República da Espada

Basta observar atentamente o nome desse momento histórico do Brasil para compreender que a República da Espada, de algum modo, envolvia a presença de ações políticas e formas de emprego do poder que se faze representar por esse elemento bélico tão repleto de significados e tão cheio de leituras possíveis.

A bem da verdade, podemos encarar a República da Espada como a primeira ditadura de caráter militar que o Brasil vivenciou. Ela se deu no período histórico de 1889 a 1894, e foi o ponto de partida para que o Brasil se livrasse de sua monarquia já decadente até então. O império, naquele momento há muito já deixava de representar os interesses dos cafeicultores brasileiros, principalmente aqueles que eram os líderes do grupo, os paulistas. Depois da abolição da escravidão, a monarquia perdeu completamente o respaldo que lhe era dado pelos antigos fazendeiros escravocratas.

República da Espada

Nesse momento, convém dizer, o café já era o principal produto de exportação brasileiro e, portanto, era o grande ícone do desenvolvimento econômico do país. É difícil compreender uma lógica econômica tão restrita hoje em dia, uma vez em que vivemos em um mundo bastante globalizado e em um país de industrialização também desenvolvida. Mas vale fazer um esforço e pensar no tamanho e na importância que esse elemento único deveria ganhar frente às decisões de poder de caráter nacional, uma vez que ele havia se tornado quase que o símbolo de todo o poder de trabalho da nação. Por conta disso, também não é difícil conceber que, nesse contexto, os interesses dos cafeicultores estavam sempre na ordem do dia quando pensamos na escala de prioridades política enfrentadas pelo Brasil naquela época.

O fato é que, diante desse cenário de profunda insatisfação com a monarquia, uma junta militar cujo principal líder era o Marechal Deodoro da Fonseca deu um golpe no estado monárquico, proclamando de vez a república no Brasil. É importante ressaltar para compreensão profunda do fato que a proclamação da república brasileira foi, por assim dizer, um golpe militar. Esse agrupamento militar que encabeçou a ação estava imbuído de um espírito bastante positivista, bebendo na fonte dos principais pensadores da época, sobretudo o francês August Comte.

Quando ocorre o golpe, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, o imperador Pedro II não oferece nenhum tipo de resistência à ação, sabendo que aquela era uma consequência natural das ações que estavam sendo polemizadas pela elite cafeicultura brasileira e da própria conjuntura mundial que assistia cada vez mais o esvaziamento das monarquias como forma legítima de poder político. Junto do Marechal Deodoro, o marechal Floriano esteve na linha de frente desse golpe, tornando-se o vice presidente da República.

O governo Deodoro

O marechal Deodoro assumiu o poder político tornando-se o primeiro presidente da República no Brasil. Mas, tão logo assumiu, percebeu que havia recebido um grande problemas nas mãos. Administrar um Estado nacional do porte do Brasil não era uma tarefa para qualquer um e, ciente de sua incapacidade política e cada vez mais impactado por problemas de saúde que lhe afligiam há algum tempo, o marechal Deodoro foi sucumbindo à pressão exercida pelos diversos e graves problemas políticos e econômicos que tomavam conta do país na época. Atritos frequentes com a oligarquia cafeeira, que queria tomar o poder para si, formaram um coro com as greves que se estendia pelo país por conta da inflação cada vez mais desenfreada. Além disso, a “Revolta da Armada”, protagonizada por membros da marinha que não aprovavam os poderes ditatoriais do exército e ainda sofriam uma forte influência monarquista, fez com que houvesse uma espécie de desmoralização contundente de Deodoro. A somatória de todas essas ações fez com que o primeiro presidente da República renunciasse no mesmo ano em que assumira a tarefa, deixando-a para o seu vice e sucessor, o marechal Floriano.

O governo Floriano

Com a renúncia de Deodoro, o marechal Floriano assume o poder e torna-se o segundo presidente da República do Brasil. Ele entraria para a história sendo conhecido como o “Marechal de Ferro”, por conta de suas posições extremamente rígidas e intolerantes frente à oposição que se formava contra o seu governo. Tal postura se expressa em ações como o sufocamento do “Manifesto dos 13 generais”, espécie de carta pública que pedia a convocação de eleições para a presidência da república. Em resposta a essa atitude considerada ousada e impertinente, o marechal Floriano afastou os 13 militares envolvidos na publicação do manifesto de seus cargos, o que fez com que ele ganhasse um significativo repúdio político que lhe acompanharia até o final de seu mandato. Em 1893, finalmente é realizada uma nova eleição para escolher o presidente da República e o marechal Floriano falha na hora de apresentar seu sucessor, fazendo com que Prudente de Morais, líder da causa republicana e ícone do povo paulista, passe a ser o novo presidente do Brasil.