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Todas as faces de Camões: Drama e Lírica

Vocês já ouviu falar da expressão eu-lírico? Todas as pessoas têm esse personagem dentro de si. É sua consciência, sua manifestação de pensamentos, sua voz interior falando com o mundo. É por isso que nos romances existe um narrador que conta ao leitor seus pensamentos de forma detalhada e sentimental na chamada prosa ou poesia lírica. Os gêneros líricos fazem uma conexão com subjetividade e toda a estrutura do texto é fundamentada na descrição de emoções e sentimentos. Por isso, existe uma riqueza nos detalhes, na linguagem, nas palavras utilizadas… Como o narrador sabe exatamente o que está acontecendo dentro dele, pode transmitir com perfeição para o público.

Existem algumas modalidades de texto que fazem parte desse gênero. São eles: a ode, o hino, o soneto, a elegia, o idílio, a écloga, epitalâmio, a sátira, etc. Esses também são exemplo de textos escritos na primeira pessoa onde o personagem principal assume o papel de narrador e conta minuciosamente seus pensamentos e sensações.

Já os textos dramáticos são redigidos para representações teatrais. Mais do que uma fusão de sentimentos, esses roteiros são escritos voltados para encenações. Não existe um narrador e não existe um texto de apoio indicando como as expressões devem ser pronunciadas. Não temos esse acesso à mente e à alma das personagens principais encontradas no texto lírico. Esse gênero é subclassificado como tragicomédia, mistério, a vaudeville, os haicais, a poesia de cordel, a comédia, drama, melodrama, a farsa, tragédia, mistério, pantomima, etc. Abaixo, vamos explicar um pouco de como um dos maiores autores de todos os tempos aplicou com maestria os dois gêneros: Camões: Drama e Lírica

Apresentando Luiz Vaz de Camões

Agora, como falar de lírica e drama e não falar de uma das mais eminentes e importantes figuras da literatura de língua portuguesa, além de um dos maiores poetas do ocidente: Luiz Vaz de Camões? Esse autor possuía dois perfis, por isso fala-se bastante de Camões: Drama e Lírica.

Ninguém sabe, com certeza, sobre a vida de Camões: Drama e Lírica. Não existem registros históricos que comprovem o seu nascimento em Lisboa, sobre sua infância ou sobre seu ingresso na Universidade de Coimbra. Mas sabe-se que frequentou a corte de D. João III e que lá se sacramentou como um poeta lírico com inspiração única, além de estar envolvido com várias damas da nobreza e plebe. Assim como todos os escritores, Camões conhecia os prazeres doces e as durezas amargas da vida. Viveu com tamanha intensidade que proporcionou às suas prosas líricas uma realidade fora do comum. Por causa de um louco amor, se exilou na África e durante o serviço militar perdeu um olho. Voltou para Portugal e foi preso. Perdoado, partiu em direção ao Oriente. