Ácido Fluorantimônico
O ácido fluorantimônico, que é representado através de sua fórmula molecular HSbF6, pode não ser conhecido da maioria das pessoas, mas ostenta um título grandioso: o ácido mais potente encontrado no nosso planeta pela Química Moderna. Através da reação exotérmica entre fluoreto de hidrogênio e antimônio pentafluoretado – ou seja, a junção dos compostos tem a origem do seu nome – essa substância é altamente corrosiva.
Com uma acidez superior a mil vezes a do ácido sulfúrico puro, o ácido fluorantimônico possui algumas características peculiares até para os próprios profissionais químicos: não é inflamável, reagindo com quase todos os solventes orgânicos, decompondo-se rapidamente e causando explosões quando solúvel em água – em estado de ebulição ele também é decomposto. Sua forma de base pode ser relacionada a um xarope incolor.
Mas, como a Química chegou a definir esse como sendo o ácido mais forte do mundo? Através da conceituação de ‘superácidos’: qualquer componente que supere em 100% o ácido sulfúrico se enquadra nessa categoria. Para entender bem o que é, quais as propriedades e o que representa o ácido fluorantimônico, trazemos um resumo sobre o componente.
O ácido mais forte do mundo
O primeiro passo para entendermos como funciona a classificação da ‘potência’ de acidez de um componente, é compreendermos quais são suas propriedades físico-químicas: quanto mais íons do tipo H conter um ácido, mais reagente ele será quando interpelado a outras substâncias. Em relação ao sulfúrico, o ácido fluorantimônico possui uma ordem abstrata de íons 20 quintilhões de vezes a mais, comparado ao ‘rival’.
Para se ter uma ideia de como essa substância é potente, ela ultrapassa qualquer escala convencional de pH – conhecida como a equação de Henderson-Hasselbach. Para isso, é preciso muito mais: a utilização da função de acidez de Hammet, que determina uma escala descrente negativa – ou seja, quanto menor for o número, mais potente é o ácido. No caso do fluorantimônico, seu HO é -31,3, contra -12 do ácido sulfúrico.
Conhecendo esse gigante corrosivo, você deve estar se perguntando: e na prática, onde é utilizado o ácido fluorantimônico? Devido a suas características próprias, esse tipo de substância tem papel importante em situações que dependem da reação com outras moléculas que, utilizado por elementos com acidez menor, não causariam nenhum efeito.
Os principais usos do ácido fluorantimônico estão voltados à forma de catalisadores de reações orgânicas e isso é primordial, principalmente, para a indústria de extração de petróleo. Isso porque não há outro reagente com esse recurso fóssil que não seja da ordem dos superácidos, sendo amplamente utilizado por essas indústrias.
Suas aplicações corriqueiras no setor petrolífero são: gaseificação do carvão mineral e quebra de moléculas oriundas do chamado ‘petróleo cru’, que irá criar uma composição plástica altamente resistente, além de octanos gasosos que não contêm chumbo. Esses processos, geralmente, são feitos por máquinas ultramodernas e não apresentam risco à saúde dos operadores.
Curiosidades sobre superácidos
Apesar de não ser muito comum, o ácido fluorantimônico ainda possui diversas características que, além de darem o título de elemento químico mais corrosivo do mundo, mostram sua importância ao longo da história da Química Moderna. Para se ter uma noção, ele é superior a outros ácidos que são amplamente corrosivos, como:
– ácido trifluormetanosulfônico: também muito mais potente que o sulfúrico, essa substância é utilizada em reações orgânicas, como na indústria de petróleo, como catalisador;
– carborano superácido: uma junção entre carbono, hidrogênio e boro em que suas reações são superácidas;
– ácido mágico: uma junção entre dois tipos de ácidos – o fluorossulfônico e pentafluoreto de antimônio, extremamente explosivo ao reagir com a água.
Mesmo com todos sendo bem superiores ao sulfúrico, as substâncias acima descritas podem ocupar ‘boas posições’ em níveis de acidez, mas ainda ficam atrás do ácido fluorantimônico. Com toda essa potência é importante destacar que esse elemento é guardado em locais específicos, evitando maiores complicações.
Os recipientes que recebem o fluorantimônico são feitos de PTFE (politetrafluoretileno), semelhantes aos recipientes plásticos mais comuns que encontramos em qualquer estabelecimento. A diferença entre os polímeros é que o PTFE, ao invés de ser composto por hidrogênio, como as embalagens convencionais, possui a composição de flúor – o que evita a reação junto ao superácido.
Mas ele pode corroer tudo? Não. Apesar do ácido fluorantimônico ser o mais potente conhecido, não significa que ele irá ‘furar’ ou ‘corroer’ sempre que entrar em contato com alguma superfície – ou, de outra forma, ele não seria envasado e utilizado na indústria petrolífera. Sua ação corrosiva depende da reação química com a substância na qual ele entrar em contato.
No caso da água, como já citado, ele irá se decompor, mas antes causa uma reação altamente explosiva. Em materiais orgânicos, como em contato com o nosso corpo, traz danos irreversíveis em poucos segundos. Por isso, ele é restritamente vendido para setores específicos que irão utilizar o superácido mais potente do mundo da forma correta.