História Econômica da Região Nordeste: do século XX aos dias atuais
Do final do século XIX para cá, a região Nordeste brasileira ficou conhecida como uma região de “expulsão populacional” – o que se dá devido à grande concentração de nordestinos abrindo mão de sua cidade natal para tentar a vida em outros estados brasileiros (principalmente no Sul e Sudeste). No século XX, as coisas não mudaram tanto assim: o Nordeste ficou reconhecido como uma área de problemas. Mas afinal, como será a história econômica da região Nordeste do século XX aos dias atuais? Conheça mais sobre essa parte da história brasileira neste artigo.
Sobre a história econômica da região Nordeste do século XX aos dias atuais
O Nordeste brasileiro foi à primeira área brasileira a ser povoada e, consequentemente, conquistada pelos portugueses. A colonização foi iniciada no litoral nordestino, que inclusive, era ideal por ter um relevo próximo ao nível do mar e pela possibilidade de cabotagem.
A região Nordeste ficou reconhecida mundo afora devido a sua alta capacidade de cultivo de cana de açúcar – o que ocorreu entre o finalzinho do século 16 e início do século 17. Foi com essa produção que a região nordestina ganhou o posto de “Colônia Metrópole”.
O comércio português também foi amplamente beneficiado por esse cultivo. Não à toa, Portugal investia o que pudesse para o desenvolvimento da região – o que incluiu trabalho escravo dos negros africanos e aplicação de capital estrangeiro.
Esse foi o sistema que consolidou a “estrutura” dos negócios nordestinos: concentração marcante de terras e grande influência de famílias tradicionais da região em decisões do tipo econômicas, sociais e políticas.
Porém, se entre os séculos 16 e 19 a região Nordeste foi a grande responsável pelas riquezas brasileiras, isso começou a mudar do século XX para cá.
• O que mudou com o ciclo da borracha
Foi durante a fase do ciclo da borracha, que ocorreu na Amazônia entre o fim do século XIX e meados do século XX, que o Nordeste ganhou o que até hoje é considerada uma de suas características de maior destaque: a repulsão populacional.
Milhares e milhares de habitantes da maior região do Brasil começaram a “mexer os pauzinhos” para irem embora, dirigindo-se, principalmente, para as regiões Sudeste e Sul do território brasileiro.
A partir do início do século XX, o Nordeste começou a passar por um período de regresso tanto econômico como, especialmente, habitacional/estrutural.
Entre os anos de 1900 a 1950, os esforços nordestinos não foram poucos. Além da pecuária e da agricultura de cultivo, outras tentativas de expansão comercial/econômica foram as seguintes:
• Expansão de estradas e rodovias que ligavam uma cidade/estado à outra (o);
• Desenvolvimento de usinas hidrelétricas, como é o caso da Usina de Paulo Afonso (inaugurada nos anos 50, na Bahia);
• Criação de planos de incentivo fiscal capazes de atrair multinacionais de todos os portes e segmentos para a região nordestina;
• Exploração para a descoberta de polos petroquímicos na região, o que deu certo tanto no Rio Grande do Norte como no litoral baiano.
Já no começo dos anos 60, a decisão do governo federal foi a de criar a SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste.
A iniciativa tinha como principal objetivo estimular o crescimento tanto social como econômico da região nordestina.
Entre seus projetos podemos destacar:
-> Desenvolvimento de projetos de irrigação;
-> Levantamento de fundos para melhor capacitação dos profissionais agrícola;
-> Projetos de expansão industrial.
Infelizmente, a iniciativa acabou sendo benéfica unicamente para os usineiros e para grandes instituições que atuavam na exportação de produtos agrícolas.
A migração dos nordestinos no século XX
Com o Sul e Sudeste do país passando por um processo intensivo de industrialização a partir dos anos 50, muitos foram os nordestinos que migraram para a região – em busca de trabalho no comércio ou na indústria.
Infelizmente, a grande concentração de habitantes nessas regiões não foi planejada, o que levou a uma série de problemas na oferta de educação, saneamento básico, saúde e até mesmo habitação.
Essa migração dos nordestinos ocorreu uma vez que os grandes empregadores, no início de suas empreitadas, ofereciam mão de obra barata. Os nordestinos, que não tinham boas oportunidades de emprego em sua terra natal, partiram para o Sul e Sudeste de modo a ocupar tais vagas. Além do crescimento exponencial e desordenado de grandes metrópoles brasileiras, outro resultado dessa migração foi a desigualdade social – que inclusive, leva muitos indivíduos a enxergarem os nordestinos com preconceito até hoje.
Tais migrações só passaram a diminuir com o início da década de 90. Não à toa, no censo dos anos 2000, há um número expressivo do que os especialistas chamam de “migração de retorno”, que são nordestinos voltando para as suas cidades ou estados de origem.
Desde então, muitos tem sido os esforços para a melhora da economia da região, como:
- Obras de infraestrutura;
- Geração de energia;
- Chegada de fábricas e indústrias de diferentes segmentos/portes;
- Descoberta de alguns tipos de minérios.
Por fim, vale destacar que o potencial nordestino é um dos maiores de todo o Brasil, porém, ainda não vem sendo aproveitado em seu limite.