Resumo do Livro O Crime do Padre Amaro

Literatura,

Resumo do Livro O Crime do Padre Amaro

Este é o romance de estreia do escritor português Eça de Queirós e foi publicado no ano de 1875. Em contraposição aos autores românticos, que abusavam da subjetividade, os escritores como Queirós se dedicavam ao realismo e ao naturalismo, retratando a realidade de maneira prática e objetiva. A época da escrita e lançamento do livro foi marcada por inúmeras transformações sociais, que tiveram início na Revolução Industrial. Essas mudanças influenciaram os autores e pensadores da época, que passaram a tentar compreender e a descrever as relações entre as novas classes que surgiram, principalmente a burguesia e o proletariado.

Com um pensamento mais materialista e racionalista, essa nova geração de autores se dedica à explicar, de maneira crítica, essas novas relações que se estabeleceram, não poupando as tradicionais instituições como a Igreja, o Estado e a Família. Eça de Queirós, influenciado por Emile Zola e Gustave Flaubert e que vive os efeitos desse novos tempos, sob a ótica dos jovens que ansiavam por mudanças mais bruscas já que seu país de origem, Portugal, não acompanhava o desenvolvimento dos demais países da Europa. Suas obras tem como alvo a burguesia de Portugal e principalmente a corrupção e a hipocrisia do clero.

O Crime do Padre Amaro

O Crime do Padre Amaro: Resumo do livro

O jovem padre Amaro Vieira é transferido para a cidade de Leiria logo após o falecimento do pároco José Miguéis e à conselho de seu mestre da moral, o cônego Dias, instala-se na residência de uma moradora da cidade, Dona Joaneira. A anfitriã é muito bem relacionada com o clero e promove com frequência encontros noturnos, que além de discutir sobre a fé cristã, oferecem ainda jantares, jogos e música. Em um desses encontros, o padre Amaro se encanta por uma jovem belíssima de nome Amélia, que retribui os olhares que o padre lhe dedica. A jovem é noiva de João Eduardo, o qual fica enciumado com o flerte de ambos.

Usando a figura do narrador para voltar no tempo, o autor explica que o jovem Amaro, que fora criado por uma tia muito devota, foi à contragosto para o seminário aos 15 anos, apenas para satisfazer a vontade daquela que o abrigara. Amaro não compartilhava dessa vontade e queria, na verdade, estar com uma mulher. Criado numa casa repleta de imagens de santos, chegava mesmo a comparar a estátua de Nossa Senhora com uma mulher de carne e osso. Sem coragem para contrariar a tia, acaba sendo ordenado padre e na sua cidade nova, Leiria, celebra as missas e os demais ritos religiosos apenas por obrigação, já que todos os seus pensamentos e desejos estavam na jovem Amélia.

Ardendo em paixão padre Amaro, num gesto ousado, beija o pescoço de Amélia, que assustada, foge. Ele, com temor de que seja descoberto pelo ato e que se envolva ainda mais com a moça, deixa a casa de D. Joaneira. Cismado com a frequência das visitas do padre, João Eduardo, o noivo de Amélia, escreve um comunicado com o sugestivo título de “Os modernos Fariseus”, que além de diversas acusações genéricas contra o clero, cita nominalmente o padre Amaro, relatando que ele teria alguma relação com uma donzela inexperiente. O comunicado acaba tendo, no entanto, o efeito contrário que João Eduardo esperava: o pároco aconselha Amélia a desfazer o noivado, pois o noivo não se mostrava digno de casar-se com ela. Além disso, o jovem ciumento acaba por perder o emprego e no auge de sua revolta, agride o padre Amaro.

O crime do Padre Amaro: paixão e tragédia

Sem o noivo ciumento por perto, Amaro volta a frequentar a casa de Dona Joaneira e se reaproxima de Amélia. O desejo é inevitável, e na volta de uma visita à casa do cônego, que se encontrava adoentado, os dois se entregam à paixão e consumam o ato carnal na primeira de várias noites de amor. A criada Dionísia, logo percebe o romance dos dois e aconselha que os encontros não sejam na casa do padre e sim na casa do sineiro, Tio Esguelhas. Amaro a convence dizendo que a jovem gostaria de se tornar freira e que ele precisava de um local para ajudá-la. Ela, em contrapartida, dizia à família que iria ajudar o pequeno Totó na lição religiosa.

Sem que ninguém desconfie, pois ambos tem bons álibis, eles passam a se encontrar diversas vezes por semana. Embora se sinta culpada, Amélia não rejeita o padre e acaba engravidando. Para tentar contornar a situação, o cônego sugere que ela retome o noivado e se case com João Eduardo, porém esse havia deixado Portugal rumo ao Brasil. Resolveram então esconder Amélia até o parto e quando a criança nascesse, Amaro entregaria à uma família de má fama. A criança morre e Amélia, que não suporta a dor da perda, acaba morrendo também. Desorientado, padre Amaro deixa a cidade e muito tempo depois, ao encontrar com Cônego Dias, percebem que o remorso pelo acontecido havia sido superado, afinal, tudo passa.