Resumo A imitação da Rosa

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Resumo A imitação da Rosa

“A Imitação da Rosa”, de Clarice Lispector, é um dos mais conhecidos contos da escritora, publicado em sua coletânea “Laços de Família”. Publicado originalmente em 1960, esse livro de contos continua sendo uma importantíssima obra brasileira, tendo recebido o Prêmio Jabuti de Literatura um ano depois de sua estreia, bem como diversos elogios de autores renomados como Érico Veríssimo e Fernando Sabino.

Resumo A imitação da Rosa

Todos os treze contos do livro “Laços de Família” tem como tema pessoas comuns, em sua maioria mulheres, lidando com algum tipo de epifania ou entendimento decorrente de um evento cotidiano. Essa é uma característica de Lispector, histórias especialmente reflexivas, e “A Imitação da Rosa” não foge ao estilo.

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O conto

Para começar um resumo sobre “A Imitação da Rosa” é preciso apresentar Laura, a protagonista dessas páginas. Laura vive uma vida submissa, sempre atendendo aos desejos do marido, Armando. Como não tem filhos, há uma constante e pacata rotina em suas vidas, pontilhada apenas pelos dias em que eles se encontram com um casal de amigos, Carlota e João. Durante os jantares regulares, Laura e Carlota conversariam sobre assuntos femininos ou caseiros, enquanto os maridos falariam sobre as últimas notícias.

Em um desses dias, Laura se preparava para o encontro, quando entrou em uma espiral de reflexões próprias e silenciosas. Ao passo em que pensava no que iria vestir, no banho que iria tomar e em como estaria pronta quando Armando chegasse, também se distraía com os próprios pensamentos. Foi tomar um copo de leite antes de prosseguir com sua rotina e acabou se perdendo ainda mais na própria mente.

Em seus devaneios, vamos aos poucos descobrindo alguns pontos sobre a vida de Laura e sua relação com outras personagens. Certos aspectos vão sendo apresentados e revelados aos poucos. Em primeiro lugar, fica claro que Laura retornou de algum lugar, algum tipo de internação, a julgar por suas lembranças de enfermeiras e de Armando a visitando. O encontro com Carlota e João será o primeiro depois desse tempo fora e ela quer manter-se passiva e obediente para garantir a todos que está ‘bem’. Por falar nisso, Carlota é outro tema recorrente na cabeça de Laura; a amiga parece existir para contrastar com a protagonista. Carlota é ativa, impulsiva e de uma independência formidável. Por esse motivo, Laura constantemente imagina que a amiga a julga tediosa e ordeira por cada ação sua, cada roupa e fala. Ao mesmo tempo, Laura usa adjetivos como ‘original’ e até ‘um pouco estranha’ para se referir à amiga.

Ao mesmo tempo, Laura também repete mentalmente o quanto gosta da rotina. Ela pensa no quanto sentiu saudade de se sentir cansada, de realizar afazeres domésticos e agradar ao marido e ficar exausta com isso tudo, quase como se o cansaço fosse o único tipo de paz que ela consegue ter.

Então, quebrando a ordem de pensamentos, Laura passa por uma pequena epifania ao observar as rosas que havia comprado na feira, repousando em uma jarra na sala. Ficou admirada com a extrema beleza das flores e, num ímpeto, decidiu que queria oferecer as rosas a Carlota. Isso resultaria em uma surpresa geral, tanto por parte da amiga quanto por parte do marido, já que nenhum deles está acostumado a uma Laura impulsiva.

Laura chegou a chamar a empregada da casa, Maria, para que ela passasse na casa da Carlota e entregasse as rosas. Porém, com as flores na mão, ela hesitou. Talvez devesse ficar com as rosas, afinal. Seguiu-se então um longo debate interno em que Laura não conseguia decidir se manteria as rosas ou não, culminando na empregada coletando, por fim, o ramo e saindo com ele para entregá-lo a Carlota.

Laura entrou em certo estado de paralisação ao perceber que suas rosas não eram mais suas, mas não exatamente triste. Com todo o tempo que levou em seus devaneios, acabou não percebendo que já estava na hora de Armando chegar. O marido entrou e encontrou a esposa ainda não pronta, recostada de forma tranquila e se desculpando por não ter se conseguido impedir ficar alerta, curiosa – tudo que ela reafirmava não ser.

O mais interessante em “A Imitação da Rosa” é a ideia transmitida de que Laura deve manter-se ocupada com seus trabalhos domésticos e encontrar tranquilidade na rotina, para que não volte a ser iluminada, independente e, como descreveu, ‘super-humana’. O porquê ela esteve internada é um enigma, mas fica subentendido que foi justamente por esses pontos e que, no final do conto, Laura se desculpa pelas rosas terem trazido de volta tudo isso nela.

A autora

Clarice Lispector, considerada uma das maiores escritoras do Brasil do século XX, nasceu na Ucrânia em 1920 e foi naturalizada brasileira aos 12 anos. “Laços de Família” está entre seus últimos livros publicados.