Roma Antiga e seus problemas urbanos

História,

Roma Antiga e seus problemas urbanos

Fundada em 735 a.C. a cidade de Roma é considerada uma das primeiras cidades bem-sucedidas e organizadas da história do Ocidente. Tomando como base as principais características da civilização grega, Roma aprimorou a religião, os costumes, a política, a organização da cidade e do comércio e, desta forma, se tornou uma cidade exemplar que era a capital de um gigantesco império que ia desde a Península Ibérica até o Egito e a Síria.

Em seu ápice, a cidade de Roma chegou a ter quase dois milhões de habitantes. Este grande contingente era formado por pessoas de várias classes sociais: camponeses que perderam o emprego nas lavouras devido à escravidão, artesãos, saltimbancos, plebeus, nobres e políticos. A divisão de classes era bem visível e definida: enquanto a elite possuía palácios e grandes residências para morar, a maioria da população se amontoava em edifícios de vários andares com apartamentos minúsculos sem banheiro e sem cozinha. Estava claro que era uma questão de tempo até os problemas urbanos começarem aparecer.

 Roma Antiga

Tratamento de esgoto e saúde pública

A Roma Antiga é conhecida por suas notáveis obras de arquitetura e engenharia para benefício da população da cidade. Aquedutos engenhosos e incríveis, jardins especiais, estádios (como o Coliseu), entre outras obras eram especialidades dos romanos. No entanto, grande parte destas obras era criada para benefício da elite. As redes de esgoto, construídas para recolher e dar destino correto aos dejetos das casas, eram exclusividade de bairros nobres.

Os problemas urbanos de Roma começaram aí: sem uma rede de esgoto que abrangesse toda a cidade, muitas pessoas simplesmente jogavam seus dejetos pelas janelas de seus apartamentos. Além de fazer com que as ruas tivessem um mau cheiro insuportável, este tipo de atitude aumentava os riscos de doenças por contaminação.

Este é um problema que puxou outros: com mais pessoas doentes, muitas pessoas não tinham chances de receber tratamento médico. Naquela época a medicina ainda não era avançada e muitos simplesmente padeciam porque as pessoas não sabiam o que fazer. Além disso, apenas os nobres tinham algum amparo medicinal, o que evidenciava ainda mais o abismo entre as classes na Roma Antiga.

Boom populacional, falta de espaço, infraestrutura saturada

Estes três termos eram a base dos problemas urbanos da Roma Antiga. A infraestrutura da cidade não crescia na mesma velocidade que a sua população urbana. Cada vez mais edifícios eram construídos para suprir a demanda de habitantes, mas isso não era suficiente: as ruas estavam abarrotadas de comerciantes, clientes, artistas e outros trabalhadores. Carruagens dividiam espaço com pessoas, o trânsito de pessoas e veículos (carruagens e outros tipos de transporte) era intenso demais, o que gerava grande desconforto entre os habitantes.

Com tantos problemas urbanos os plebeus começaram a pensar que poderiam reivindicar melhorias e condições mais dignas de vida. Com isso começaram várias revoltas da plebe romana. Constantes manifestações eram contidas violentamente pelo exército romano. No entanto, para evitar que as revoltas aumentassem e continuassem, o império desenvolveu uma nova política para entreter seus habitantes: foi a política do Pão e Circo. Foi nesta época que o coliseu foi construído e as lutas de gladiadores começaram a ser mais um espetáculo. Nestes eventos o povo podia comparecer e lá recebiam alimentos. O imperador conseguia manter o povo sob controle.

Mesmo com esta política populista, o império romano não conseguiu sobreviver para sempre. A capital, Roma, sofreu um processo de “esvaziamento” por conta da insatisfação popular, das invasões de outros povos (chamados de povos bárbaros) e da proliferação de doenças e pestes. Perto do seu fim, o Império Romano do Ocidente (onde a cidade de Roma estava localizada) tinha muitas cidades “vazias”. Roma tinha pouco mais de vinte mil habitantes no século V. Mesmo assim, muito da sua infraestrutura continuou preservada por muitos anos.

Atualmente é possível ver vestígios das construções colossais e extremamente funcionais do tempo da Roma Antiga. O coliseu é um dos principais exemplos disso. Aquedutos, sistemas de irrigação, a organização da cidade, com fórum, igrejas e outras construções e outras estruturas ainda são visíveis para quem mora ou visita a Roma atual.

Para quem pensa que os problemas urbanos são exclusivos dos últimos trezentos anos, o exemplo da Roma Antiga é uma prova de que o ser humano já não conseguia suprir as suas próprias necessidades urbanísticas por completo desde a Antiguidade. Olhar para trás deve ser uma forma de encontrar uma solução para problemas atuais da grande maioria das cidades, principalmente as cidades de países em desenvolvimento. Muito além da simples organização do espaço, da criação de infraestrutura adequada e da beleza arquitetônica das obras públicas está a questão do bem-estar da população que vive nas grandes cidades: hoje ainda existem classes sociais, mas todos precisam ter acesso à infraestrutura básica para que não sofram como os habitantes menos favorecidos da Roma Antiga sofreram.

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