Projeto Genoma Humano
Você já ouviu falar no Projeto Genoma Humano? Se ainda não, ele está relacionado com os mistérios que ainda circundam o nosso DNA, que é objeto de estudo para muitos cientistas que desejam conhecê-lo em maior profundidade. Ele é considerado um marco muito importante e já tem provocado discussões em relação a patentes das suas descobertas. Saiba mais abaixo.
O que é e quando surgiu?
Como o próprio nome sugere, a ideia principal desse projeto, que uniu pessoas de diversos países, era mapear o genoma humano, identificando todos os nucleotídeos que fazem parte dele. O genoma humano é a sequência dos 23 pares de cromossomos presentes nas células, mais precisamente, no núcleo de cada célula diploide. Deles, 22 pares são de cromossomos autossômicos e um é de cromossomos sexuais.
O genoma pode ser definido ainda como um código genético, onde constam as informações que regem o funcionamento do organismo. Os genes localizam-se no interior dos cromossomos. Um gene é uma sequência de nucleotídeos do DNA que, ao ser transcrita em RNA, pode ser traduzida em uma proteína.
De uma forma mais simplificada e direta, podemos dizer que o genoma humano é um conjunto de informações necessárias para “formar” um organismo. E essas informações ficam distribuídas no famoso DNA, que é uma moleca helicoidal (em formato de hélice). Existem 4 elementos básicos que formam os genes: adenina, timina, citosina e guanina.
Após esses esclarecimentos acerca do conceito do genoma, vamos voltar ao Projeto propriamente dito. Ele teve início oficialmente no ano de 1990, começando com uma iniciativa do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, mas acabou reunindo cientistas dos mais diversos países. Todos eles com o objetivo de decifrar de uma vez por todas o código genético do ser humano, entendendo e identificando os milhares de genes que compõem o nosso DNA.
Quando começou a ser desenvolvido, a ideia era de que o projeto se prolongasse por 15 anos, ou seja, que fosse finalizado em 2005, no máximo. A metodologia adotada pelos pesquisadores foi o chamado mapeamento genético, que tornaria possível, portanto, a identificação dos 100 mil genes presentes no ser humano.
Mas como funciona esse mapeamento? Trata-se de registrar cada um dos genes presentes nos cromossomos, a ordem dos seus nucleotídeos e também as suas funções. Depois isso, a proposta do projeto era armazenar todas essas informações de maneira sistematizada em um banco de dados.
Por que o Projeto Genoma é importante?
Tudo bem, já entendemos que a proposta é identificar todo o código genético do ser humano e que isso demanda muito estudo e dedicação. Mas para que todo esse esforço? Muito mais do que apenas ter mais informações a respeito do organismo humano, os executores do Projeto Genoma entendem que essa identificação dos genes pode ser o segredo para compreender o mecanismo de diversas doenças e assim aprimorar os tratamentos e técnicas terapêuticas, ampliando as possibilidades de cura.
Além de facilitar o diagnóstico e o tratamento de algumas doenças (como a diabetes, por exemplo), a partir do momento em que se descobre como os genes se organizam também se torna possível prevenir outras doenças, especialmente as multifatoriais, ou seja, que são provocadas por uma série de fatores.
Um dos objetivos desse projeto é dar uma resposta genética para determinadas condições de saúde, algumas até inusitadas, como o alcoolismo, por exemplo. Inicialmente, quando o Projeto Genoma ainda era uma iniciativa pública norte-americana, sem a adesão do setor privado e de outros países, o propósito não era fazer um mapeamento tão complexo do código genético do ser humano, apenas detalhado. No entanto, enquanto o processo estava em andamento, os recursos tecnológicos que foram aparecendo e a colaboração de tantos estudiosos, possibilitou esse trabalho mais completo, que ainda pode servir para melhorar a saúde humana mundial futuramente.
Embora possa proporcionar benefícios imensos e muito importantes, o Projeto Genoma também levantou grandes discussões sob a perspectiva ética. Explicando melhor: uma das coisas que a compreensão do código genético poderia trazer é o estabelecimento de ligações entre a genética e situações como o uso de drogas, por exemplo.
Um dos temores que surgiram foi que, quando isso estiver acessível para as pessoas, os empregadores começassem a exigir testes de DNA dos possíveis colaboradores, excluindo do processo seletivo aqueles que tivessem no resultado alguma possibilidade de ter uma doença ou até de ser levado a uma condição de uso de drogas. Isso poderia resultar em exclusão social.
Em contrapartida, os estudiosos alertam para o fato de que a identificação do código genético em detalhes não é uma resposta pronta para as doenças e nem pode oferecer um diagnóstico total e preciso sobre um indivíduo. As informações técnicas que são levantadas a respeito dos genes precisam passar pelo filtro da interpretação e a mínima falha vai interferir nos resultados.
O Projeto Genoma pode ser encarado como uma ferramenta a mais a ser usada a serviço da qualidade de vida da população.