Memória de um Sargento de Milícias (Manuel Antônio de Almeida)
O livro “Memória de um sargento de milícias” foi publicado primeiramente como folhetins em um jornal carioca chamado Correio Mercantil, do Rio de Janeiros, nos anos de 1852 e 1853. No ano seguinte, ele foi publicado como livro e sem o nome do autor, do qual só contava “um brasileiro”. O brasileiro em questão é Manuel Antônio de Almeida. Esta é uma obra que acabou marcando o início das obras românticas de nossa literatura ao lado de “A moreninha” e também de “O filho do pescador”, de autoria de Joaquim Manuel de Macedo e Antônio Gonçalves Teixeira e Souza, respectivamente.
A obra conta com 48 capítulos de um romance urbano de costumes, que está vinculado a uma temática de esfera social e, por isso, faz críticas aos hábitos da sociedade de sua época, assim como a maioria dos romances do início do realismo brasileiro. A obra faz parte da escola romântica da literatura, mas suas características são, na verdade, um misto de elementos da escola romântica com características vistas no realismo. Isso se dá também porque o autor usa dos primeiros momentos do reinado de D. Pedro II para criar sátiras em seu romance.
Resumo de Memórias de um Sargento de Milícias
A obra Memórias de um Sargento de Milícias se passa no século XIX na cidade do Rio de Janeiro e conta a história de Leonardo, um protagonista cômico que passa por diversas situações inusitadas. O rapaz era uma criança bem levada e o começo da obra mostra o envolvimento de seu pai com uma cigana que o abandona, fazendo assim com que ele recorra a uma feiticeira tentando trazer a amada de volta. No entanto, no meio da cerimônia de feitiçaria um major invade o local e leva todos presos, já que feitiçaria era considerada crime na época. Depois de pedir ajuda a sua comadre que cobra uma dívida de um Tenente-coronel, ele é solto.
O menino é criado pelo compadre, que depois de roubar um baú de dinheiro que lhe foi confiado acaba criando Leonardo e sonhando que ele se torne padre, mas o garoto só pensa em criar problemas e acaba até mesmo jurando vingança ao padre local. A obra vai até o momento em que Leonardo se torna Sargento de Milícias, nome da obra “Memórias de um Sargento de Milícias”.
A obra mostra um protagonista que já tem traços de desvio de caráter desde pequeno e que acaba descobrindo também a libertinagem de um padre que está envolvido com uma cigana, ex-amante de seu pai. Com uma vida marcada pelo revés até mesmo quando já é jovem e se interessa, Leonardo tem a moça por quem se apaixona também disputada por um homem que se finge de amigo.
Seu padrinho acaba morrendo e Leonardo tem que ir viver com seu pai, que agora administra a fortuna de seu padrinho que sempre o criou, mas ele acaba sendo expulso de casa quando discute com a madrasta e é aí que ele se apaixona por Vidinha, amiga de seu antigo amigo de sacristia. Depois de muita confusão e de ser preso duas vezes, os policiais o obrigam a se alistar no exército, mas até lá ele acaba aprontando.
Leonardo é, portanto, a figura do caricato malandro carioca, que na época era muito popular, e sua história mostra que ele sempre encontra um modo de se livrar de suas travessuras com jogo de cintura e muita influência.
Análise da obra “Memórias de um Sargento de Milícias”
A obra “Memórias de um Sargento de Milícias” é narrada pelo personagem principal Leonardo e, mesmo que, pelo título “Memórias de um Sargento de Milícias” pareça que ele está morto, ele está vivo quando narra a história. A narração acontece em terceira pessoa e as memórias são, na verdade, um retorno ao passado do protagonista, já que tudo é contado desde sua infância.
“Memórias de um Sargento de Milícias” mostra uma inversão do romantismo convencional e por isso tem muito humor e narrativas feitas de forma bem tímida que são, na verdade, o fio condutor de toda a obra. A obra tem ainda uma característica chamada de “carnavalização”, que nada mais é do que constituir o núcleo central da obra com personagens de classes sociais baixas vistas como secundárias na sociedade.
Entre os personagens da obra estão Leonardo Pataca, D. Maria, Vidinha, Major Vidigal, Comadre, Barbeiro e Luisinha. A vida do protagonista de “Memórias de um Sargento de Milícias” se cruza com todas essas em algum momento da história e ainda são inseridos diversos personagens secundários. Outra característica que pode ser vista em “Memórias de um Sargento de Milícias” é que algumas personagens não possuem nome e são apenas usadas por suas funções sociais e que acabam assim se tornando a verdadeira representação dos setores da sociedade carioca da época e também de seus comportamentos.