quadro indicava uma independência política e não econômica, fazendo com que esses novos países ainda mantivessem vínculos vitais com seus colonizadores ou outros países, como no caso os Estados Unidos e a União Soviética.

A África inglesa teve maioria pacífica de descolonização, cujos conflitos internos geraram guerras civis e golpes militares, como no caso de Gana, Nigéria e Quênia. Serra Leoa e Gâmbia mantiveram vínculos e autonomia inglesa, até atingirem sua independência de forma consensual.

A França tentou manter suas colônias ao máximo, o que acabou incentivando rebeldias como na Argélia, Marrocos e Tunísia. Logo o país buscou métodos para ampliar a autonomia das colônias, em prol da manutenção de seus vínculos. Já a Bélgica também enfrentou conflitos com o Congo Belga, Ruanda e Burundi.

As colônias portuguesas foram as últimas a se tornarem independentes que se iniciaram com Angola, Guiné e Moçambique. Ao fim dos conflitos conseguiram acordos de emancipação que acabaram trazendo grandes perdas materiais e humanas para Portugal, que deixaram de arrecadar e tiveram desempregos, queda da renda nacional e endividamentos.

O Terceiro Mundo

As civilizações africanas sofreram profundas mudanças com o imperialismo, que ignoraram as divergências tribais e descaracterizaram totalmente suas estruturas. Mesmo sem absorver o modo de vida europeu, a África se viu sem identidade, com nenhuma ação efetiva para integração racial que ocasionou numa gravíssima segregação como a vista na África do Sul.

Esse quadro valorizou ainda mais as consequências do que se tornou o Terceiro Mundo. Os países do Terceiro Mundo eram politicamente livres, porém dependentes economicamente dos Estados Unidos ou da União Soviética. Dessa forma, o subdesenvolvimento foi uma consequência indesejada e agressiva para sua população. Em 1955, vinte países recém-independentes criaram a Conferência de Bandung, na Indonésia, para discutir os problemas inerentes do novo Terceiro Mundo, declarar apoio anticolonialismo e o combate ao racismo.

Na conferência foram definidos objetivos como ativar a cooperação entre nações afro-asiáticas para promover seus interesses, discutir a discriminação racial, estudar os problemas econômicos e sociais das regiões e buscar mais ações em prol da paz mundial. Na prática, a conferência só reforçou a definição do que é o Terceiro Mundo e suas graves deficiências herdadas pela pro