Resumo da República Velha: O desfecho revolucionário

História do Brasil,

Resumo da República Velha: O desfecho revolucionário

Para obter o apoio dos tenentes, fortalecendo a luta contra o regime da oligarquia, era fundamental para a Aliança Liberal que Luís Carlos Prestes, o principal líder tenentista, assumisse uma posição clara de apoio à candidatura de Getúlio Vargas.

Juntamente com alguns sobreviventes da coluna que levou seu nome, Prestes permaneceu na Bolívia por um ano. No início de 1928, mudou-se para a Argentina, onde entrou em contato com outros líderes tenentistas exilados. Porém, antes de deixar a Bolívia, recebera a visita de Astrogildo Pereira, dirigente do PCB, que tentou sensibilizá-lo com as propostas de seu partido. Embora, aparentemente não obtivesse sucesso, Prestes iniciou a partir daí sua lente guinada para a esquerda. Depois de algum tempo, o antigo líder tenentista acabou aderindo às ideias comunistas.

O desfecho revolucionário

Durante o prolongado exílio, o contato com líderes comunistas argentinos e uruguaios facilitou a sua conversão. Procurado pela Aliança Liberal, Prestes repudiou a candidatura de Getúlio Vargas e em seguida, divulgou em maio do ano de 1930, um manifesto, onde pregava o repúdio ao programa da Aliança Libera e condenação de dois grupos em luta eleitoral, denúncia da submissão do país aos interesses do imperialismo inglês e norte-americano, que encontrava-se em luta pelo domínio da América Latina, proposta de revolução agrária e anti-imperialista a ser realizada pela massa dos trabalhadores, reforma agrária, nacionalização de empresas estrangeiras, anulação da dívida externa e o estabelecimento de um governo democrático e popular.

Com esse manifestes, Prestes rompia com as principais lideranças do Tenentismo, notadamente Juarez Távora, que respondeu de maneira violenta às propostas. Por outro lado, ao incorporar ideias marxistas, Pestes ofereceu ao Tenentismo a possibilidade de ganhar, ao mesmo tempo, consistência teórica e base social, características que o movimento nunca teve.

As eleições aconteceram no dia primeiro de março e resultaram na vitória do candidato da situação, Júlio Prestes. Em princípio, os velhos líderes da oligarquia da Aliança Liberal, Antônio Carlos, Borges de Medeiros, João Pessoa e Artur Bernardes, aceitaram o resultado. Buscando a própria sobrevivência política, acabaram reconhecendo a vitória do candidato da situação e procuraram compor-se com o novo presidente.

No entanto, a geração mais jovem da Aliança, formada por líderes mineiros e gaúchos, como Osvaldo Aranha, Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos, não aceitou os resultados e começou a falar em revolução. Os próprios tenentes retomaram o apelo às armas, apesar da ausência de Prestes, que na época divulgava seu manifesto. Finalmente, esperava-se o apoio dos setores sociais urbanos a um eventual movimento armado.

Em julho de 1930, ainda antes da posse do candidato eleito, João Pessoa foi assassinado. Os motivos do crime prendiam-se a disputas locais paraibanas, no entanto, o crime acabou causando uma verdadeira comoção da população e serviu de estopim para o movimento revolucionário.

Diante da inevitável revolução, as elites assumiram a liderança, para que ela não escapasse de suas mãos e controle. Dessa maneira, rearticulava-se a Aliança Liberal, com a velha-guarda e a jovem-guarda das oligarquias dissidente, juntamente com os tenentes.

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Os combates que existiram

Os combates se iniciaram simultaneamente em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Em 4 de outubro, Juarez Távora rebelou-se no Nordeste, tendo a Paraíba como foco de irradiação. A maior parte da força revolucionária, sob o comando do então coronel Góis Monteiro, concentrava-se no sul do país, onde os contingentes do exército eram mais fortes.

De lá foram para o Rio de Janeiro, passando por São Paulo, onde esperavam os combates decisivos. No entanto, a motivação paulista, era bem pequena. Por fim, em 24 de outubro, o alto comando das Forças Armadas no Rio de Janeiro deu o golpe de misericórdia no governo: Os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto, mais o almirante Isaías Noronha, lideraram o movimento que depôs Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes. A revolução havia triunfado. Mais alguns dias e Getúlio Vargas chegaria ao Rio de Janeiro, onde seria empossado presidente provisório da República.

A revolução estava longe de representar um rompimento decisivo na história do Brasil, uma vez que a permanência de pessoas e grupos ligados ao velho esquema oligárquico era muito marcante. A própria ascensão de Getúlio Vargas acabava por demonstrar essa característica. No entanto, apesar desse perfil, a revolução significou uma mudança na base social brasileira.

Até então, desde que a independência do Brasil foi conquistada, os sucessivos governos brasileiros representavam os interesses de uma única categoria socioeconômica, fosse a aristocracia rural escravocrata do império, fosse a oligarquia cafeeira dos primeiros anos da república. Agora, o novo governo representava diversos grupos distintos, como as oligarquias dissidentes, os setores urbanos e os tenentistas, aparentemente vitoriosos dentro das Forças Armadas. Assim, uma das principais funções, se não a principal função, de Getúlio Vargas, era manter a aliança que havia tornado possível o advento de seu governo.