Emprego da Crase: Considerações e Dicas
A Crase na Língua Portuguesa
Fusão. Esta é a palavra que melhor define o contexto da crase, elemento tão utilizado na língua portuguesa. Quando ocorre o que costumamos chamar de “fusão de duas vogais idênticas”, observamos a utilização correta da crase. No dicionário grego, inclusive, a palavra crase deriva da palavra fusão, corroborando o sentido e o objetivo deste elemento.
Na língua portuguesa, a união do artigo “a” com a preposição “a” resulta no que definimos de “a” craseado, identificado pelo acento grave. Graficamente e de maneira simplificada, a crase é representada pelo uso do acento grave. Ou seja, o artigo “a” quando somado à preposição “a” resulta em “à”, marcado com o acento grave que alerta sobre a fusão.
Outro caso em que costumeiramente observamos o emprego da crase é quando há a junção entre a preposição “a” e os pronomes demonstrativos femininos “a” e “as”. Também visualizamos o uso da crase em determinados “a” de aquele, aquilo, a qual etc.
Em todos esses cenários, utiliza-se o traço invertido sobre a vogal, configurando o “à”.
O uso apropriado da crase, no entanto, demanda uma série de raciocínios lógicos, compreensão básica e domínio da língua. É preciso estar atento a todo momento para que não haja armadilhas na futura colocação – ou não – de uma crase.
Portanto, o emprego correto da crase depende de vários fatores, que precisam ser vistos e revistos por quem esteja envolvido nessa situação. A primeira regra é compreender o contexto absoluto entre a fusão das duas vogais. Dominar, de forma absoluta, a regência dos verbos e de nomes que exijam a preposição “a” é outra atividade praticamente obrigatória nesse sentido.
Por fim, é absolutamente necessário tentar compreender, verificar e observar a ocorrência, disposta de forma simultânea, de uma preposição, um pronome ou mesmo um artigo, dentro do contexto de uma oração.
Exemplos Práticos de Uso da Crase
Confira, abaixo, um exemplo básico que ilustra todo esse raciocínio:
- Vou a a escola = Vou à escola.
Na situação descrita acima, temos a predominância da preposição “a”, acompanhada do verbo ir, além da ocorrência do artigo “a”, que tem por objetivo descrever o substantivo feminino “escola”. Observe que houve o que chamamos de fusão de duas vogais, como alertado no início desse texto.
Quando há esse encontro (fusão), e essas vogais se unem, de forma automática, faz-se necessário o emprego da crase, indicada na segunda parte do exemplo.
Confira outro exemplo abaixo:
- Conheço a estagiária.
- Refiro-me à estagiária.
São duas orações distintas e, como pode ser observado, apenas uma demanda a utilização da crase. Entenda o motivo.
Na primeira oração, o verbo (“conheço”, neste caso) é transitivo direto. Ou seja, conheço algo ou alguém. Logo, fica constatado que não há nenhum tipo de preposição, o que dispensa o emprego da crase.
Na segunda oração, o verbo “referir” é transitivo indireto. Ou seja, deve-se referir a algo ou alguém. Portanto, a preposição “a” é exigida nesse contexto. Logo, o emprego da crase é permitido no complemento da oração desde que o termo que venha em sequência seja feminino (“estagiária”) e admita o artigo feminino “a”.
Considerações Acerca da Utilização da Crase
Caracterizada como a união de duas vogais idênticas, a crase é uma particularidade gramatical de suma importância na língua portuguesa. Esse fator é verificado pela maciça utilização do elemento em textos de diversos tipos no cenário linguístico do país.
Acerca dessa constatação, podemos atestar que, diante de toda essa importância, é possível observar determinados aspectos que funcionam de maneira paralela a essa situação. Ou seja, a correta utilização da crase, atividade obrigatória em diversas ocasiões, denota uma competência linguística admirável por parte de quem esteja com a palavra, o teclado ou a caneta em mãos.
A competência linguística, descrita no parágrafo anterior, está ligada a uma série de ações que norteiam o repertório de cada pessoa acerca da língua portuguesa. O uso correto da crase é apenas mais uma das atividades associadas ao conhecimento de cada pessoa, neste caso específico, ligado principalmente aos conceitos de regência verbal e regência nominal, observando as regras impostas sobre o termo regente e o termo regido.
Dicas Importantes sobre o Uso da Crase
- Para saber se a crase é exigida em determinada oração, substitua a palavra feminina por outra de cunho masculino. Se a forma “ao” for cabível, é sinal de que há crase.
- Casos em que sempre há crase: “às quatro horas da tarde”, “à noite”, “à esquerda”, “à medida”, “à maneira de”.
- Conjunto de 3 regras: só há crase diante de palavra feminina, quando esta admitir artigo e depender de palavra que demande preposição.
- Emprego facultativo da crase: Antes de nomes próprios (de cunho feminino), após a preposição “até” e antes de pronomes possessivos, também de cunho feminino.
Atualizações do Acordo Ortográfico
- Mudança 1: “a preposição a resulta-se em” foi atualizado para “a preposição ‘a’ resulta em”.
- Mudança 2: “de forma automaticamente” foi atualizado para “de forma automática”.
- Mudança 3: “quando há este encontro” foi atualizado para “quando há esse encontro”.Fonte: Acordo ortográfico