Mesopotâmia Economia
Muito se ouve falar, se sabe, se discute e se rediscute sobre o modelo social, político e econômico do Egito. Mas a Mesopotâmia, por sua vez, na maioria das vezes passa batido por esse assunto. O engraçado desse comum esquecimento da história da Mesopotâmia é que, não por coincidência mas sim por um fator essencialmente geográfico, a economia da Mesopotâmia e do Egito eram bastante similares. Não, esse fator geográfico não era a presença de petróleo ou de algum mineral precioso em seus respectivos solos, mas sim a presença de importantes rios – o Nilo, no caso do Egito, e o Tigre e o Eufrates, no caso da Mesopotâmia – por dentro de seus territórios, o que, por sua vez, acabou por incidir um tipo específico de desenvolvimento agrário e de meio de transporte para ambos os povos.
Não por acaso, a violência com que esses rios se apresentavam em toda a sua margem, e a irregularidade com que eles acabam por dar vazão ao seus sistema de cheias fazia com que esse povo precisasse exercer um esforço maor para que dessem conta de dar cabo da exploração agrícola com que eles haveriam de conseguir o seu sustento. Dessa maneira, podemos deprender tanto pela obviedade da situação quanto também pelo próprio histórico da Mesopotâmia que o desenvolvimento tecnológico desse povo foi bastante avançado frente aos outros ícones da mesma época cronológica. Exemplos dessa super exploração tecnológica que resultava em uma aplicabilidade prática e, consequentemente, num melhor aproveitamento das condições oferecidas pelos rios Tigre e Eufrates eram as tecnologias de irrigação e drenagem, contorladas pela construção de diques, barragens e represas, pensadas, projetas e construídas seguindo uma lógica condizente com a engenharia, a arquitetura, o desenho geométrico e o pensamento espacial da época. Os mesopotâmios, por conta disso, são apontados até hoje como um povo de altíssimo rendimento e desenvolvimento intelectual.
Além desse detalhe mencionado a respeito do desenvolvimento tecnológico do povo da Mesopotâmia, cabe salientar que ao mesmo tempo, a disponibilidade de imensidões de planícies e terrenos cujo solo era bastante fértil na Mesopotâmia não era exatamente homogênea, isto é, não poderia ser encontrada com a mesma frequência em todo o perímetro desse reino.
É válido lembrar que, em oposição às essas regiões consideradas como planícies mais férteis dispostas nos entornos meridionais, a região localizada mais ao norte do território possuía um solo consideravelmente árido e arenoso e, não obstante essas duas características que por si só já desetabilizavam a constância da produção agrícola, ele era também extremamente acidentado, cheio de relevos diversos, obstruções, acidentes geográficos, etc.. Esse contraste entretanto era a razão e o principal motivo do fato de que muitos dos chamados pastores assírios acabaram por invadir algumas das terras localizadas ao sul da região da Mesopotâmia, buscando alimentos disponíveis e fartos.
O papel desempenhado pelo Estado
É impossível falar e pensar sobre a economia da Mesopotâmia, sem antes ter em vista que o Estado desempenhava um papel fundamental no desenvolvimento desse modelo de gestão econômica baseado essencialmente num caráter agrícola-desenvolvimentista.
Isso porque era justamente o Estado mesopotâmico o grande responsável por organizar todo o sistema de implantação do regime de servidão coletiva. A Mesopotâmia era um Estado político cujo sistema econômico se assentava sobre uma lógica escravocrata.
O Estado era também o principal responsável por conduzir as grandiosas obras públicas, desenvolvidas sempre com o objetivo essencial de não só ampliar, como também assegurar a qualidade de execução da maior parte das atividades de agricultura desenvolvidas em seu solo. Mas diferente do povo egípcio, com quem tanto são comparados, os mesopotâmios não abdicavam da propriedade de suas terras.
De um modo geral, os campos que eram considerados ferteis passavam a ser utilizados nas chamadas plantações de trigo, ou até mesmo de outros tipos de grãos bastante comuns, como a cevada, o centeio, utilizados sempre na alimentação básica do povo mesopotâmico. Outro tipo de utilização bastante comum, mas não menos óbvio desse tipo de território era a domesticação dos animais, isto é, o cerceamento da liberdade de criação de animais com o objetivo final de alimentar a população. Esse tipo de sistema de pecuária também passou a se tornar bastante desenvolvido na Mesopotâmia, empregando técnicas e tecnologias novas que acabaram por incidir em um grande aumento dessa produção de gado para corte.
Outro fator muito importante de ser levado em consideração na hora de analisar para onde foram os rumos do desenvolvimento econômico do povo mesopotâmico é o fato de que esse incrível desenvolvimento agro-pecuário (ou também chamado de “atividades agro-pastoris”) acabaou criando excedentes que fizeram esse povo ser capaz de acumular muito do que precisavam. Povos que acumulam excedentes acabam desenvolvendo, via de regra, atividades comerciais muito ricas e elaboradas. De certa maneira então, podemos compreender que a agricultura essencialmente foi a responsável pelo desenvolvimento econômico da Mesopotâmia.