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Aristóteles e suas divergências com o seu mestre Platão

Você já deve ter visto muitas vezes as pessoas confrontarem duas visões distintas de mundo, sendo elas a visão realista e a idealista.

Muitos estudiosos de filosofia atribuem a origem dessa dicotomia ao afastamento gradual do pensamento de Aristóteles dos postulados filosóficos de seu mestre Platão.

Pressupõem-se, todavia, que o idealismo seria a negação da realidade. É uma visão equivocada. O propósito da filosofia é explicar o mundo. O que existe em Platão é um estudo consciente de uma lei metafísica que não só explique a razão das coisas como instrumentalize a sociedade e o indivíduo com valores e princípios que deem sentido, dinâmica e organização à vida.

Assim está Platão na origem do Direito moderno, quando, seguindo a tradição socrática, desafia os valores de sua época, refundando a prática a partir da reformulação dos valores. A justiça, sob tal abordagem, torna-se um valor universal, de certo modo, buscando retratar uma lei maior, que estará fortemente presente, mais à frente, no cristianismo.

A inversão da lógica platônica

Aristóteles, na verdade, não renega o idealismo, pois isso seria, de certo modo, negar à filosofia a possibilidade de transformar a sociedade a partir do pensamento. O que afasta – se é que se pode dizer assim – Aristóteles de Platão é a inversão da lógica platônica, com a adoção do foco na realidade para explicar e transformar a própria realidade.

Marx e Engels, já no século XIX, aprofundam, dentro de uma realidade bem mais complexa, o modelo do estudo das profundezas da sociedade e do indivíduo, da forma como essas forças interagem na construção da realidade, de modo a poder propor novos modelos e valores.

É importante essa abordagem do pensamento de Marx e Engels porque ela radicaliza, em sua visão materialista, o ponto de divergência entre Platão e Aristóteles. Enquanto Platão concebia duas realidades paralelas, uma real e uma ideal, Aristóteles suprimiu a realidade ideal, que, na visão de Platão, é imutável, ao contrário da sociedade humana e do mundo, em si, que está em constante processo de mudança.

Essa ruptura entre o pensamento do mestre e do discípulo cria uma espécie de bifurcação histórica, criando dois caminhos para tentar chegar ao mesmo lugar, que é a estruturação moral da sociedade e do indivíduo.

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