Civilização Islâmica
De lá nos vêm a notícia das mulheres de burcas e dos constantes conflitos armados. Mas a civilização islâmica é mais que isso. Uma vasta cultura percorre a história desse povo, que teve origem no início do século VII, mais precisamente na Península Arábica. A região era ocupada por diferentes povos que passaram, aos poucos, a incorporar no dia a dia as doutrinas e ensinamentos transmitidos ao profeta Maomé, fundador da religião muçulmana. É por isso que o modo de vivência do povo islã, até os dias atuais, é todo fundamentado na religião.
Os muitos povos semitas que habitavam a Península na época, como os hebreus, árabes, aramaicos, fenícios e assírios, não possuíam uma unidade política nem cultural. O politeísmo era comum e a consagração de diferentes imagens de deuses estava presente também em Meca. A cidade era a capital do comércio da região. Mas apareceu Maomé e apresentou uma nova crença aos povos que ali viviam. O livro que contém os ensinamentos revelados por Alá (Deus) a Maomé é o Alcorão ou apenas Corão. As doutrinas foram escritas em árabe entre 610 e 632.
1) Civilização islâmica é influenciada profundamente pela religião
Islã quer dizer submissão ou resignação a Alá. Então, todos os que se submetem aos ensinamentos de Alá, tido como o Deus verdadeiro e único, acatam a fé do Islamismo e são considerados islâmicos, muçulmanos ou maometanos. No decorrer dos anos, os seguidores dessa fé se expandiram cada vez mais.
Dentro de algum tempo, passaram a comandar a cidade de Meca. Assim, um vasto território foi unificado sob um único governo, que adotava a religião maometana como a oficial. A chegada do monoteísmo na Península Arábica criou as bases para um Estado Teocrático na civilização islâmica. Isto significa que as leis religiosas passaram a valer mais que as leis humanas, desse modo, todas as leis judiciais eram primeiramente fundamentas em Alá.
A divulgação árabe da religião islâmica foi tamanha que, chegou a converter até os povos não árabes, como os persas e os turcos. A expansão da religião também daria como consequência o aumento territorial dos povos muçulmanos, entre outros fatores, como a fraqueza dos Reinos Bárbaros e do Império Bizantino e Persa, além da deflagração da Guerra Santa.
Com a morte do líder Maomé, em 634, ocorreu uma divisão, que permanece até hoje, entre os adeptos da fé muçulmana. De um lado, há os sunitas e do outro, os xiitas. Os primeiros seguem os mandamentos de Maomé presentes no Corão e também em um outro conjunto de textos chamado de Suna que, segundo esses fiéis, também se trata de um princípio de verdade.
Já os xiitas não admitem nenhum outro livro como sagrado, além do Alcorão. De acordo com esse grupo, um líder político e religioso precisa ter descendência do profeta Maomé. Defendem a fé islâmica intransigentemente e são contrários às influências ocidentais.
2) O Islamismo se propagou em uma região onde dominava a diversidade de deuses
É importante destacar que a civilização islâmica é predominantemente urbana, e isso decorre dos primeiros séculos de expansão da religião, quando novas cidades foram criadas. Toda grande urbanização possui, ao centro, uma mesquita e ao redor desta funciona os suks, que são uma espécie de centros de comércio onde são realizadas especializações dos ofícios.
Diversas regras devem estar presentes em um seguidor da fé Islâmica. Além da crença única em Alá e no profeta Maomé, é preciso dar esmolas, fazer cinco orações por dia, jejuar no mês tido como sagrado (Ramadã), visitar Meca pelo menos uma vez na vida e fazer o Jihade.
Diferentemente do que muitas pessoas pregam e alguns artigos mencionam, não se trata de promover uma guerra religiosa contra as demais crenças. Antes de tudo, é uma luta pessoal em busca do domínio da alma e da fé perfeita, que seria a Jihade Maior. Já a Jihade Menor era a divulgação da fé islâmica. Essa divisão, no entanto, surge apenas no século XI em um livro que fala sobre Maomé.
De acordo com os ensinamentos transmitidos por Maomé, a Jihad é uma obrigação religiosa. Refere-se primeiramente, contudo, aos esforços para se tornar um bom muçulmano e contribuir com a comunidade em que vive. Caso os maometanos sejam intimados a proteger a fé que professam, o uso da força é permitido pelo Islã. Há exceções inflexíveis, no entanto. Mulheres, crianças, inválidos e inocentes não podem ser machucados e qualquer tentativa de paz do adversário precisa ser acatada.
Ao longo da história, porém, o conceito foi incorporado pela civilização islâmica a fim de justificar algumas formas de violência. Os muçulmanos, contudo, não são os únicos grupos religiosos a incitar a violência em nome de Deus. Outros fazem e alguns já o fizeram.
Hoje a segunda maior religião do mundo, em número de adeptos, é o Islão, conforme um estudo divulgado em 2005 pela CIA World Factbook. Outras pesquisas apontam para o predomínio dos muçulmanos no ano de 2070, quando ultrapassarão o número de cristãos.
Atualmente o tradicionalismo domina a religião. Algumas correntes dos maometanos ainda são fiéis aos rituais antigos. Outras, porém, desejam incorporar práticas modernas ao Islamismo e modificar os costumes daqueles povos.