A República – Platão
É certo afirmar que Platão é um dos grandes nomes da filosofia grego-antiga, mas, ao mesmo tempo, ele também está entre os mais brilhantes discípulos dos ideais disseminados por Sócrates.
E é exatamente nessa linha tênue que a sua obra “A República” está localizada, uma vez que conta com uma série de diálogos socráticos. Esses diálogos são trabalhos realizados por Platão com o principal intuito de reproduzir exatamente como eram as conversas e o próprio relacionamento que Sócrates tinha com outros gregos, explicitando de maneira clara como o filósofo costumava exprimir as suas ideias e pensamentos filosóficos.
Tal obra ganhou grande importância para a comunidade filosófica e, até mesmo, científica, uma vez que Sócrates não deixou nenhuma obra ou trabalho por escrito para que fosse estudado a fundo. Dessa forma, é só por meio desses diálogos que podemos conhecer o tão importante e famoso método socrático de compreensão de várias coisas em nossa sociedade.
É, então, por meio de “A República” que nós temos acesso aos pensamentos e demais raciocínios que corriam na mente de Sócrates, todos eles explicados por Platão, que teve o interesse em tornar púbico as grandes descobertas filosóficas do estudioso.
Conheça “A República”
A República é, sem sombra de dúvidas, a obra de maior importância e destaque para Platão. No original grego, o livro é chamado de Politeia. Escrito há mais de 300 anos antes de Cristo, especificamente em 380 a.C, ele é rico principalmente em temas políticos, filosóficos e sociais, com destaque para o termo “justiça”, que passou a ser estudado principalmente a partir das colocações dessa obra.
A busca de Sócrates, descrita por Platão, era baseada na necessidade de encontrar uma fórmula capaz de garantir a gestão harmoniosa de uma determinada sociedade, mantendo-a totalmente livre de quaisquer interesses pessoais, disputas particulares, possibilidade de um regime político anárquico e, por fim, protegendo-a ainda do caos por completo.
O diálogo de Platão com Sócrates, segundo a obra, foi na casa de Polemarco, um dos irmãos de Eutidemos e Lísias, sendo eles filhos de Céfalo. Os personagens da obra também não são poucos:
• Sócrates é o protagonista da obra, que mantém diálogos constantes com vários cidadãos gregos – principalmente os que se interessem por filosofia;
• Os dois irmãos de Platão também ganham um grande espaço em sua obra, sendo eles Adimanto e Glauco;
• Nicerato;
• Céfalo;
• Polemarco;
• Lísias;
• Trasímaco.
A obra, narrada totalmente em primeira pessoa (por Sócrates) tem uma grande extensão e é articulado principalmente por elementos dramáticos e inúmeros tópicos para debate – principalmente envolvendo justiça, política e vida em sociedade.
E é assim que podemos marcar o início de um grande e longo diálogo. O sofista Trasímaco, nesse sentido, é quem compreende o fato de que a força é diretamente relacionada ao direito. Tal fato é, consequentemente, encontrado na justiça, que só é garantida ao mais forte – dessa forma, o injusto é sempre aquele que transgrede com as principais normas, colocações e regras de um determinado espaço.
As 10 obras de “A República”
Um só livro não seria o suficiente para demonstrar os principais pensamentos do filósofo. Por isso, depois de sua criação, a obra foi dividida em 10 partes, sendo elas ainda subdivididas em capítulos.
• Livros I e II
Nos dois primeiros livros, o texto tem como principal objetivo definir qual é o conceito da aplicação da justiça em uma determinada sociedade. O diálogo se dá início com Adimanto e Gláucon, definindo exatamente o conceito de governar. Além disso, ele explica que a justiça é sempre superior à injustiça, e que é melhor sofrer com ela do que praticá-la. Onde tem justiça, por sua vez, tem também felicidade.
• Livros II a V
Nessas obras, o diálogo evolui para definir quais são os princípios da justiça, ou seja, os motivos pelos quais ela deve ser aplicada de forma correta e verdadeira. Seus principais princípios seriam: solidariedade social, desprendimento, necessidade de criar uma classe social distinta de várias atividades do setor econômico, felicidade do estado e dos guardiões da justiça. A classe deveria ser realizada entre mulheres e homens nas mesmas condições, sem qualquer direito à riqueza ou desigualdade entre esses grupos.
• Livros VI e VII
Essas duas obras tratam, especificadamente, da justiça em si. Aqui, uma das mais famosas e conhecidas alegorias de “A República” é criada, envolvendo a era das cavernas. Nessas obras, Sócrates procura mostrar que a verdade absoluta só é possível por meio do conhecimento.
• Livros VIII e IX
Quase chegando ao fim, a antepenúltima e penúltima obras são aquelas que tem como assunto principal a decadência das cidades – o diálogo assume que isso ocorre por conta do surgimento da tirania e da própria concentração de poderes em oligarquias.
• Livro X
Por fim, o último livro critica a poesia como um método educativo. O diálogo de Sócrates nos dá a entender que ela deve ser substituída, o quanto antes, pela filosofia, já que só ela é capaz de diferenciar o que é realidade e o que não é.