Conquista da liberdade dos escravos
Embora a palavra “escravidão” costume nos remeter ao tráfico de negros africanos para o Brasil, quando esse ainda era uma colônia portuguesa, essa prática é muito mais antiga na humanidade do que isso. Sabe-se que desde o início da história, era comum que, depois de guerras, o povo que perdesse acabasse sendo escravizado pelo que venceu. Também sabemos que os hebreus chegaram a ser vendidos como escravos.
Na Grécia e na Roma, impérios antigos e muito tradicionais, também era comum que os trabalhos mais pesados e braçais fossem executados por pessoas sob o regime de escravidão. Em algumas regiões, contudo, os escravos não chegavam a receber um tratamento sub-humano e até podiam conquistar a sua liberdade. Mas essa questão não tornar menos grave a prática da escravidão nestes lugares.
Hoje vamos estudar um pouco mais sobre o regime escravocrata no Brasil, especialmente a conquista da liberdade dos escravos.
Escravidão no Brasil – contexto
O Brasil foi descoberto no ano de 1500 por uma expedição portuguesa. No entanto, a colonização só começou de fato anos depois, em 1530, com Martim Afonso de Sousa, que chegou à colônia trazendo mudas de cana-de-açúcar. No início, os portugueses tentaram escravizar os índios, mas os jesuítas foram contra isso.
Diante disso, teve início a escravização de negros africano. Portugal tinha colônias da África, por isso, acabava sendo mais fácil trazer habitantes de lá para trabalhar em terras brasileiras. Havia, inclusive, comerciantes de escravos, que vendiam pessoas como se fossem produtos para os engenhos açucareiros.
Os escravos vinham da África para o Brasil nos chamados navios negreiros, embarcações superlotadas e em condições precárias. A viagem levava dias, de modo que alguns não aguentavam e morriam antes de chegar. Esses, eram jogados em alto mar. Os que sobreviviam, quando chegavam nas fazendas, viviam em condições subumanas, trabalhavam sem parar, comiam apenas o suficiente para sobreviver, apanhavam e eram submetidos a diversos tipos de tortura.
Os africanos eram obrigados pelos seus senhores a seguir o catolicismo, assim, a única forma de manter a religião, os rituais e cultos aos quais estavam acostumados, era escondido. O açoite era uma maneira muito comum de castigo no Brasil Colônia.
Conquista da liberdade dos escravos
Embora alguns escravos tenham se submetido a toda essa situação que foi citada acima com resignação, outros se rebelavam. Em muitas fazendas, grupos com alguns escravos fugiam, especialmente durante a noite, iam para as florestas e criavam moradias coletivas chamadas de quilombos. Eles se organizavam de forma comunitária, comum na África.
Os negros se instalavam estrategicamente, montando seus quilombos em locais que fossem de difícil acesso pelos senhores e, ao mesmo tempo, próximos de estradas. Os assaltos, algumas vezes, eram a forma encontrada para a sobrevivência.
O Quilombo dos Palmares é o mais conhecido e representativo desse período histórico, liderado por Zumbi dos Palmares. O seu ápice foi entre os anos de 1630 e 1650 e o grande destaque se deveu ao fato de que era um quilombo enorme e que resistiu a mais de 30 expedições que tinham como objetivo destruí-lo.
Em meados do século XIX, a Inglaterra começou a questionar o regime escravocrata no Brasil, mas não por bondade, e sim pelo interesse em ter mais consumidores por aqui. Trabalhadores assalariados poderiam consumir aquilo que as suas fábricas produziam. Foi pensando nisso que a Lei Bill Aberdeeen foi aprovada em 1845, proibindo o tráfico de escravos e determinando que os ingleses tinham o poder de deter navios negreiros caso fossem localizados.
Cinco anos depois, em 1850, foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz no Brasil, que acabava com o tráfico de escravos, mas não fazia nada pelos que já estavam aqui. Posteriormente, em 1871, foi aprovada também a Lei do Ventre Livre, que garantia que os filhos que nascessem das escravas teriam a sua liberdade.
A Lei dos Sexagenários, aprovada em 1885, concedia a liberdade para escravos com mais de 60 anos. Isso não fazia muito sentido, visto que devido às condições às quais os escravos eram submetidos, a expectativa de vida normalmente não chegava nem aos 40 anos de idade.
Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que finalmente proibia a escravidão como regime de trabalho no Brasil. Aliás, no final do século XIX, ela foi vetada no mundo todo.
No entanto, a conquista da liberdade dos escravos foi muito difícil mesmo depois que eles foram libertados. Ao saírem das fazendas, os negros não receberam nenhum suporte, não tinham moradia e nem como se sustentar. A discriminação e o preconceito dificultavam o ingresso no mercado de trabalho. Era muito raro encontrar um empregador que admitisse negros recém libertados da escravidão.
Com isso, essas pessoas acabaram tendo que viver em moradias que ofereciam péssimas condições de vida e se contentar com trabalhos informais e temporários para sobreviver. E infelizmente, sabemos que o preconceito e a discriminação racial existem até hoje.