Manoel de Barros: Quem foi Manoel de Barros?
Manoel Wenceslau Leite de Barros, conhecido apenas como Manoel de Barros, foi um poeta brasileiro, nascido em Cuiabá no ano de 1916, e que pertenceu à época que corresponde como o pós-modernismo do país, mais precisamente na Geração de 45.
Manoel de Barros recebeu durante sua carreira diversos prêmios da literatura, entre eles dois prêmios Jabutis, que é considerado o mais importante prêmio literário do Brasil. Podemos dizer, que ele é o poeta contemporâneo mais aclamado do nosso país.
Vida pessoal e morte
Com apenas um ano de vida, a família de Manoel de Barros mudou-se para Corumbá. Anos depois, quando ainda era uma criança, o poeta acabou se mudando sozinho para o Campo Grande e passou boa parte da infância estudando em um colégio interno. Mais tarde, com o objetivo de complementar os estudos, mudou-se para o Rio de Janeiro e se formou em direito, no ano de 1941.
A primeira obra do poeta, não foi, ao contrário do que se pode pensar, um livro de poesia. Esta se deu quando ele tinha apenas 18 anos e havia acabado de ingressar para o grupo intitulado Juventude Comunista. Pouco tempo depois, ele pichou em uma estátua as palavras ‘Viva o Comunismo’. A polícia foi até a pensão em que o jovem morava para prendê-lo por esse ato de vandalismo, mas a dona do estabelecimento interferiu, pedindo para que não o prendessem, já que ele era um menino tão bom que até havia escrito um livro, com o título de Nossa Senhora de Minha Escuridão. O comandante dessa operação acabou se sensibilizando, e apesar de Manoel de Barros não ter sido preso, o policial resolveu levar o livro embora com ele.
O primeiro poema que o autor escreveu foi quando completou 19 anos. Este foi feito em uma tiragem de apenas 20 exemplares, feito de maneira artesanal pelos seus amigos.
Mais tarde, ele se decepciona com o Partido Comunista e rompe com o mesmo e deixou o Brasil. Passou a viver na Bolívia, no Peru e ficou por cerca de um ano em Nova Iorque, onde no Museu de Arte Moderna, fez um curso de pintura e de cinema.
Foi somente na década de 60, que Manoel de Barros resolveu voltar para Campo Grande, tornando-se criado de gado. Vale ressaltar, que apesar de levar essa nova vida, ele nunca abandonou seu verdadeiro talento e ofício: a poesia.
Durante toda a sua trajetória, Manoel de Barros escreveu diversos livros e ainda ganhou muitos prêmios no setor da literatura, mas seu trabalho só foi valorizado em âmbito nacional na década de 80. Isso porque, o autor não frequentava os meios editoriais e literários, e como ele mesmo gostava de dizer, não bajulava ninguém. Somente quando o jornalista, escritor e dramaturgo brasileiro Millôr Fernandes o descobriu.
Antes da morte de Manoel de Barros, o cantor Márcio de Camillo, deu vida a um projeto que musicava as poesias do poeta e o resultado foi o CD Crianceiras, um espetáculo que roda o país todo.
Somente depois de publicar duas de sua obra em um livro, foi que a poesia do autor assumiu as características que marcam todas as suas obras. Em 1937, Manoel de Barros publicou ‘Poemas concebidos sem pecado’, pode-se perceber a inserção dele no período conhecido como Modernismo, apesar de todo o tom autobiográfico.
Outras características bem marcantes das obras de Manoel de Barros são o uso de uma sintaxe, que acaba ampliando as possibilidades de expressão e de comunicação do léxico por meio da formação de neologismos, ou seja, de novas palavras e também do uso de um vocabulário mais coloquial e rural.
Por causa dessas características que acaba exprimindo em suas obras, Manoel acaba tendo o seu trabalhado comparado ao do escritor Guimarães Rosa. Sua forma de concepção com as relações da literatura e com o mundo empírico contribuiu para que as literaturas em línguas neolatinas fossem renovadas, já que a obra do poeta acaba apresentando a natureza como um ente a ser dominado e enfrentado pelos humanos.
Outro tema bem recorrente nas obras de Manoel de Barros, era o Pantanal. A linguagem utilizada procurava transformar em algo gustativo, olfativo, tátil, visual e auditivo, tudo aquilo que até então era abstrato, para algo muito além do paisagismo inócuo, fato que pode ser observado na obra publicada no ano de 1942, ‘A face imóvel’.
O autor defendia sua obra como parte de uma vanguarda primitiva, estabelecendo relações com o modernismo brasileiro e as vanguardas.
Manoel de Barros morreu no dia 24 de outubro do ano de 2014, aos 97 anos de idade, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Antes de sua morte, o poeta havia sido internado no Mato Grosso do Sul, na cidade de Campo Grande, para fazer uma desobstrução do intestino. Em dezembro do mesmo ano, Manoel de Barros completaria 98 anos de vida.