Arcadismo Brasileiro: Contexto Histórico e Principais Características

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Arcadismo Brasileiro: Contexto Histórico e Principais Características

O Arcadismo, que também é chamado de Setecentismo ou Neoclassicismo, é um movimento literário que aconteceu na segunda metade do século XVIII. Seu nome é referente à região do sul da Grécia chamada de Arcádia, que levou este nome por conta do semideus Arcas. Várias mudanças no mundo caracterizam o surgimento do Arcadismo, como o Iluminismo, que implicava no racionalismo, o progresso e a evolução da ciência. Na América do Norte acontecia a Independência dos Estados Unidos, no ano de 1776, que gerou outros movimentos de independência por toda a América, assim como no Brasil, que contou com várias revoluções e inconfidências até que a Família Real chegou ao país em 1808.

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O intuito do Arcadismo era de reformular as artes, o ensino, os hábitos e as atitudes do período. Na época, a aristocracia estava em decadência, perdendo muito dinheiro e dando poder então a burguesia. O Quinhentismo, movimento anterior ao Arcadismo, tinha uma grande influência portuguesa, e o Barroco era influenciado pela cultura da Espanha. Já o Arcadismo era influenciado pela França e todos os acontecimentos liderados pela burguesia naquele país.

Contexto histórico do Arcadismo Brasileiro

Nesta época, entre 1768 a 1836, os jovens da elite do Brasil iam estudar em Coimbra. Desta forma, muitos conheceram autores europeus árcades e trouxeram esse conhecimento para o país tupiniquim através da literatura. Esses jovens também voltavam cheios dos ideais iluministas, indo contra o governo da época e servindo de base para a Inconfidência Mineira.

O Arcadismo Brasileiro chegou para romper com o Barroco em 1768, com as publicações de “Obras” de Cláudio Manuel da Costa. O Arcadismo Brasileiro continuou até o início do Romantismo.

Os escritores do Arcadismo Brasileiro apresentavam uma grande dualidade, pois ainda seguiam os modelos europeus, mas também estavam interessados na natureza e nos problemas da colônia. Aqui não teve a Arcádia, como aconteceu em Portugal, e a concentração do movimento aconteceu, principalmente, em Vila Rica, que atualmente é a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.

Os autores do Arcadismo Brasileiro tinham o grande sonho da Independência do Brasil, assim como já havia acontecido nos Estados Unidos. Os intelectuais que escreviam obras árcades também participaram da Inconfidência Mineira, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Inácio José de Alvarenga Peixoto. Junto com Tiradentes, eles fizeram parte deste movimento, sendo que Cláudio Manuel da Costa suicidou-se na prisão antes do julgamento, Tiradentes e Alvarenga Peixoto, junto com vários outros, foram condenados à morte por enforcamento e Tomás Antônio Gonzaga foi condenado ao exílio. A pena de todos, menos Tiradentes, foi aplicada em 20 de abril de 1792. Já Tiradentes foi enforcado e esquartejado no dia seguinte.

As grandes características do Arcadismo Brasileiro

•Figura do índio – Baseando-se nas ideias do Iluminismo do filósofo Rousseau, a figura do índio, que vivia cercado de benefícios dados a ele pela natureza, era tido agora como uma pessoa virtuada, trazendo a ideia de que a natureza fazia o homem ser feliz e bom, e que a sociedade é que corrompe o homem.

•Apego à simplicidade – As obras do período do Arcadismo Brasileiro foram marcadas pela simplicidade, fazendo alusão à expressão do latim Inutilia Truncat, abolindo as inutilidades na escrita. Os autores deste período voltaram a se utilizar dos moldes clássicos e falavam sobre a vida no campo e vida bucólica, pois estes preceitos tinham tudo a ver com o sentimento nativista.

•Sátira política – Os autores desse período falavam sobre a exploração portuguesa, a corrupção dos governos coloniais e faziam uma crítica aos tempos difíceis que a sociedade vivia. Essa característica da sátira política está muito bem empregada na obra “Cartas Chilenas”, que tinha o intuito de criticar os governantes da época, focando especialmente na verdadeira submissão do país, que ainda vivia como uma colônia.

Tomás Antônio Gonzaga foi um dos mais significativos escritores do Arcadismo Brasileiro. Sua obra mais conhecida é o poema satírico “Cartas Chilenas”, que denunciava os desmandos morais e administrativos do governador de Minas Gerais. Outra obra significativa foi Liras a Marília de Dirceu, na qual ele relatou seu amor por Marília, pseudônimo de Maria Doroteia Joaquina de Seixas.

Outro autor do movimento foi Cláudio Manuel da Costa, que publicou em 1768 o seu livro “Obras”, que contava com cem sonetos, éclogas, epístolas e outras formas líricas. Este é o considerado o ponto inicial do Arcadismo no Brasil. Outra obra de destaque do autor foi Vila Rica, que falava sobre a descoberta do ouro em MG e a origem de Vila Rica.

Já José Basílio da Gama escreveu o poema épico “O Uruguai”, que celebrava a vitória de Gomes Freire de Andrade, comissário real, sobre os indígenas de Sete Povos das Missões, região que hoje pertence ao Rio Grande do Sul.

Outro escritor do movimento foi Frei José de Santa Rita Durão, que argumenta sobre o mito do amor universal em Caramuru. O livro relata a história de amor entre o português Diogo Álvares Correa e a índia Paraguaçu.