Categorias História

Colônia de Exploração

Para falar em colônia de exploração convém, antes, fazer uma abordagem mais genérica e global do colonialismo como fenômeno histórico e político.

Pode-se dividir o colonialismo em três vertentes:

– Colônia de exploração

– Colônia de povoamento

– Neocolonialismo

Seria possível, até no sentido de se propor uma regressão histórica, falar numa quarta vertente, mais atual e ainda presente, que é o imperialismo econômico.

Ainda no sentido de situar o fenômeno historicamente, o colonialismo não é exatamente um fenômeno impulsionado a partir do século XVI. Ele já existia na antiguidade. Está presente nas famosas guerras de conquista, que nem sempre redundavam em extermínio da população e eliminação dos governos locais.

Na antiguidade, nações poderosas, como o Império Romano, se impunham pela força militar, mas, em muitos casos, preservavam os governos locais, contanto que fossem leais à “metrópole”. Em muito, assemelham-se à prática neocolonialista, sobretudo no modelo de dominação exercida pelas nações europeias sobre populações africanas e asiáticas.

Naquele período, era comum que as nações europeias se estabelecessem em grandes territórios através da força, mas preservando os governos locais, concedendo-lhes certa autonomia, como aconteceu com a colonização da Inglaterra na Índia. Em outros casos, como no território africano, as nações europeias simplesmente redesenharam a geografia política local segundo seus próprios critérios de exploração.

É interessante reparar que o termo exploração estará sempre presente, de modo que o termo que dá título a esse artigo apenas remete a uma prática de exploração. Em se tratando de colonialismo, a exploração estará sempre presente, seja das riquezas, seja das populações locais, seja, inclusive, de mão de obra escrava.

Os elementos básicos do colonialismo são:

– Metrópole

– Riquezas

– Colônia

A metrópole é aquela cujos interesses econômicos impulsionam a busca por recursos em outras terras. O colonialismo europeu nasceu a partir do advento do mercantilismo, que se sustentava na expansão do comércio.

Quando Portugal se atirou ao Atlântico rumo ao que hoje é conhecido como Brasil, buscava riquezas que pudessem ser levadas para a Metrópole para abastecer a Coroa Portuguesa. O pau-brasil, primeiro objeto de desejo dos portugueses, se tornava mercadoria valiosa em solo europeu. Posteriormente, com a descoberta de pedras preciosas, o perfil da colonização do Brasil sofreu uma transformação, fazendo com que a exploração se deslocasse do litoral para o interior, levando ao surgimento de potências econômicas locais, como são hoje São Paulo e Minas Gerais.

As riquezas são o combustível do colonialismo. Sem elas, não haveria razão de ser.

No caso das colônias, há uma característica sempre presente, que é a formação de uma elite econômica local. Essa elite econômica é parte da estratégia de dominação e fortalecimento econômico da metrópole. Além de exercer o controle político da colônia, transforma-se em mercado consumidor para os produtos processados na metrópole. Lição básica de história, a colônia exporta matéria prima a preços baixos e importa produtos industrializados a preços altos.

Uma regressão histórica

Considerando o imperialismo econômico como uma das vertentes do colonialismo, deve-se entendê-lo como uma forma sofisticada de colonização. A colônia possui autonomia política, mas, na visão da metrópole, é vista como mercado consumidor para produtos de alto valor agregado e exportador de commodities, gerando, assim, um desequilíbrio comercial.

Trata-se de um fenômeno surgido no século XX, a partir da independência das colônias europeias na África e na Ásia. De um modo geral, o endividamento foi a porta de entrada para o controle sutil de países subdesenvolvidos do Hemisfério Sul, não estando descartado o uso de propaganda, diplomacia, acordos internacionais, divisionismo e sabotagem política para manter intactos seus interesses.

A diferença do neocolonialismo para esse imperialismo econômico é que no neocolonialismo há presença militar e administrativa nas colônias. A exploração se dá precisamente através do comércio, com base na compra de matérias primas e entrega de produtos industrializados, com forte pressão contra a produção local, como ocorreu com a indústria têxtil na Índia, principal fonte de riqueza e autonomia econômica do país. No neocolonialismo não há autonomia econômica ou política.

