A geografia das religiões
Os homens vêm sobrevivendo através dos séculos ao se organizar, ampliar seus domínios e criar laços culturais uns com os outros. Estes laços culturais envolvem costumes, leis, regras, direitos, comunicação entre si e as crenças. As crenças são criadas para tentar dar um significado à sua existência e para entender qual é o seu papel neste mundo.
As religiões são formadas por histórias, muitas vezes mitos de personagens que, de alguma forma, conseguiram convencer as pessoas de que há um ser maior – ou vários seres maiores, no caso das religiões politeístas – que criou tudo e tudo controla. Desde que o ser humano passou a se organizar em cidades, impérios e grupos cada vez maiores, as crenças são difundidas, incorporam traços culturais de outros povos conquistados e sofrem transformações ao longo dos anos.
Atualmente a geografia das religiões é bem definida, mas, com a globalização atingindo um nível surpreendente de câmbio entre os povos, é possível encontrar seguidores de uma religião do extremo oriente do planeta morando no extremo ocidente e vice-versa. A disposição dos povos nos dias atuais é importante para entendermos a geografia das religiões e como estas religiões exercem influências positivas e negativas sobre os povos do mundo.
Principais religiões no mundo – queda do politeísmo
Ao falar sobre a geografia das religiões no mundo atual é preciso dar uma atenção especial ao fato de que as religiões politeístas se resumiram a algumas seitas e a poucos praticantes e adeptos. O politeísmo significa que uma religião possui vários deuses ou divindades reunidas num panteão. Dentre as atuais religiões politeístas, as mais importantes são o Xintoísmo e o Xamanismo. O Hinduísmo é considerado por alguns uma religião politeísta. Mas a verdade é que as várias divindades adoradas são apenas representações de uma divindade maior, chamada Brâman.
Já em relação às principais religiões monoteístas (que cultuam apenas uma divindade), é possível entender a distribuição de adeptos:
• Cristianismo: 29% da população mundial é adepta ao Cristianismo. A religião que tem como única divindade Jeová – ou Javé – possui algumas vertentes, como o Protestantismo, idealizado por Martinho Lutero e o Cristianismo Ortodoxo, que surgiu após a separação do Império Romano em 476 d.C. A Igreja Católica Romana está mais presente nas Américas (com exceção dos Estados Unidos, que possui grande maioria protestante), na África Central e na Europa Ocidental. A Igreja Ortodoxa possui mais adeptos na Europa Oriental e na Rússia. Já o Protestantismo está presente na Austrália, no sul da África e nos países escandinavos;
• Islamismo: 23% da população mundial segue a tradição do Islamismo, que tem em Alá sua divindade e em Maomé, o principal nome profético. A distribuição de pessoas que têm como religião o Islamismo é feita principalmente no Norte da África, em todo o Oriente Médio e no sudoeste asiático. Há duas principais vertentes do Islã: os xiitas e os sunitas. Embora haja seguidores das duas vertentes em quase todo o Oriente Médio, a concentração de xiitas é muito menor e resume-se ao Iraque, ao Irã e ao Iêmen. Outras vertentes menos conhecidas também existem, mas possuem poucos seguidores;
• Hinduísmo: a religião tradicional indiana é praticada por mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, ou seja, aproximadamente 15% da população mundial. Mais da metade vive na Índia e no Nepal, mas há praticantes em mais de 15 países em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos. A principal divindade é o Brâman, mas há várias divindades adoradas e cultuadas pelos praticantes do Hinduísmo. Brâman, na verdade, pode assumir vários avatares e representar várias entidades, o que faz com que o Hinduísmo seja de certa forma politeísta;
• Budismo e outras religiões chinesas: a China e o leste da Ásia correspondem a uma região muito antiga e com cultura rica em várias tradições e crenças. O Budismo – que tem Buda como principal líder e representante – é a religião de mais de oito por cento da população mundial. O Budismo é uma religião que não possui divindade, ou seja, suas crenças são mais baseadas em ensinamentos, correntes filosóficas e as possibilidades que uma pessoa tem em sua vida para descobrir os seus propósitos por aqui. Basicamente, os praticantes do Budismo estão concentrados na China, no Tibete e no Japão, mas há simpatizantes em várias regiões do mundo.
A religião e o fanatismo
Há na história mundial vários exemplos de pessoas que usam a religião como preceito para praticar atos de crueldade e “seleção” daqueles que – segundo os “conceitos da religião” – são as únicas pessoas dignas de permanecer. Casos como as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, pelo Nazismo, pelas Cruzadas, entre tantos outros, são exemplos de que o fanatismo religioso, sobretudo aquele que não leva em conta as crenças alheias, pode provocar diversos sentimentos – inclusive ódio e insensibilidade – nas pessoas que praticam religiões. O poder de interpretação que o ser humano tem é o que torna as diversas crenças tão importantes, mas tão perigosas para a manutenção da ordem e da vida na Terra.