Cultismo e Conceptismo: os principais estilos da Literatura Barroca
O barroco, também chamado de Seiscentismo, surgiu quando o Renascimento entrou em crise, porque naquela época estavam acontecendo várias desavenças com relação à religião. A Igreja Católica vinha fazendo várias imposições e havia dificuldades econômicas, pois o comércio com o Oriente havia decaído em Portugal.
No universo fascinante da literatura barroca, duas correntes se destacam: o “conceptismo” e o “culteranismo.” São movimentos literários que, embora compartilhem algumas semelhanças, têm características distintas e são representativos desse período riquíssimo da literatura. Neste texto, vamos explorar o conceptismo, examinando sua definição, características, origens, principais expoentes e algumas de suas obras mais notáveis.
O que é Cultismo?
O cultismo, também conhecido como “culteranismo,” é uma das tendências literárias mais influentes do período barroco, que se destacou na Espanha e em Portugal. Caracteriza-se por um estilo rebuscado e elaborado, repleto de figuras de linguagem, metáforas complexas e um vocabulário erudito. Os autores cultistas priorizavam a forma, a estética e a linguagem elaborada, muitas vezes em detrimento do conteúdo. A busca pela expressão artística por meio da linguagem refinada é a essência do cultismo.
O que é Conceptismo?
O conceptismo, por outro lado, é um movimento literário que também floresceu durante o período barroco. Sua característica marcante é a exploração de jogos de palavras, trocadilhos e raciocínios complexos. Ao contrário do cultismo, o conceptismo dá grande ênfase ao conteúdo e à profundidade de pensamento. O objetivo é provocar reflexões e questionamentos através de sutis enigmas e paradoxos, tornando a leitura uma experiência intelectualmente desafiadora.
Características de cada um
- Cultismo: Refinamento linguístico, utilização de metáforas elaboradas, ênfase na estética da linguagem, vocabulário erudito, abuso de figuras de linguagem.
- Conceptismo: Jogo de palavras, trocadilhos, paradoxos, raciocínio sofisticado, profundidade de pensamento, provocação de reflexões.
Origens
O cultismo tem suas raízes no Renascimento e na tradição literária clássica greco-latina, enquanto o conceptismo tem influências do pensamento filosófico e religioso da época, principalmente do filósofo espanhol Luis de León. Ambos movimentos literários ganharam destaque no auge do Barroco, durante os séculos XVII e XVIII.
PrincipaisEscritores de cultismo e conceptismo
Cultismo:
- Luis de Góngora: É frequentemente citado como o principal representante do cultismo. Sua obra “Soledades” é um exemplo marcante desse estilo, repleta de metáforas elaboradas e vocabulário erudito. O poema “Fábula de Polifemo y Galatea” é uma das obras mais conhecidas, onde Góngora explora a mitologia clássica com uma linguagem sofisticada.
Conceptismo:
- Francisco de Quevedo: É o nome mais associado ao conceptismo. Suas obras, como “Sueños,” são notórias por sua complexidade e profundidade. Em “Sueños,” Quevedo apresenta narrativas oníricas repletas de paradoxos e críticas sociais disfarçadas de alegorias. Outra obra destacada é “La vida del Buscón llamado Don Pablos,” que é uma sátira mordaz da sociedade da época.
Obras Notáveis
Cultismo:
- “Soledades” de Góngora: Este poema é um dos marcos do cultismo, onde Góngora desafia os limites da linguagem e da estética barroca.
- “Fábula de Polifemo y Galatea” de Góngora: Nesta obra, Góngora reconta a história de Polifemo e Galatea de forma rebuscada, com metáforas deslumbrantes e vocabulário rico.
Conceptismo:
- “Sueños” de Quevedo: Nesse conjunto de narrativas oníricas, Quevedo utiliza paradoxos e trocadilhos para explorar questões filosóficas e sociais.
- “La vida del Buscón llamado Don Pablos” de Quevedo: Este é um romance picaresco que combina o humor e a crítica social, usando o conceptismo para denunciar as falhas da sociedade.
Referências Bibliográficas
- Zambrano, Graciela. Conceptismo e Cultismo: duas faces da poesia barroca. São Paulo: EDUSP, 1998.
- Arellano, Ignacio. Literatura española del Barroco. Madrid: Cátedra, 2008.
- Maravall, José Antonio. La cultura del barroco: análisis de una estructura histórica. Barcelona: Ariel, 1996.