Nesse artigo você entenderá melhor quem são os boias-frias, suas dificuldades e surgimento do termo.

O termo boia-fria podem ter várias atribuições. Podem ser as pessoas que vivem no campo e tem pouco estudo, ou não possuem qualificação profissional. Normalmente elas são analfabetas ou semianalfabetas e trabalham no campo, em períodos de colheita com condições ruins e baixo salário.

Pode designar, inclusive, pessoas que trabalham na zona rural, mas não tem vínculo empregatício. Normalmente as condições de trabalho beiram à escravidão e existem muitos casos de trabalho infantil. O termo começou a ser mais usado no centro-sul do país, para trabalhadores sazonais das colheitas, os quais viviam em locais periféricos dos municípios.

No início os trabalhadores eram assalariados em propriedades rurais. Eles moravam em fazendas, em colônias com diversas casas. Lá recebiam salário, tinham lavouras cuja colheita era vendida ao proprietário ou em cidades próximas. Alguns eram pequenos proprietários e tinham uma renda baixa pelo o que produziam, logo quando os grandes proprietários ofereciam pagamento e não parte da produção eles vendiam suas pequenas terras e iam trabalhar nas lavouras, na maioria dos casos de cana-de-açúcar.

Mas de onde surgiu o termo? Trata-se do alimento levado pelas pessoas, afinal saem madrugada de casa e levam suas marmitas. Como não possuem meio de aquecê-las, ingerem a comida fria.

Eles saem de suas moradias entre quatro e cinco da manhã, quando um caminhão passa no local para levá-los à plantação. O próprio motorista do transporte é quem faz a negociação de quanto será pago para cada indivíduo. São transportados diversos trabalhadores sem qualquer tipo de segurança, além dos caminhões andarem em altas velocidades. Das dez ou doze horas diárias de trabalho, apenas 30 minutos é concedido para almoço.

Existem diversas denúncias em relação às péssimas condições de trabalho dos boias-frias. Além disso, diversas reportagens já foram feitas para denunciar e mostrar as péssimas condições, com o intuito de modificar um pouco esse cenário.

Em Ribeirão Preto em 2007 houve uma denúncia de 15 pessoas mortas por conta de trabalho excessivo em colheita de cana-de-açúcar. Segundo relatório da ONU, a causa da morte foi acidente vascular cerebral e parada cardiovascular por conta do trabalho excessivo e falta de água potável. Com certeza também contribuiu a ausência de moradia adequada e equipamento de primeiros socorros e ambulância. Em todo o Brasil ocorrem casos assim, desde locais mais acessíveis a locais menos estruturados do país.

Condições dos trabalhadores

Existem instituições que combatem as más condições de trabalho dos boias-frias, fazendo com que eles possuam melhores estruturas para realizar suas tarefas. Uma das organizações tem representantes no Brasil, África, França, Burquina-Faso, Madagascar, Paraguai. É a chamada Sucre-Éthique que reúne sindicatos, indústrias açucareiras, sociedade civil, produtores em prol da qualidade de vida desses trabalhadores bem como condições ambientais melhores.

Como a indústria do álcool está cada vez crescendo mais, as centenas de empresas e usinas do Brasil buscam oferecer melhores condições de trabalho, como alimentação de boa qualidade, roupas e materiais de segurança adequados além de carteira assinada.

O pagamento é feito de acordo com a quantidade colhida, medida em arrobas. Para ganhar um pouco mais, muitos trabalhadores se sujeitam a esforços físicos que podem causar sérios problemas de saúde e, por vezes, a morte do trabalhador.

Não há 13º salários, outros benefícios, descanso remunerado, indenização ou qualquer outra facilidade. Os salários mal chegam ao salário mínimo oficial e recebem um pouco mais em períodos de safra. Assistência médica também é inexistente e por muitas vezes foi reinventada pelos trabalhadores.

Mais informações sobre os boias-frias

Nas entressafras é comum que os boias-frias fiquem sem trabalho. Desse modo buscam por serviços nas regiões próximas. Portanto migram muito de uma região para outra, tendo um fluxo maior no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Ferais, Goiás, São Paulo e Paraná. Além da cana-de-açúcar, as colheitas mais comuns são de café, algodão e laranja.

Mesmo com o tempo quente, o ritmo de trabalho é muito acelerado e até às 9h da manhã o chão já está forrado com a colheita. Homens e mulheres usam alguns equipamentos quando possuem, como óculos de sol, roupas compridas, chapéus, tudo para proteger do calor intenso. Os óculos também servem para proteger do pó e fuligem. As marmitas têm o básico: arroz, feijão e salada.

Essa profissão sofrida por vezes é passada de pai para filhos. Homens e mulheres trabalham em pé de igualdade da colheita e, por vezes, como já dito, até mesmo crianças fazem parte do trabalho.

Espera-se que em pouco tempo esse tipo de trabalho, precário, abusivo, sem condições ideais e uma total agressão aos direitos humanos, deixe de existir e passe a ser apenas mais uma história a se contada. Mas para que isso ocorra é necessário investigar profundamente locais aonde existe a possibilidade de exploração do trabalho a fim de cortar o mal pela raiz.

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