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O tempo na Literatura: Elementos da narrativa

Quando se fala em tempo logo pensamos no presente, passado e futuro. Mas o tempo tal qual o conhecemos é respeitado na Literatura?

Para diversos estudiosos o tempo na Literatura não é cíclico – aquele definido pelas mudanças da natureza. Contudo, também não é o tempo histórico que abarca as contradições e diversas mudanças culturais e sociais. Também não se pode dizer que o tempo da Literatura é um tempo de sentimentos que cada ser humano vivencia dentro de si.

Mas então, qual o tempo na literatura?

Acredita-se que a resposta a essa pergunta se encontra nas permanências e rupturas, também na destruição e construção dos acontecimentos que se sucedem.

Entendendo Melhor

Para falar sobre o tempo tomemos como referência o teólogo e filósofo Santo Agostinho que disse: “é impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Talvez seja correto dizer que os tempos são assim classificados: presente das coisas passadas, presente das presentes e presente das futuras”.

Portanto, para Santo Agostinho a classificação – presente, passado e futuro – é rasa, ou até mesmo insuficiente para definir o que seja o tempo. Além disso, para o teólogo o passado nada mais é do que algo que já não existe mais, portanto irreal, enquanto o futuro seria algo não concretizado, sendo assim, sem possibilidade de mensurá-lo.

Num conceito mais amplo, e porque não dizer, mais filosófico a Literatura não poderia ser simplesmente definida por um único tempo devido a sua capacidade de extrapolar ou ir além do chamado tempo cronológico. Afinal diversas obras sobrevivem ao tempo, e mesmo escritas há milhares de anos ainda são de uma atualidade inquestionável.

Para Santo Agostinho o tempo não passa de uma mera ilusão, apenas uma sequência de acontecimentos.

A ação narrativa e suas diversas possibilidades temporais

Oposto a Literatura o tempo na narrativa pode ser mais facilmente identificado, inclusive o tempo é um dos elementos essenciais da narrativa acompanhado pelo espaço, os personagens e o foco narrativo. Vamos então a cada um desses elementos:

Elementos da narrativa

Espaço: Em uma narrativa o espaço pode se configurar de quatro formas, sendo elas: Espaço ou ambiente físico (o cenário das ações, local onde os personagens se movimentam); Espaço social (representado pelos figurantes, local de convivência e interação); Psicológico (interior do personagem, seus pensamentos, vivências e emoções), e por fim, espaço ou ambiente (local que determina os eventos narrados).

Personagens: Tudo o que ocupar um espaço e praticar uma ação é considerado personagem. Os personagens são divididos da seguinte maneira: Principal ou protagonista (aquele que desempenha o papel central, suas ações são de extrema importância para o desenrolar da narrativa); Secundários (igualmente importantes para o desenvolvimento das ações, mas, ocupam o segundo lugar na escala de importância), e o Figurante ( aqueles que ilustram espaços e ambientes).

Foco Narrativo: Nada mais é do que o ponto de vista pelo qual uma história é contada, podendo ser de dois tipos, o do narrador (aquele que conta a história a partir de uma perspectiva de fora, geralmente em terceira pessoa) e o do personagem (que conta a história a partir da perspectiva de quem a vivencia, geralmente em primeira pessoa).

Por fim, temos o tempo que dentro de uma narrativa é definido da seguinte maneira: Tempo cronológico, ou, tempo da história (Sequência cronológica dos acontecimentos narrados); Tempo histórico (aquele que se refere ao contexto histórico em que a história ocorre); Tempo psicológico (algo subjetivo, sentido pelo personagem); Tempo do discurso (a maneira como o narrador escolhe contar a história, pode ser por ordem linear, com alteração de ordem temporal, ou ainda seguindo um ritmo específico para cada acontecimento).

Importância do tempo na Literatura

Como já mencionado a importância do tempo não reside apenas no fato de ser ele o responsável por definir muitas das ações que acontecem em uma história. O tempo também está presente na narração e no discurso dos personagens ele influencia na maneira como os fatos são apresentados aos leitores.

Não apenas quem escreve, mas quem conta ou ouve recorre a essa interação que o tempo proporciona interação esta que pode ser quantificada, em séculos, anos, meses, dias horas, ou mesmo segundos.

Também há quem prefira não delimitar um tempo específico deixando a cargo de seu leitor identificar, por meio de pistas – por exemplo, os costumes, as roupas e o modo de falar – a que tempo aquela história pertence.

O tempo na literatura e também nas narrativas é um elemento em progresso constante que sofre mutações e influências de todos os tipos. Para muitos escritores é o tempo que permite o jogo de transformações e criações, e sem dúvidas é graças a ele que diversas obras são eternizadas.

Mas não há que se negar, apesar de querer ser eterno, muitas vezes o tempo é considerado provisório, até porque não existem conceitos que o definam integralmente.

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