Resumo O Moço do Saxofone

Literatura,

Resumo O Moço do Saxofone

O conto O Moço do Saxofone faz parte do livro Antes do Baile Verde, da autora Lygia Fagundes Telles, lançado em 1970 no Rio de Janeiro e reeditado no primeiro semestre de 2009 pela editora Companhia das Letras. O texto foi escrito por Lygia em uma máquina Remington, em 1966, quando estava hospedada em um quarto de hotel na cidade de Águas de São Pedro, interior de São Paulo, passando férias com seu segundo marido, o crítico de cinema Paulo Emílio.

Resumo O Moço do Saxofone

O estilo do texto é introspectivo e traz vários fatos que não parecem ter relação alguma com a história. Traz ainda um jogo de vozes que envolvem o protagonista e os outros personagens. A pensão da narrativa foi inspirada em uma pensão em que a própria autora morou.

O conto tem um enredo aparentemente simples e narra uma história sob a perspectiva de um caminhoneiro que ganhava muito dinheiro fazendo contrabando. Um dia, ele acaba em uma pensão decadente, aonde observa a má qualidade da comida servida e se irrita com alguns anões – a trupe se enroscava pelas pernas das pessoas. Mas o que mais lhe incomodava era uma insistente música tocada num saxofone, que lhe parecia extremamente triste, ainda que fossem bem tocada e ele gostasse de música.

Durante a refeição, engrena uma conversa com James, um engolidor de giletes que era seu companheiro de mesa nos dias em que esteve na pensão, e descobre que o instrumento era tocado por um homem que ficava no quarto logo acima.

Esse moço do saxofone era casado, mas James conta que sua esposa o enganava, dormindo com vários homens enquanto o músico passava os dias trancados em seu quarto tocando, sem sair sequer para fazer as refeições. Conta ainda que os dois dormem em quartos separados e que o moço tocava em um bar, por isso só voltava de madrugada.

O som do saxofone é tão angustiante para o protagonista que o faz lembrar o dia em que socorreu uma mulher em trabalho de parto na estrada. Ele ouve o instrumento tocar “de um jeito abafado” e “como uma boca querendo gritar” e isso lhe traz lembranças da grávida abafando seus gritos na lona do caminhão. “Parece gente pedindo socorro”, diz ele.

Quando o caminhoneiro já estava indo embora, surge a mulher do saxofonista para fazer sua refeição. Ela esbarra nele e ele percebe, sem precisar perguntar a ninguém, quem era ela. Observa sua aparência, seu jeito de andar, o vestido vermelho que usava. Olhando-a comer sozinha em uma mesa, ele questiona a dona da pensão sobre o horário do jantar.

O moço do saxofone

Ele volta no mesmo dia no horário indicado. O engolidor de giletes já estava comendo, junto com um dos anões e um senhor. Enquanto a mulher misteriosa não aparecia, se entreteve comendo pastéis e ouvindo James. Até que ela entrou pela porta acompanhada de um homem de bigode e juntos subiram as escadas. Ele percebe que o saxofone voltou a tocar.

O protagonista puxa assunto sobre o músico com James novamente. Mais uma vez, a música o faz recordar os gritos da grávida pedindo ajuda. Os dois conversam, inconformados com a situação do traído. A música aumenta, ao mesmo tempo em que a mulher e seu acompanhante devem estar no ápice, pensa ele.

A música para e, em seguida, ela reaparece, agora usando um vestido amarelo, o homem de bigode vem atrás abotoando o paletó e se despede. É aí que o caminhoneiro percebe que no momento em que a mulher chega com algum sujeito, o saxofonista começa a tocar e só para quando ela fica sozinha novamente.

Ele tem uma breve interação com a mulher e marca de voltar na noite seguinte para encontrá-la. Entretanto, ao retornar acaba entrando no quarto errado e dá de cara com o moço do saxofone, segurando seu instrumento contra o peito. Ele mesmo informa que a esposa está na porta seguinte.

A imobilidade e a falta de reação do saxofonista traído incomodam profundamente o caminhoneiro, que resolve questioná-lo sobre o motivo de aguentar tudo aquilo sem fazer nada. A resposta do músico é um simples “eu toco saxofone”. O motorista se dirige para o quarto ao lado, mas hesita momentaneamente. É quando ouve os lamentos do saxofone recomeçarem. O som acaba com sua excitação e ele vai embora correndo.

A autora

Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923, em São Paulo. Começou a escrever e publicar histórias de ficção quando ainda era aluna do curso de Direito na USP, mas considera o livro Ciranda de Pedra (1954) como o início de sua obra adulta. Publicou romances, contos e crônicas. Seus livros falam de temas universais, como amor, medo, paixão, morte e loucura. Em 1985 tornou-se imortal da Academia Brasileira de Letras.