Também conhecido como mutualismo, a simbiose é uma condição em que dois ou mais organismos possuem uma relação e todas as partes saem beneficiadas. Não há um critério para que ela aconteça, podendo acontecer com espécies iguais ou diferentes. Essa relação costuma ocorrer em tempo prolongado justamente porque o foco do mutualismo é garantir a sobrevivência das duas espécies (benefício principal adquirido da relação).
Cada espécie, podendo ser duas ou mais, trabalha de forma que cada uma obedeça a dois critérios: primeiramente que cumpra com suas especialidades e também que suas ações beneficiem o(s) outro(s) organismo(s). Mas essa garantia de sobrevivência nem sempre ocorre, o que não diferencia de ser caracterizado como simbiose. Por isso, existem dois tipos principais de relação:
• Relação forçada: é quando um ou mais organismos dependem de outro ser vivo para sobreviver, mesmo que sejam de espécies diferentes;
• Relação facultativa: esse tipo de relação ocorre quando as duas ou mais espécies conseguem sobreviver sem a necessidade de manter essa ligação em período prolongado. Entretanto, a ligação pode ocorrer caso seja oportuno e pode ser feita não somente com um parceiro, mas com outros diferentes. A prioridade de ambas as partes saírem beneficiadas também é válida nessa classificação.
Uma das características de ligações mutualísticas é a geração de novos órgãos a partir de espécies específicas juntamente com seus hospedeiros. As futuras gerações advindas dessa ligação geram descendentes mais adaptáveis de um tipo para outro devido ao isolamento reprodutivo. Esse aspecto é observado em animais e plantas, mas são casos que não deixam de ser comuns.
Dentro desse conhecimento entra o conceito da Teoria do Hologenoma. Essa teoria se concentra em avaliar o comportamento de um organismo – aquele que procura o outro para sobreviver – com o microbiota. A partir dessa interação, percebe-se que, dentro dessa relação se constrói uma unidade de seleção evolutiva, a partir da junção das informações genéticas do hospedeiro e de sua microbiota.
Esse conjunto pode gerar descendentes ainda mais variados e mais adaptáveis a condições que seus geradores não seriam capazes de suportar. Esse resultado pode surgir de arranjos genéticos comuns, feitos por outros seres vivos que não praticam o mutualismo, como as reproduções sexuadas e as recombinações genéticas. A diferença é que a variedade genética é bem mais diversa se a simbiose ocorre com espécies diferentes. Se os dois organismos forem semelhantes, ainda assim, é possível ver a variação, mas de forma limitada, pois os genomas também são semelhantes.
Nesses casos, a simbiose pode originar outros três arranjos genéticos em que o resultado também é proporcional a outras relações como a sexuada, por exemplo:
• Microbiana aumentada: nesse tipo de arranjo as proporções de microrganismos geralmente aumentam quando ocorre a relação com seu hospedeiro, porque a condição que esses seres se encontram é diferente do comum. Por isso a ampliação do genoma desses microrganismos afeta profundamente a capacidade reprodutiva do hospedeiro;
• Transferência de genes: nesse caso as bactérias são o caso mais comum. Essa situação acontece quando ocorre troca genética entre o hospedeiro e sua microbiota em formato horizontal;
• Novos simbiontes na relação: é a relação com microrganismos ou microbiotas que já praticaram trocas com outros animais e plantas, garantindo uma variedade ainda maior de genes que podem ser transmitidos ao hospedeiro.
Existem diversos tipos de mutualismo que ocorrem na natureza. Tanto no grupo animal quanto no vegetal, e a prática tem como foco primordial a sobrevivência. Desde os pequenos seres vivos até os de maior porte, muitos deles praticam a atividade garantindo vantagens para os dois lados.
• Ruminantes x microrganismos: ruminantes são herbívoros e por consumirem uma quantidade grande de vegetais, o seu sistema digestivo precisa arcar com o volume grande de plantas e outras fontes consumidas por esses animais. O que ocorre é que microrganismos que vivem no aparelho digestivo dos animais ajudam a processar a celulose ingerida e assim garantem um melhor fluxo digestivo;
• Peixe-palhaço x anêmona: é um dos casos mais comuns de mutualismo. O peixe habita no vegetal à procura de proteção contra predadores, especialmente de tubarões. Com a sobrevivência do animal em seu espaço, a anêmona fica limpa e preservada, principalmente os seus tentáculos;
• Líquens x algas: embora vivam próximas a ambientes aquáticos, algumas algas sofrem com o perigo de desidratação, pois a água pode levá-las a espaços em que a luz solar é forte demais a ponto de não deixá-las úmidas. Nesse caso, os fungos acabam vivendo nas estruturas das algas, garantindo a preservação de água em sua composição. Outro detalhe é que esse fungo também se alimenta dos carboidratos que se acumulam na parede celular do vegetal, o que não deixa a alga desidratada mais rapidamente ou que não consiga realizar metabolizar outras substâncias importantes para sua sobrevivência.
This post was last modified on 3 de janeiro de 2024 00:13
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