Resumo da República Velha: O governo de Artur Bernardes
O governo de Artur Bernardes, eleito presidente do Brasil no ano de 1922, foi caracterizado por uma agitação intensa no meio militar e também no meio político. Ele acabou reeditando as salvações, proposta no governo de Hermes da Fonseca, promovendo dessa maneira intervenções nos estados que não o apoiaram nas eleições, principalmente a Bahia e o Rio de Janeiro.
No ano seguinte, em 1923, a Revolução Gaúcha explodiu. Seu auge foi a eleição, pela quinta vez consecutiva, do velho político pica-pau Borges de Medeiros para o governo do estado. Vale ressaltar que este político pertencia ao Partido Republicano Rio Grandense. Seus rivais, ou seja, os maragatos, eram liderados por Assis Brasil, e levantaram-se rapidamente contra essa reeleição, e contaram com o apoio do então presidente do Brasil, Artur Bernardes.
Após meses de combate intenso, a solução para o problema finalmente chegou, quando os dois lados acabaram por firmar um acordo, um pacto de Pedras Altas, em que estabelecia que quando o mandato de Borges de Medeiros fosse concluído, ficavam proibidas as reeleições para o governador do estado. Dessa forma, abriu-se espaço para que uma nova geração de políticos fosse criada, dentre os quais logo se destacariam Osvaldo Aranha, Getúlio Vargas, Flores da Cunha e Lindolfo Collor.
No governo de Artur Bernardes, o desgaste da oligarquia acabou se tornando evidente, por causa principalmente das pressões externas, sobretudo das rebeliões tenentistas, quanto da própria crise interna, multiplicando as dissidências oligárquicas nos níveis estadual e federal.
Em julho do ano de 1924, a Revolução Paulista de 1924 teve início, considerada a segunda grande revolta do Tenentismo. Mais uma vez, esse movimento que deveria ter um caráter nacional, acabou permanecendo limitado a poucos focos, notadamente na cidade de São Paulo, no Amazonas e no Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, unidades do exército, contando com o apoio de importantes elementos da poderosa Força Pública do estado, sublevaram-se, tomando alguns pontos estratégicos da cidade. No comando do movimento estava o general Isidoro Dias Lopes, secundado por Miguel Costa. Atacaram o palácio dos Campos Elísios, que era a sede do governo estadual, e o governador Carlos Campos acabou fugindo após combates violentos.
O movimento, que era elitista por excelência, rejeitava a participação da população. Pedia-se a esta, apoio, compreensão e, principalmente passividade frente a uma revolução que seria feita sem a sua ajuda. Além disso, a preocupação maior estava em garantir os interesses das elites, tudo se fazendo para a vida normal se reestabelecesse, e não necessariamente, criar algo novo.
A reação
Mas, a reação do governo federal foi violenta. A cidade de São Paulo foi cercada e assim, teve início um pesado bombardeio, que acabou atingindo os bairros mais pobres da cidade, como o Brás, um bairro de operários. Pressionados pelo poder de fogo do governo e tratados com desconfiança cada vez maior por um operariado a quem não se oferecia participação, mas que pagava com vidas a revolução, os rebeldes decidiram abandonar a cidade. No dia 27 de julho, o bloqueio do exército foi furado, e assim, os rebeldes passaram a se deslocar em direção ao Oeste, em direção ao Norte do Paraná, que faz fronteira com a Argentina e o Paraguai.
Nesse contexto, no Rio Grande do Sul, o tenente Luís Carlos Prestes, que contava com o apoio de João Alberto, acabou por reunir algumas unidades militares oriundas do interior do estado, organizando assim uma coluna armada que se moveu em direção ao Norte, na tentativa de um encontro com os paulistas. Em 1925, mais precisamente no mês de abril, rebeldes tenentistas paulistas e gaúchos encontraram-se próximo a Fox do Iguaçu, sempre fustigados por forças governamentais.
Através de uma sugestão de Luís Carlos Prestes, os revolucionários se dividiram em dois grupos. Um deles era liderado pelo general Isidoro, buscando refúgio político no Paraguai e na Argentina. O outro, sob o comando de Luís Carlos Prestes e de Miguel Costa, continuou a luta. Dessa maneira, teve início a Coluna Prestes, que após um desvio pelo território do Paraguai, retornou ao Brasil pelo Mato Grosso e começou sua marcha pelo interior. Durante quase dois anos, ou seja, até fevereiro do ano de 1927, a Coluna Prestes percorreu cerca de 25 mil quilômetros, passando por onze estados e evitando o confronto direto com as tropas governamentais, já que essas estavam sempre em número maior.
Foi assim, que Luís Carlos Prestes ficou conhecido como o cavaleiro da esperança, tornando-se um herói nacional, pelo menos para os grupos que eram opositores da oligarquia, setores médios urbanos. Seu grande feito foi manter a Coluna Prestes ativa, invencível e capaz de sobreviver à todas as privações de uma campanha totalmente desgastante. No início do ano de 1927, sob o comando de Prestes, os últimos sobreviventes do movimento foram buscar refúgio na Bolívia.
Artur Bernardes reagiu às atribulações pela qual passou seu governo com a adoção de medidas autoritárias, como por exemplo, o decreto quase constante do estado de sítio, restrições à liberdade e ainda com a reforma constitucional de 1926, o que acabou fortalecendo o poder do presidente, sem contudo alterar as práticas políticas da oligarquia. Seu governo refletiu a crise do regime.