Se o neocolonialismo data do século XIX, em muito se confunde com as colônias de povoamento. A diferença é que esse tipo de colonização é fortemente baseado no extermínio das populações locais, como aconteceu nos Estados Unidos.

No norte do território dos Estados Unidos estabeleceu-se o mais formidável modelo de colônia de povoamento, feito por populações vindas da Europa. Nesse modelo, estabelece-se uma população local que tem forte identidade com a metrópole, é leal à coroa, mas tem uma certa autonomia política e liberdade para multiplicar as atividades econômicas. Estavam lançadas as bases para o formidável desenvolvimento dos Estados Unidos, sobretudo a partir do século XX.

É claro que, além de exercer o poder político, mesmo que conferindo certa autonomia à colônia, a metrópole não abre mão de ter o controle do comércio, obrigando a primeira a consumir produtos vindos da segunda, pagar impostos à Coroa e restringir a exportação à mesma, ou aos seus interesses.

A colônia de exploração

A colônia de exploração é a forma mais primitiva de colonialismo. Como já foi falado, o pau-brasil e as pedras preciosas ilustram bem o que é esse modelo. Está baseada no comércio e no consumo e, à priori, não demanda maior estrutura local. A atividade consiste em extrair riquezas, embarcar e levar para a metrópole.

No Brasil, no início, a presença portuguesa era essencialmente militar e apoiada pelos jesuítas, cujo objetivo era estabelecer a religiosidade europeia entre os nativos. Ao mesmo tempo, os portugueses tentaram escravizar os índios. Quando houve uma evolução do modelo, estabelecendo-se no território brasileiro uma política de latifúndio para a produção agrícola, voltada para abastecer o mercado europeu, recorreram os portugueses à importação de escravos africanos para trabalhar nas plantações.

Em determinado momento, o modelo de exploração se confunde com o modelo de povoamento, já que a produção em grande escala demandava estruturas políticas e administrativas. Com isso, muitos europeus se imigravam para o Brasil em busca de oportunidades. Pode-se dizer, pois, que o povoamento surge no Brasil como consequência do próprio modelo exploratório.

São características do modelo de exploração a existência de uma forte carga tributária sobre a atividade local, voltada para abastecer os cofres da metrópole, e a total ausência de autonomia política ou econômica. A colônia só exporta para a metrópole e somente dela pode comprar.

Há de se reparar que sempre estará presente o desequilíbrio econômico como fator de dominação. O que caracteriza o modelo de exploração em relação aos demais é a completa submissão da colônia à metrópole. A colônia só existe enquanto fonte de recursos para abastecer o poder central, no caso do Brasil, a Coroa Portuguesa.

This post was last modified on 7 de agosto de 2018 15:51

Resumo Escolar

Share
Publicado por
Resumo Escolar

Recent Posts

Vaquita: conheça o mamífero mais raro e um dos mais ameaçados do mundo

A face simpática – mostrando quase um sorriso – não traduz a dimensão da ameaça…

3 de maio de 2024

As frases mais importantes da história da humanidade

“Se uma imagem vale mais que mil palavras, então diga isso com uma imagem”. Essa…

29 de abril de 2024

Nacionalidade ou naturalidade: qual a diferença?

Nacionalidade e naturalidade são conceitos fundamentais para compreendermos a origem e os laços de um…

25 de abril de 2024

Como calcular porcentagem

Oi! Hoje vamos aprender sobre porcentagem. Sabe, é como dividir algo em partes e expressar…

4 de abril de 2024

Geleia ou geléia? Qual a forma correta de se escrever.

Então, vamos direto ao ponto: como escrever "geleia" corretamente? Com as mudanças ortográficas, ficou mais…

4 de abril de 2024

O que é Etinia

O conceito de etnia é intrincado e multifacetado, permeando o estudo da Antropologia, a ciência que investiga a…

3 de abril de 2024