É proibido ou é proibida?

Gramática, Português,

É proibido ou é proibida?

Antes de começar este artigo, vamos iniciar com uma indagação que facilmente pode passar na cabeça de um indivíduo que repara nas situações mais frequentes em nosso dia a dia.

Para fazer um exame de sangue, ele entra no posto de saúde e logo repara na placa na entrada, onde está escrito: “É proibido a entrada de crianças sem acompanhante nos consultórios”. Ok, você já não é mais criança, porém algo lhe chamou a atenção naquela frase: “é proibido a”.

Passada essa situação do dia a dia, mais tarde você vai para a faculdade e logo na portaria está lá o aviso: “É proibida a entrada de animais de estimação”.

É proibido

E agora? As duas frases são extremamente parecidas, porém, com uma diferença realmente capaz de causar dúvidas em nossa cabeça – e, principalmente, na dos jovens. A maneira certa de escrever essa frase seria é proibido ou proibida?

A confusão realmente é constante e não se preocupe: você certamente está longe de ser o único falante da língua portuguesa com essa dúvida acerca das regras gramaticais do nosso idioma.

É proibido ou é proibida?

As frases deste tipo estão presentes nas escolas, nas universidades, nos escritórios e nos mais variados tipos de comércio.
Vamos começar tirando as dúvidas da seguinte frase:

• É proibida entrada

Essa frase está errada. O principal problema desta construção está relacionado com o uso do verbo de ligação, que no caso, pode ser o estar, ser, ficar, parecer e outros.

Sendo assim, tanto o verbo como o próprio predicativo do sujeito devem continuar em sua forma masculina e no singular em uma frase como esta, o que caracteriza o “proibida” estar errado (já que se apresenta como uma palavra feminina). Sendo assim, caso tenha um elemento modificador presente na frase, ambos deveriam ser mudados para concordar com esse modificador.

Desta forma, é certo afirmar que a frase acima apresentada está com erros de ligação.

• É proibida a entrada/ É proibido entrada

Agora sim. Ambas as frases estão certas e inclusive podemos dar mais exemplos de construções de frases que podem originar essa mesma dúvida, mas que também são aqui apresentadas em seu formato correto.

Alguns destes exemplos são:

1. É necessário força de vontade /// A força de vontade é necessária.

2. Está proibido manifestações de carinho /// Estão proibidas as manifestações de carinho.

3. Batata doce é bom /// Esta batata doce está boa.

O cuidado com a generalização

Vamos considerar um exemplo bem simples para indagar essa questão na cabeça dos alunos e universitários:

• “Cerveja é bom”

• “Esta cerveja é boa”.

Quando generalizamos, como ocorre no primeiro item, não estamos determinando algo em específico, ou seja, não estamos realizando qualquer tipo de concordância com aquele verbo em questão.

Dessa forma, o masculino é utilizado como um valor genérico, ou seja, o único capaz de possibilitar um entendimento com valor neutro.

Neste caso, outros exemplos seriam:

• “É bom salada /// Salada é bom”.

• “É proibido entrada // entrada é proibido”.

• “Não é permitido entrada // Entrada não é permitido”.

Conseguem compreender a diferença?

Quando não existe na frase em questão um artigo ou qualquer preposição, como é o caso da palavra “entrada”, no último exemplo, ou nenhum tipo de determinante, o particípio determinante de tais verbos (no caso, “permitir”) deve manter-se no gênero masculino.

Porém, vamos imaginar que a frase tenha algum tipo de determinante que, geralmente, já fica explícito no início da frase. Neste caso, o verbo tem como obrigação combinar com a palavra em questão – e o gênero da mesma. É o que também podemos notar no exemplo citado acima.

Sendo assim, quando vamos nos referir, por exemplo, à proibição de algo ou alguém em um determinado espaço, devemos afirmar que esses quatro tipos de construções são apresentadas como corretas, sendo elas:

• Com o verbo permitir

1. Não é permitida a entrada de pessoas menores de 18 anos neste estabelecimento.

2. Não é permitido entrada de pessoas menores de 18 anos neste estabelecimento.

Neste caso, o primeiro exemplo faz com que o verbo “case” com o determinante feminino, concordando então com o termo ‘entrada’.

Já no segundo, o termo está generalizado e a falta de determinação permite que a concordância não seja realizada, utilizando o masculino como um valor neutro.

Sendo assim, da próxima vez que você encontrar essas frases nas entradas de barzinhos ou baladas, por exemplo, vai compreender que ambas estão corretas.

• Com o verbo proibir

1. É proibida a compra de bebidas alcoólicas pelos menores de 18 anos.

2. É proibido compra de bebidas alcoólicas pelos menores de 18 anos.

Consegue compreender com mais clareza a diferença entre as duas construções? Neste exemplo, repete-se o mesmo ocorrido no primeiro exemplo que destacamos, porém, com outro verbo para facilitar ainda mais o entendimento do estudante ou vestibulando. Crie os seus próprios exemplos e boa sorte!