Dicas da língua: pressupostos ortográficos

Português,

Dicas da língua: pressupostos ortográficos

Estudar a língua portuguesa é mergulhar em um universo à parte. Apesar da complexidade das nossas regras gramaticais, se comparadas a alguns outros idiomas (há outros mais complexos também, é claro), nada é mais prazeroso do que conhecer a fundo a língua que se fala. E não é só a linguagem falada que devemos dominar, a linguagem escrita, também chamada norma culta é muito importante também, talvez até mais, afinal, o que se escreve fica registrado. E quando pensamos na diferença entre linguagem falada e linguagem escrita, impossível não lembrarmos dos chamados pressupostos ortográficos. Nossa língua possui regras para a formação de plural, por exemplo, mas existem alguns plurais que ficariam bem estranhos se seguissem esse mecanismo. E a cada vez que os pressupostos ortográficos dão o ar da graça, ficamos na dúvida. Quer ver?

Dicas da língua: pressupostos ortográficos

  • Gravidez – Para quem teve uma só, não há problema. Mas e para quem já engravidou duas vezes, como fica o plural? Embora raramente se ouça alguém falar assim, vale a mesma regra que acabamos de usar para formar o plural de vez. Palavras terminadas em –z pedem o acréscimo de –es quando passam para o plural. Portanto, se você tem mais de um filho, devemos informar que você teve duas gravidezes.
  • Projétil – É normal que surja a dúvida com essa palavra, será que o correto é projéteis ou projetis? Trata-se de mais um dos pressupostos ortográficos. Para isso, novamente é só seguir as regras gramaticais. Palavras paroxítonas terminadas em –il, devem ter essa terminação substituída por –eis quando passam para o plural. Logo, o plural de projétil é projéteis.

E as palavras derivadas de ouros idiomas, como ficam?

Pressupostos semânticos tendem a funcionar um pouco diferente em palavras derivadas de outros idiomas. Para você entender melhor, seguem alguns exemplos:

  • Hambúrguer – Há alguns anos, existia até um comercial do McDonald’s onde se questionava o plural desta palavra. Quantas vezes você não preferiu pedir um Big Mac porque ele vem com dois hambúrgueres? Se você estivesse nos Estados Unidos ou em qualquer país cuja língua oficial é o inglês, não haveria nenhum problema nisso. Porém, a palavra já foi aportuguesada e incluída em nosso dicionário, portanto, resiste à tentação e siga as regras gramaticais do português. Palavras terminadas em –r recebem –es quando passadas para o plural. Portanto, no próximo mês que sua mãe for ao supermercado, você pode pedir a ela para trazer alguns hambúrgueres, ela ficará orgulhosa do seu aproveitamento às aulas de português e até trará o que você pediu!
  • Gol – Essa palavra deriva do inglês goal e não segue o padrão das demais de igual terminação. Imagine se você fosse coloca-la no plural como gois (parece até sobrenome). Goles então, nem se fala. Poderia até fazer sucesso com quem curte assistir ao jogo de futebol em um boteco, mas não está nada condizente com a norma culta da nossa língua. Neste caso, assim como pode acontecer em outros de palavras derivadas de outros idiomas, trata-se de uma exceção: o plural de gol é gols! Portanto, quando você for contar aos seus filhos sobre maior vexame futebolístico do nosso país na copa de 2014, diga a eles que tomamos 7 gols da Alemanha.
  • Blitz – E por falar em Alemanha, está aí um termo que prova que quando falamos em palavras derivadas de outros idiomas, não é só ao inglês que nos referimos. A palavra alemã blitz também foi aportuguesada e, portanto deve seguir as normas gramaticais ditadas pelo português. Dessa forma, para terminações em –z, acrescenta-se –es ao final da palavra. Portanto, quando alguém te perguntar por que você não toma “nem uma cervejinha” quando está dirigindo, você pode dizer que fica receoso, uma vez que já foi parado em várias blitzes.

Não é só o plural

E não é só o plural que entra na lista dos pressupostos ortográficos. A grafia de algumas palavras pode deixar muitas dúvidas:

  • Expectador ou Espectador: Na dúvida sobre qual usar, pense que, caso vocês esteja em uma plateia, você é um espectador. Mas se estiver na expectativa de que algo aconteça, a qualidade que lhe é atribuída deve seguir as mesmas raízes de palavra. Nessa ocasião, você se torna um expectador.

Há também alguns casos de regência verbal que se enquadram na lista de pressupostos ortográficos. Exemplos disso é quando usamos “pedir para” ou “pedir para que”. O pedir para é seguido de um verbo, uma ação que a própria pessoa irá realizar. “Pedi ao professor para ir ao banheiro.”. Já o pedir para que venha seguido por uma ação realizada pela outra pessoa. “Pedi para que o professor me deixasse ir ao banheiro.” Percebeu a diferença?

É importante ter em mente que existem muitos casos semelhantes em nossa língua, e sempre que surgir uma dúvida, “pedir para que” o seu professor a esclareça. Essa é a melhor forma de aprender.