Guerra hispano-americana
Na época das grandes navegações, quatro potências europeias conquistaram diversas colônias ao redor do mundo: Portugal, que tinha em mãos colônias na América do Sul e Oriente; França, também com colônias na América do Sul e Oriente; Grã-Bretanha, com colônias na América do Norte e no Oriente Médio; e Espanha, que tinha a maior extensão de colônias dentre as quatro potências, dominando grande parte da América do Sul e toda a América Central.
Com o passar dos anos, diversas das colônias foram lutando por sua independência. A primeira delas foram os Estados Unidos, que mais tarde se transformariam na maior potência do mundo.
No entanto, a mesma história não se repetiu com diversas colônias, pois desempenhavam um importante papel econômico e estratégico para aqueles que a dominavam. Um bom exemplo disso é Cuba, que fica localizada em um ponto bastante estratégico para a escoação de produtos, movimentando a economia.
Por este motivo, toda e qualquer tentativa de independência em Cuba era fortemente reprimida pela Espanha, ficando assim mais de 400 anos sob domínio hispânico. No entanto, e como você verá abaixo, Cuba também era estratégica para outro país, e foi este duplo interesse que desencadeou a guerra hispano-americana.
Antecedentes
Para entendermos como se deu o conflito armado tratado neste artigo, é necessário antes de mais nada entender o contexto que permitiu que ele eclodisse. No final do século XIX, os Estados Unidos já haviam há muito tempo conquistado a independência da Inglaterra, mas isso ainda não havia ocorrido com grande parte das colônias espanholas na América Central e do Sul.
Claro que, a essa altura, muitas colônias já haviam se rebelado contra o domínio espanhol, mas o poder que tinham em relação à coroa era ínfimo, já que esta possuía equipamentos armamentistas e recursos humanos altamente capacitados para reprimir todo e qualquer tipo de manifestação nacionalista. A prova disso foram as pequenas revoltas ocorridas em Cuba, como no Caso de Virgínia, ocorrido em 1783.
No entanto, e considerando as revoltas (mesmo que fracassadas) e as denúncias de diversos jornalistas sobre a pífia administração da Espanha em Cuba, tanto o governo quanto a opinião pública dos Estados Unidos começou a ter crescente interesse na independência daquele país – lembrando que este interesse era, antes de tudo, econômico e estratégico, e não um ato de compaixão com o país vizinho, como muitos historiadores levam a crer.
A situação ficou ainda pior quando um navio americano naufragou de forma misteriosa no porto de Havana, capital de Cuba, fazendo aumentar a pressão sobre o governo americano, na época em poder dos republicanos (conservadores), para que fizesse algo para evitar que situações semelhantes se repetissem. Assim, a atitude do governo norte-americano foi enviar uma carta para a coroa da Espanha exigindo que entregasse o controle de Cuba para os Estados Unidos. Como nenhuma parte queria ceder, tanto Espanha quando os Estados Unidos declararam a guerra hispano-americana.
Resultado
O primeiro conflito da guerra hispano-americana ocorreu em 1° de maio de 1898 e, curiosamente, aconteceu bem longe da Espanha e dos Estados Unidos. O exército norte-americano armou um ataque aos espanhóis no porto de Manila, nas Filipinas, e ficou evidente o quanto aqueles eram superiores em termos de poder bélico em relação a estes, já que tratou-se de uma vitória relativamente fácil: em poucas horas, os espanhóis haviam sido derrotados.
Essa vitória levou confiança ao exército americano, que dois meses depois, em julho, conseguiu derrubar a resistência espanhola em Cuba, tanto em terra quanto em mar. Além disso, depois da vitória dos Estados Unidos, estes também invadiram Manila e conseguiram tomar toda Filipinas.
Dessa forma, o domínio colonial espanhol se encerrava de uma vez por todas, mas isso não significa que Cuba estava livre do controle, mesmo que indireto, de um país mais poderoso que si próprio. Na Constituição cubana foi instalada a Emenda Platt, que basicamente permitia a intervenção dos Estados Unidos no país sempre que julgassem que seus interesses não estavam sendo atendidos, ou que prejudicavam os americanos. Além disso, Cuba teve de ceder Guantánamo e a Baía de Honda para que pudessem ser utilizadas como bases navais norte-americanas.
Para a Espanha, os prejuízos foram enormes. O país teve de assumir as dívidas de Cuba e ainda entregar Guam e Porto Rico aos Estados Unidos como indenização por perder a guerra. Além disso, a Espanha só conseguiu recuperar as Filipinas pagando uma indenização de US$ 20 milhões.
Isso tudo significa que, mesmo que diversas colônias latino-americanas tenham obtido sua independência, o que na verdade houve foi transferência de poder: de uma obrigação informal de submissão aos países europeus para uma obrigação legal de submissão aos Estados Unidos. Por isso, é possível concluir que grande parte dos problemas dos países latino-americanos como corrupção, violência e altos níveis de desigualdade, é resultado da vasta exploração destes por terceiros.