Formas verbais ligadas por hífen – marcas relevantes

Português,

Formas verbais ligadas por hífen – marcas relevantes

A língua portuguesa é rica em significados e repleta de substantivos, adjetivos e tempos verbais que dão sentido relevante às orações. Diante de tanta pluralidade, é preciso conhecer muito bem as regras para manter a língua oral e escrita em perfeita concordância com as normas gramaticais.

Um dos casos que traz dúvidas no dia a dia é a colocação do hífen e das formas verbais onde ele deve ser utilizado. Como nem todos os verbos que vem anterior ao hífen e ao pronome são acentuados, é imprescindível entender onde e quando o acento deve ser inserido.Formas verbais ligadas por hífen – marcas relevantes

Hífen, o Tempo e a Forma Verbal

O hífen pode ser usado em todas as formas verbais, desde que com a colocação pronominal correta. Em geral, uma oração possui sujeito verbo objeto direto ou indireto verbo predicativo. Chama-se de colocação pronominal quando o sujeito é substituído por um pronome oblíquo átono, e ela se divide em próclise, mesóclise e ênclise.

A próclise é a mais utilizada e a que possui mais regras a serem observadas. Ela coloca o pronome antes do verbo e não usa hífen. É usada quando há palavras negativas anteriores ao verbo, em conjunções subordinativas, advérbios, pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos, frases interrogativas, exclamativas ou opinativas, verbo no gerúndio antecedido de em e com formas verbais proparoxítonas.

Ex.: Ninguém se defendeu.

Quando se trata de fofoca, é a primeira a ouvir.

Sempre me dediquei a culinária.

A pessoa que me procurou era sua amiga.

Quanto me cobrará pelo anúncio?

Deus te abençoe, meu filho!

Em se tratando de timidez, ela é perfeita.

Nós o censurávamos.

A mesóclise utiliza hífen para separar o verbo no futuro do presente ou do pretérito, com a inclusão de um pronome oblíquo no meio. É a menos coloquial e poucas vezes é utilizada.

Ex.: Convidar-me-ão para o banquete.

Já a ênclise é quando o pronome fica após o verbo e há um hífen para dividi-lo. Ela sempre é usada em verbos no infinitivo, começo de frases, imperativo afirmativo, no gerúndio e no infinitivo impessoal. Ela nunca é usada depois de verbos no futuro ou particípio.

Ex.: Entregar-lhe a nota

Não posso recebê-lo.

Crianças, calem-se.

Saiu deixando-nos por instantes.

Tinha nos entregado.

O Hífen e a Acentuação

Outra dúvida pertinente quanto à utilização do hífen junto as formas verbais é sobre a acentuação e o porquê de algumas terminarem com acentuação no verbo e outras não.

Ex.: Puni-lo

Trazê-lo

Para esclarecer essa questão basta separar as silabas do verbo do exemplo acima: “tra-zê” e “pu-ni”. Ambas têm a sílaba tônica no final e são oxítonas. A regra de acentuação desse tipo de sílaba tônica dita que todas as terminadas em a, e, o e em, com ou sem s, são acentuadas. Por esse motivo o verbo com pronome “trazê-lo” foi acentuado, e “puni-lo” não, pois não se encaixa nos casos de acentuação.

Porém, verbos como concluir tem acentuação na sílaba oxítona ao ser feita a ênclise, mesmo terminando em i, como “concluí-lo”. Na verdade, esse verbo é um hiato e, segundo o novo acordo ortográfico, todos os hiatos que não são antecedidos de ditongos são acentuados.

Ex.: ruína e saúde.

Logo, o verbo “concluir” nessa colocação verbal é um hiato e deve ser acentuado.

Outros exemplos de acentuação:

Adorá-lo, pô-las, compô-la, detê-lo, habitá-la-iam, curvá-lo, procurá-lo, amá-la-ei, distribuí-lo, incluí-las, extingui-lo, dissuadi-lo.

Quando usar o hífen

Desde a infância o hífen é apresentado na alfabetização para separar as sílabas das palavras. Com o desenvolvimento escolar ele vai aparecendo em outras situações e causando dúvidas na sua utilização.

O hífen é inserido em verbos, compostos, locuções e sequência de palavras. Sua utilização entre o verbo e o pronome não foi alterada no Novo Acordo Ortográfico e permanece com os mesmos procedimentos. Ele liga os pronomes oblíquos aos verbos que ele se relaciona, como no exemplo abaixo:

Ofereceram-me a vaga de diretor.

Levá-la-ei daqui.

Também é empregado em palavras compostas sem preposições que fazem a ligação. E quando o primeiro termo é verbo, substantivo, adjetivo ou numeral.

Ex.: amor-perfeito, norte-americano.

Usa-se o hífen quando a primeira palavra é numeral.

Ex.: Primeiro-Ministro.

Em compostos homogêneos, quando há a mesma qualidade de palavras como substantivo substantivo, adjetivo adjetivo ou verbo verbo.

Ex.: corre-corre, técnico-científico, blá-blá-blá, tique-taque.

Usa-se o hífen em elementos que estejam ligados por artigos, para designar espécies botânicas e zoológicas, assim como os advérbios além, aquém, recém e sem.

Ex.: Baía de Todos-os-santos.

Couve-flor.

Louva-a-deus

Recém-nascido

O hífen não deve ser empregado nas locuções a não ser as que já fazem parte do vocábulo brasileiro, como “arco-da-velha”, “água-de-colônia”, “cor-de-rosa”, “mais-que-perfeito”, “pé-de-meia”, “à queima-roupa” e “ao deus-dará”.

Ex.: café com leite e fim de semana.

O hífen também é colocado entre adjetivos pátrios como “afro-americano” e “anglo-saxão”.

Com a palavra “mal”, o hífen é utilizado apenas quando a segunda palavra é iniciada com vogal, H ou L, como “mal-afortunado”, “mal-humorado”. As outras letras não recebem o hífen, como “malcriado” e “malvisto”.