Navegações Portuguesas: Economia e Política vigente na época

História,

Navegações Portuguesas: Economia e Política vigente na época

Podemos dizer, que o processo que deu origem à expansão marítima marca o início da europeização do mundo. Ele foi feito a partir de claras demandas econômicas e viabilizado por poderosas forças policiais. O sucesso desse processo acabou significando vantagens evidentes para certos personagens que a projetaram e a executaram.

Até o século XX, a Inglaterra e a França se viram envolvidas na Guerra dos Cem Anos, o que acabou por retardar o processo de centralização da monarquia em ambos os países. A Espanha ainda enfrentava os muçulmanos, que só foram expulsos por completo da Península Ibérica no ano de 1492. Outros territórios da Europa também estavam fragmentados, inclusive os vastos territórios que faziam parte do Sacro Império Romano-Germânico. Assim, em relação as demais monarquias existentes no continente, a unificação de Portugal foi considerada precoce, contribuindo de forma decisiva para as primeiras iniciativas no processo de expansão marítima europeia.

Navegações Portuguesas

A expansão marítima era necessária para que a burguesia da Europa buscasse novas alternativas para que o comércio pudesse se expandir. Mas, por outro lado, essa empreitada de enfrentar a desconhecida navegação no Oceano Atlântico exigia que fossem feitos investimentos altos, que nesta época, estavam muito além das possibilidades financeiras de qualquer cidade europeia.

As navegações portuguesas

No início do século XV, a participação de maneira progressiva dos portugueses no comércio Europeu passou a ganhar impulso. Assim, a centralização da monarquia, juntamente com a associação dos poderes políticos que estavam concentrados nas mãos do rei aos interesses do setor do mercado, acabou tendo um papel importante e extremamente decisivo na montagem do processo das grandes navegações portuguesas.

Todo esse processo ainda acabou sendo favorecido por estudos náuticos, que tinham como líder a atuação do infante D. Henrique, o navegador. Ele era o filho mais novo dos monarcas portugueses e atraiu para Sagres, em Algarve, local de sua residência, diversos cosmógrafos, mercadores, navegadores e aventureiros, a partir do início do século XV. Todos esses conhecimentos, quando passaram a ficar juntos, viabilizou o projeto de expansão marítima portuguesa, e ainda o desejo de se viajar pelo Oceano Atlântico. Tal atitude contribuiu para que as Índias fosse alcançada, superando as limitações ao comércio continental europeu do século XV.

O estímulo que o governo promovia para que esse processo tivesse início, juntamente com o interesse do grupo mercantil de alargar a sua área de atuação no comércio e ao envolvimento dos nobres visando os domínios e as conquistas, viabilizou que fossem feitas novas expedições, que foram ainda motivadas pelo sucesso da tomada de Ceuta pelos portugueses, no ano de 1415, fato que acabou se tornando o marco inicial da expansão marítima europeia.

Aos poucos, o objetivo de Portugal foi sendo realizado: o do périplo africano, ou seja, a de realização de uma viagem em torno da África. Dessa maneira, as expedições portuguesas foram avançando, atingindo com o passar dos anos, pontos cada vez mais distantes das Ilhas do Atlântico e do litoral da África. A exploração das ilhas até então inabitadas e recém-conquistadas acabou contando com uma política de povoamento, que era baseada na pecuária e na agricultura. Além também da criação de gado, começou a se plantar cultivos, como vinhas, trigo e cana de açúcar. As terras foram divididas em capitanias hereditárias, sistema pelo qual o rei escolhia os capitães donatários, ou seja, os nobres, com o objetivo de promover a exploração econômica e o povoamento do território, uma forma de otimizar a colonização, processo que foi adotado em seguido nas áreas da América Portuguesa.

No ano de 1488, o navegador Bartolomeu Dias chegou até o cabo da Boa Esperança, o que acabou demonstrando que havia uma passagem desconhecida para o Oceano Índico. Dez anos mais tarde, Vasco da Gama atingiu finalmente as Índias, em uma expedição de reconhecimento. Em 1500, partiu a primeira grande frota destinada a fazer com que o comércio em larga escala com o Oriente, comandada por Pedro Álvares Cabral, atingindo também um novo continente, a América, que mais tarde iria ser conhecido como Brasil.

Em que pese o longo prazo para que o périplo africano fosse completado, Portugal prosperou, ao mesmo tempo em que os navegadores ampliavam seus conhecimentos náuticos e Lisboa se tornou um importante entreposto comercial.

No entanto, o enriquecimento de Portugal era algo apenas aparente. Isso porque, além de contar com escassos recursos de materiais e também humanos, os empreendimentos marítimos não condiziam com a dependência financeira em relação a outros centros, especialmente as companhias comerciais italianas e holandesas. Interesses mercantis que estavam submetidos aos da Coroa e nobreza a ela associada sugavam recursos e se tornariam mais um entrave ao desenvolvimento comercial.

Assim, o capital que foi gerado durante esse processo acabou sendo transferindo para outros centros europeus, o que impediu que fossem acumulados capitais para investimentos dentro do próprio reino.