Literatura Fantástica
Muito se fala sobre literatura fantástica nas mídias sociais e no mercado editorial, mas pouco se sabe sobre como ela se tornou um fenômeno tão grande; tanto nos livros quanto em adaptações de todo tipo. O fantástico sempre fascinou o ser humano e o inspirou a criar. Como podemos ver, o resultado é mais do que satisfatório.
Origem e desenvolvimento
Conforme a literatura cresceu e se desenvolveu pelo mundo, a inclusão de seres mitológicos, heróis e divindades também se fez presente. Originalmente, o foco era o sagrado, movido por religiões diversas, mas com o tempo o gênero fantástico se modificou e se transformou em lendas, tradições, folclore e contos de fadas. Ele se fez presente em alguns movimentos artísticos e momentos da História, como o Classicismo com suas características épicas e líricas. Em obras medievais também é possível perceber elementos que se tornariam uma referência do estilo, como o arquétipo do herói, seres mágicos da floresta, objetos encantados e maldições, além de conexões recorrentes com elementos da natureza. Tudo o que foge ao comum e realista, que apela para o improvável e se associa a acontecimentos extraordinários pode fazer parte deste gênero.
Nos séculos XIX e XX, a literatura fantástica ganhou uma nova roupagem e começou a se dividir em subgêneros, abrangendo públicos cada vez maiores. Para começar, ela se dividiu em três categorias principais que acabaram por ganhar sua própria importância cultural: a ficção científica, o terror e a fantasia propriamente dita.
A ficção científica (ou sci-fi, em inglês) é, provavelmente, a mais expressiva das três. A base para a elaboração de uma história deste tipo é que exista uma lógica científica e/ou tecnológica para a criação ou resolução de problemas dentro do enredo. A partir daí, cria-se ainda mais subgêneros, que vão da distopia até o steampunk. As obras dessa área estão sempre desafiando as fronteiras da ciência e das certezas humanas, fazendo com que mesmo algo atualmente impossível de acontecer se torne verossímil dentro da realidade da história. A ficção científica tem alguns grandes nomes, alguns dos quais foram adaptados repetidamente até os dias de hoje. Como exemplos, temos:
- Frankenstein, ou o Moderno Prometeu, de Mary Shelley (1818);
- O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson (1886);
- Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (1932);
- Eu, Robô, de Isaac Asimov (1950);
- Neuromancer, de William Gibson (1984).
O terror, como sugere o nome, foca no medo. Originalmente, este gênero era mais conhecido como portador apenas de romances góticos, e sua entrada no leque da literatura fantástica se deu ao uso de elementos sobrenaturais para intensificar a sensação de horror nos leitores. Bruxas, demônios, fantasmas e monstros são muito utilizados nos livros deste tipo e se tornaram um grande sucesso em adaptações para o cinema nas últimas décadas. Exemplos de grandes obras de terror incluem:
- Drácula, de Bram Stoker (1897);
- Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe (1924);
- O Exorcista, de William Peter Blatty (1971);
- O Cemitério, de Stephen King (1983).
Por fim, a fantasia, corrente principal do gênero, ganha destaque com componentes também sobrenaturais, uso de magia e personagens míticos. Também é comum que se encontre nestas obras o arquétipo do herói como personagem principal. Ela, como a ficção científica, tem muitas ramificações e explodiu tanto no mundo literário quanto no cinematográfico. É aqui que entram os contos de fadas, as fantasias épicas, a ficção mítica e até mesmo os Role-Playing Games (RPG). Seguem os maiores exemplos de fantasia:
- As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis (1950 – 1956);
- O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien (1954);
- As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley (1982);
- A Guerra dos Tronos, de George R. R. Martin (1996 – atualmente);
- Harry Potter, de J. K. Rowling (1997 – 2007);
- O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss (2007).
É válido lembrar que todos os subgêneros são intercambiáveis, ou seja, uma obra pode se encaixar em mais de uma dessas categorias.
A literatura fantástica no Brasil
Não é só de estrangeirismo que vivem os gêneros literários, nem mesmo os que ganharam fama mais recentemente. Por mais que não exista muito espaço para autores brasileiros de fantasia, ficção científica e terror no mercado editorial brasileiro, isso não significa que eles não existem. Os nomes de mais destaque no cenário nacional são André Vianco, com seus vampiros e terror inteiramente brasileiros, Eduardo Spohr, com uma mistura bem balanceada entre apocalipse e religião e Raphael Draccon com o apelo de seus dragões. Além desses, temos cada vez mais autores ganhando destaque e prometendo fortalecer o gênero no mercado.
Independente da nacionalidade, da categoria ou da época, a literatura fantástica está garantida como um gênero que veio para ficar. Seu impacto na sociedade é visível, especialmente em tempos de internet e, claramente, é um fenômeno que deve ser cada vez mais estudado.