Realismo Mágico
O Realismo Mágico tem seu surgimento marcado ainda no começo do século XX. Ele também é conhecido por outros nomes, como realismo maravilhoso (Espanha) ou realismo fantástico e é considerado como sendo uma diversificação própria da literatura latino-americana.
E qual seria o principal ponto, característica desse meio literal? Simples. A fusão dos universos mágicos a nossa realidade. Desse modo, mostra-se pensamentos e visões consideradas irreais ou coisas que não sejam corriqueiras ou habituais a nosso rotina. Fora essa característica (que é a principal), soma-se elementos considerados “mágicos” simplesmente por apresentarem pensamentos de forma intuitiva (que são aqueles considerados sem explicação).
Uma boa leitura para exemplificar e esclarecer o que é/foi o Realismo Mágico, é o romance “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez. Essa obra citada traz alguns personagens que ficam surpresos ao encontrarem alguns elementos fantásticos, mas acabam agindo de modo discreto, como se aqueles acontecessem de forma natural, como se fosse uma situação comum e corriqueira. Dentre algumas situações assim, criadas pelo autor, veremos: a peste do esquecimento e da insônia que aflige as pessoas; os ciganos que conseguem voltar da morte; uma mulher que consegue chegar aos céus, entre outras situações.
Dentre os escritores que trabalhavam em sua obra esses pensamentos, encontramos:
- Carlos Fuentes (do México);
- Alejo Carpentier (de Cuba);
- Gabriel García Márquez (da Colômbia);
- Mario Vargas Llosa (do Peru);
- Manuel Scorza (do Peru);
- Jorge Luis Borges (da Argentina);
- Miguel Angel Astúrias (da Guatemala);
- Arturo Uslar Pietri (Que vem da Venezuela, considerado por muitos o verdadeiro pai do realismo mágico);
- José J Veiga (do Brasil e Murilo Rubião (do Brasil).
Falando de sua historicidade, o Realismo Mágico teve seu aparecimento nos momentos de maiores turbulências da América Latina, que aconteceu justamente entre os anos 60 e 70, quando em sua grande maioria, os países estavam em meio a processos ditatoriais. O que pode fazer com que a gente conclua que ele surge como uma forma de reação, de defesa, utilizando alguns elementos mágicos como reforços de palavras contrárias a esse regime ditador. Outro aspecto importante de se lembrar é a discrepância entre a cultura da superstição que tínhamos naquela época e da cultura tecnológica que temos atualmente.
Esse realismo teve suas influências até mesmo em mercados Europeus. Isso é o que afirmam alguns críticos à obra de Ítalo Calvino, Italiano; e do tcheco Milan Kundera.
Escritores do realismo mágico
Agora que você já conhece algumas características básicas, precisa também conhecer os principais escritores dessa corrente literária:
Julio Cortázar: Prosa do Observatório, Os Reis; Final de Jogo; As Armas Secretas; Histórias de Cronópios e de Famas; Modelo para Armar; Bestiário, O Jogo da Amarelinha, Todos os Fogos o Fogo.
Murilo Rubião: Contos reunidos, O ex-mágico; Os dragões e outros contos, O pirotécnico Zacarias, A estrela vermelha; A casa do girassol vermelho; O convidado, O homem do boné cinzento e outras histórias.
Manuel Scorza: O Cavaleiro Insone, Bom dia para os defuntos; A Tumba do Relâmpago, Garabombo o Invisível.
José J. Veiga: Os melhores contos de J. J. Veiga, A Máquina Extraviada; Os Cavalinhos de Platiplanto, O Professor Burim e as Quatro Calamidades.
Gabriel García Márquez: Olhos de cão azul, Crônica de uma Morte Anunciada, Cem Anos de Solidão; Ninguém escreve ao coronel; Relato de um náufrago, O Amor nos Tempos do Cólera; Memória de minhas Putas Tristes, O General em seu Labirinto, A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada.
Jorge Luís Borges: Ficciones, El libro de los seres imaginários, El Aleph; que se bifurcan; Historia universal de la infâmia; El jardín de senderos, La muerte y la brújula.
Alejo Carpentier: O Reino Deste Mundo, A música em Cuba.
Características gerais do Realismo Mágico
Analisando todas as obras dessa escola literária, eis que uma padronização surge:
- Conteúdo de elementos mágicos que são percebidos pelos personagens com normalidade, como se fosse comum;
- Presença de situações mágicas, ditas como intuitivas, mas que não serão explicadas,
- Parte da nossa percepção de realidade deriva da sensoriedade;
- Realidade desses acontecimentos, mesmo que sejam impossíveis de acontecer ou de se explicar;
- A percepção do tempo é vista de forma cíclica, e não como acontecimentos lineares;
- O cotidiano é transformado em experiências sobrenaturais, tidas como comuns;
- Denotação de preocupação estilística;
- Tempo distorcido para que o presente se pareça com o passado, ou que o presente se repita mais uma vez;
Muito embora ele pareça ser desatento com o real, mesmo aqui vemos presenças de características do realismo épico, com o desejo de dar verossimilhança interna ao plano irreal e ao plano fantástico. Desse modo, diferenciamos essa atitude da atitude niilista, que era assumida no século XX, pela antiga vanguarda.