Reação de Saponificação
O conhecido sabão usado para higienização de objetos e também do corpo decorre de uma reação denominada reação de saponificação. O processo para formar o sabão decorre de uma hidrólise básica de lipídeos com a suplementação de uma base química forte e capaz de aquecer a reação e formar a consistência ensaboada. Daí a sensação mais quente na pele quando se molha o sabão em pó na água. A hidrólise é reconhecida como uma transformação alcalina e o meio aquoso reage com um éster para formar o sabão em si.
Funcionamento da reação
A reação de saponificação possui uma cadeia química simplificada, mas com agentes específicos para que o resultado se concretize. Para começar, um éster é adicionado à mistura, que é abstraído de um ácido graxo. Um ácido graxo possui 12 átomos de carbono ou até mais dependendo de sua combinação. Essa cadeia é propícia para que a reação crie forma e consiga interagir com as outras substâncias.
Em seguida, o éster recebe uma composição de glicerina, base de glicerol ou propanotriol. Essas moléculas, também conhecidas como triglicerídeos, advêm de produtos naturais como os óleos vegetais ou de algum tipo de gordura. É por isso que num processo de fabricação de sabão caseiro se usa óleo de cozinha, pois a concentração desses triglicerídeos é essencial para formar a reação.
Com um aquecimento considerável, esses triglicerídeos começam a reagir com o éster numa solução aquosa juntamente a uma base forte, o hidróxido de sódio. Como o hidróxido de sódio (conhecido como soda cáustica) tem sua característica forte, o sabão se torna um sal de ácido carboxílico também por causa da concentração dos 12 átomos de carbono dos ácidos graxos. Essa cadeia longa de carbono é capaz de deixar o sabão se solubilizar em qualquer ambiente. Isso ocorre devido a dois fatores:
• Uma extremidade da combinação química da reação de saponificação sempre será apolar, ou seja, uma área desloca carga elétrica (polar) e a outra não apresenta o deslocamento e não causa eletronegatividade dos átomos (apolar);
• O sabão é tensoativo. Ele diminui a força da água a fim de que seus compostos consigam eliminar um resíduo ou sujeira. É por isso que ao passar o sabão em uma superfície molhada, o produto consegue ser ainda mais molhado em virtude da facilidade de solubilidade com a água.
Essa combinação pode ser expressa a partir da seguinte equação:
Éster de ácido graxo Base forte (hidróxido de sódio) -> sabão álcool (glicerina).
O sabão só é formado quando o éster passa por toda a mistura com esses agentes sob o efeito aquecedor. Sem esse aquecimento a composição não cria forma.
História e composição dos sabões
A reação de saponificação era feita de forma bem manual tempos atrás. Materiais graxos extraídos de animais e vegetais eram misturados com cinzas de madeira queimada porque essas cinzas tinham potássio em sua composição. O potássio também pode ser usado no lugar do hidróxido de sódio para tornar a hidrólise em estado alcalino. Contudo, o sabão ficava mais mole e nem sempre chegava a uma consistência dura, chegando a ficar líquido.
Já com o hidróxido de sódio, os sabões ficaram mais duros, resistentes e a solubilidade ficou proporcional à intensidade do uso do produto. A partir daí, foi-se determinado a quantidade de hidróxido de sódio para ser usado na mistura a fim de deixar o sabão ainda mais consistente em relação à quantidade de gordura misturada. A partir dessa comparação pode-se perceber como dimensionar o uso das duas substâncias:
Manteiga caseira – 210 mg de KOH (hidróxido de sódio)
Banha de porco – 200 mg de KOH
Óleo de algodão – 200 mg de KOH
Óleo de linhaça – 195 mg de KOH
A preferência por óleos comestíveis é maior porque seus compostos de ésteres são mais concentrados e o ácido graxo presente em sua composição é mais fácil de reagir diante do aquecimento do composto. Entretanto, como visto nos dados acima, nem todo óleo vegetal exige a mesma quantidade de KOH para ser misturado. Uma vez que a quantidade de KOH é ultrapassado, o sabão fica bem mais duro, seco e demora mais tempo para se solubilizar numa solução aquosa.
Outro dado importante é que as moléculas de triglicerídeos também podem ser aproveitadas durante a reação química para produzir glicerina. Durante a reação química, cada molécula de triglicerídeo se divide em uma molécula de glicerina, podendo ser aproveitada para formar a substância e removida à parte. Separando de outros ácidos graxos formados, a glicerina então pode ser usada para fazer sabonetes, velas e cremes estéticos.
Por ser um processo fácil de preparação, muitas pessoas costumam fazer sabão em casa. Porém, é preciso cuidado ao manusear os agentes pertencentes à mistura, especialmente o hidróxido de sódio ou o potássio. Por serem bases muito fortes e alcalinas, o contato com elas pode corroer ou caracterizar um efeito abrasivo.