Estilos literários: realismo e naturalismo

Literatura,

Estilos literários: realismo e naturalismo

Os estilos literários são as características que definem um autor, ou um grupo de autores, dentro de um período histórico ou de um movimento estético. Na história da literatura brasileira, temos vários períodos estéticos que definiram diferentes estilos literários.

Dentre estes, o realismo e o naturalismo destacam-se principalmente pelas obras de seus autores continuarem a como obras de referência, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e O Mulato, de Aluísio Azevedo.

Estilos literários

Contexto histórico:

O realismo e o naturalismo surgem na segunda metade do século XIX como uma resposta ao movimento romântico.

Neste período, a Europa entra na segunda fase da Revolução Industrial, caracterizada pelo surgimento dos grandes centros industriais, a ascensão da classe burguesa e utilização de novos materiais, como o ferro e o aço, além da eletricidade.

Como conseqüência, novas teorias surgem perante este contexto social. Entre elas, destacam-se a teoria evolucionista de Darwin, o positivismo de Auguste Comte e socialismo de Marx e Engels.

No Brasil, o período é marcado pela crise na monarquia e conseqüente surgimento do partido Republicado. A abolição da escravatura trouxe também a discussão sobre a mão de obra assalariada e, consequentemente, os novos meios de produção do Brasil Império.

Assim, o cientificismo e a exaltação da lógica científica tornaram o romantismo um movimento que não tinha mais relevância dentro desta nova realidade, onde o homem racional, crítico de seu tempo, era o produto de sua época.

Realismo e naturalismo: obras inaugurais:

O realismo surge na França, em 1857, com a publicação de Madame Bovary, do autor Gustave Flaubert. Diretamente influenciado pelas ideias científicas, o livro trata a realidade de maneira seca, com detalhamento científico, sem espaço para divagações sentimentais, como seria em uma obra romântica.

No ano de 1867 é publicada, também a França, a obra Therese Raquinm de Emile Zola, marco inaugural do romance naturalista.

No Brasil, as obras que marcam o início destas escolas literárias são Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, no romance realista e O Mulato, de Aluísio Asevedo, no romance naturalista. Ambas as obras datam de 1861.

Todas estas obras opõem-se ao romantismo, no que diz respeito à idealização do homem e da sociedade, ao sentimentalismo e à imaginação. Além disto, a prosa é o estilo predileto de expressão dos escritores realistas e naturalistas.

Características do realismo:

Nas obras realistas, existe a preferência por uma visão biológica do homem, uma conseqüência direta influência da teoria evolucionista de Charles Darwin. Estas obras buscam retratar a verdade, sem espaço para divagações criativas.

Seus personagens tendem a ter características bastante conhecidas da sociedade em que a história acontece. O caráter destes é que irá determinar os futuros acontecimentos na história, dentro do contexto urbano do século XIX.

As ações dos personagens são analisadas de maneira fria e com um viés psicológico. Esta é a técnica utilizada para denunciar questões como o adultério, a cobiça, a corrupção e a inveja. A visão do autor sobre a vida é objetiva, colocando-se como um observador distante, dotado de grande senso crítico e analítico.

Nas obras realistas, a narrativa tende a ser lenta, com riqueza detalhes. Além disto, utiliza-se de uma linguagem simples, próxima da realidade da época.

O principal representante desta escola literária no Brasil foi Machado de Assis. Dentre as suas obras, destacam-se: Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.

Características do naturalismo:

O romance naturalista trabalhava com uma visão patológica do homem. O homem é entendido como um escravo de ser meio social, uma influência direta do determinismo social. Os personagens nestes romances geralmente possuem algum tipo de deficiência física, ou doença terminal ou mesmo algum tipo de demência.

No naturalismo, o feio começa a ser retratado na literatura, sob diversos aspectos: descrição detalhada de atos fisiológicos e sexuais, descrição de ambientes sujos e apodrecidos, doenças e demais temas que não eram trabalhados pela literatura.

Nestas obras, o homem é visto como um animal que luta pela sobrevivência. Assim, não existem temas proibidos para estes autores: tudo que diz respeito à luta pela vida será trabalhado nesta literatura.

Há também uma preferência a retratar personagens de classes sociais mais baixas e os ambientes em que estas pessoas vivem: cortiços, ruas de prostituição, ambientes de trabalhadores da indústria.

No Brasil, o autor que mais se destacou neste estilo literário foi Aluísio Azevedo. Suas principais obras são: O Mulato, O Cortiço, Casa de Pensão.

Outros autores:

Outros autores que se destacaram no período e suas respectivas obras foram:

– Domingos Olímpio, com a obra Luiza-Homem de 1903

– Adolfo Caminha, com a obra O Bom Crioulo, de 1893

– Raul Pompéia, com a obra O Ateneu, de 1888.

O período é encerrado com a publicação de Canaã, de Graça Aranha, no ano de 1902, que marca o início do pré-modernismo.