Diferenciais, Contexto Histórico, Tendências e Gerações do Romantismo no Brasil

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Diferenciais, Contexto Histórico, Tendências e Gerações do Romantismo no Brasil

O Romantismo foi um movimento bastante amplo, abrangendo não somente a literatura, mas a cultura, filosofia e as artes em geral. Três países podem ser considerados como os berços do Romantismo: a Itália, Alemanha e Inglaterra. O movimento surgiu no final do século XVIII, ganhando o globo até o final do século XIX.

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O Romantismo foi realmente forte na França, e depois se espalhou pela Europa toda e pela América, mas na literatura ele surgiu na Alemanha com a publicação de “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Goethe, no ano de 1774. Essa obra narra a história de um jovem homem que se apaixona pela noiva do seu melhor amigo e passa a sofrer profundamente com essa situação. Como ele não consegue concretizar esse relacionamento, decide suicidar-se. Esse livro repercutiu muito na Europa e o autor foi acusado de influenciar outros jovens a tentarem o suicídio.

Os principais diferenciais do Romantismo

A principal característica do Romantismo era que a visão de mundo ia contra o racionalismo do período que o antecedeu, o neoclassicismo, que também abordava elementos como o equilíbrio, bucolismo, objetivismo, mitologia e paganismo.

O romantismo propunha novos valores, e as obras desse período tinham como característica o exagero, subjetivismo, sentimentalismo e nacionalismo. Os participantes deste movimento focavam no indivíduo, portanto os escritores escreviam muitas vezes sobre si mesmos, falando sobre dramas pessoais, tragédias românticas, ideias utópicas, desejos de escapar da realidade e escreviam muitas histórias sobre amores platônicos e impossíveis. Este estilo era bem livre e muitos dos autores criavam seu próprio vocabulário, escapando das normas tradicionais. O espírito clássico, a obediência às regras e a razão não fazem parte deste movimento.

Contexto histórico do Romantismo no Brasil

O Romantismo no Brasil surgiu em 1836, quando foi publicada a obra “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães. Nesta época, o país ainda estava muito marcado e eufórico pela sua Independência, que havia sido conquistada em 1822. Apesar de o Brasil não ter mais laços políticos com a metrópole, os intelectuais do país ainda copiavam os modelos de pensamento europeu. Com o surgimento do Romantismo no Brasil, houve a necessidade de criar uma arte e jeito de pensar que fosse romper com os padrões, e os escritores tupiniquins queriam ser independentes também de forma cultural. A obra de Gonçalves dias exaltava a Pátria e as poesias de Álvares de Azevedo e Fagundes Varela tinham um clima carregado de nostalgia. Já Castro Alves abordava temas sociais e polêmicos, escrevendo, por exemplo, sobre a escravidão.

O Romantismo no Brasil seguiu algumas tendências. Foram elas:

• Indianismo e o nacionalismo: os autores valorizam o índio e a fauna brasileira. O maior representante do romantismo indianista foi José de Alencar.

• Regionalismo ou sertanismo: abordava o homem do interior, caracterizando a região na qual ele vivia e o folclore, costume e tipo característico.

• Mal do século ou byronismo: tendência marcada pela melancolia, tristeza, sentimento de morte, pessimismo e cansaço da vida.

• Realidade política e social: abordava a abolição da escravatura, as lutas humanitárias, sentimentos liberais e o poder agrário.

• Problemas urbanos: eram abordados os problemas que surgiram com o relacionamento da indústria com o operário, além da corrupção e do materialismo.

Além das tendências que eram utilizadas nesta fase da literatura brasileira, o Romantismo no Brasil contou com três gerações. Foram elas:

1ª geração

Essa fase também foi chamada de nacionalista ou indianista, porque os escritores deste período abordavam muito os temas nacionais, falando sobre fatos históricos e a vida dos índios, que eram chamados de “bons selvagens”, e eram considerados como os símbolos culturais do país. Os autores que mais se destacaram nesta primeira geração foram Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre e Teixeira e Souza.

2ª geração

Denominada de Mal do século, Byroniana ou ainda fase ultrarromântica, os escritores desse período falavam sobre temas amorosos no nível mais elevado, e as poesias eram de um tom profundamente pessimista, pois valorizavam a morte e a tristeza, mostrando a vida e a sociedade de forma decadente. Os escritores Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire foram os destaques desta geração.

3ª Geração

Também conhecida como geração condoreira e poesia social. Os textos dessa fase tinham muita crítica social e foram inspirados em Victor Hugo, trazendo um foco político e social. O autor que mais se destacou nessa geração foi Castro Alves, que era um crítico ferrenho da escravidão, falando sobre este assunto em seu poema “Navio Negreiro”.

No Romantismo no Brasil, em vez de o herói ser o cavaleiro medieval, assim como na Europa, quem se tornou o salvador da Pátria nas histórias foi o índio, pois ele representava um antepassado legitimamente brasileiro. Rompendo definitivamente os laços com o Velho Mundo, os autores não quiseram mais os heróis europeus. Outro tema muito recorrente nas obras românticas era a exaltação da Pátria, pois os primeiros representantes do Romantismo queriam fundar uma cultura com identidade totalmente brasileira.