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A Economia Canavieira

Em meados do século XVI, Portugal começou a implantar no Brasil um sistema produtor açucareiro e os primeiros pés e mudas de cana-de-açúcar começaram a ser plantadas no início da segunda metade em uma capitania cujo nome era São Vicente. Com a proliferação do cultivo, em função das boas condições naturais, clima e solo, pouco tempo depois o açúcar já era considerado o produto comercial mais relevante da colônia, naquele período superou inclusive a própria extração e comercialização do pau-brasil.

Outro fator que ajudou a desenvolver a economia canavieira no Brasil se deu em função do conhecimento e experiência dos colonos portugueses, que já estavam familiarizados com a plantação na ilha da Madeira e nos Açores. Sem contar que naquele período, em alta, os preços do açúcar garantiam bons negócios e uma lucratividade considerável, uma vez que os europeus consideravam o produto uma especiaria de luxo, o que consequentemente favoreceu ainda mais a produção e exportação canavieira brasileira.

A agricultura canavieira foi fundamental para determinar a colonização portuguesa no Brasil e, ao mesmo tempo, direcionou a criação das primeiras relações entre Estado e colônia através das capitanias hereditárias.

Os engenhos e as regiões produtoras

Naquela época, o lugar onde todo o processo acontecia recebeu nomes que são utilizados até hoje, como, por exemplo, os engenhos, que eram os locais de produção onde estão localizados os canaviais. Com a rápida ascensão e proliferação dessas áreas, os engenhos foram surgindo nas principais regiões do país cuja maior incidência se deu no litoral da Bahia e de Pernambuco. É também nos engenhos que ocorre o processamento da produção do açúcar e desse processo são obtidos também o melaço, a cachaça e a rapadura. A parte industrial que utilizava equipamentos eram responsáveis por transformar a cana em açúcar.

Como todo processo tem seu apogeu e declínio, com a economia açucareira não foi diferente. A decadência começou em meados da segunda metade do século XVI e está diretamente relacionada à concorrência da produção antilhana. Os holandeses expulsos do Brasil em 1654 investiram em um complexo produtor de açúcar e para se tornarem competitivos investiram no desenvolvimento de técnicas modernas para a época, possibilitando assim o aumento da produtividade, além de custos menores de produção e comercialização.

Nesse período, o Brasil, que até então exercia o monopólio em relação ao mercado de açúcar, não soube reagir e enfrentar seu concorrente. Assim o Brasil passou de número um para quinto lugar na produção mundial do açúcar. O país só recuperou sua posição de destaque e referência um século mais tarde, no Renascimento Agrícola.

A expansão canavieira no Brasil

O conceito de economia e as práticas que conhecemos hoje em dia foram sendo implantadas e estruturadas ao longo das décadas. Basicamente, o desenvolvimento da expansão e economia canavieira no país se pautou pela relação de capital e alianças político-econômicas entre o Estado e o setor agroindustrial brasileiro. Com o liberalismo econômico em alta, o Brasil foi afetado e influenciado pelas relações capitalistas norteadas pelo dinheiro. Em meio às transformações e crises que afetavam o mundo e abalavam a economia, devido à concorrência com outros países, constatou-se que as técnicas atrasadas de produção seriam um empecilho a produção e comercialização do setor. Então os produtores recorreram ao Estado para buscar a modernização e industrialização dos engenhos. Com a intervenção estatal nas últimas décadas do século XIX, o Estado subsidiou e incentivou inclusive a construção de novos engenhos com localização central, principalmente no centro-sul no país.

A descoberta do poder do álcool: de subproduto a produto

Até a década de 1930 o álcool era considerado um subproduto da cana, ou seja, era destinado basicamente para o consumo doméstico e atendia também algumas demandas da indústria química e farmacêutica da época. Após a institucionalização do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) ele passou a ser usado como carburante e enxergado diferente, de subproduto ele se torna produto de grande utilidade e valia.

Para alcançar este status e ser utilizado como carburante, o álcool passa por um processo de desidratação para se obter o álcool anidro ou absoluto isento de água. Assim, com mais essa possibilidade, mais mudanças no mercado estavam por vir. Para comportar e oferecer o novo produto seria necessário realizar mudanças no setor canavieiro desta época, sendo que a principal delas seria a construção de grandes destilarias com equipamentos modernos, além de enfrentar a concorrência da gasolina no mercado interno, produto já conhecido e estabelecido no mercado.

Em ascensão gradativa e constante, entre os anos de 1950 e 1970, a produção canavieira conquistou bons números e investiu pesado no parque industrial para aumentar a produção e consequentemente o consumo de uma nova população que começava a deixar as zonas rurais para ganhar os centros urbanos.

No início do século XX o açúcar era produzido em grande escala principalmente no norte e nordeste do país. De 1950 em diante o centro –sul brasileiro recebeu incentivos do Governo Federal para se posicionar como a principal região produtora do país. Nesse sentido, os investimentos e concessões de créditos por parte do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) para a construção de usinas e destilarias nesta região foram fundamentais para alavancar a modernização e incentivar a produção do álcool combustível que hoje é uma realidade bem aceita no mercado de consumo brasileiro.

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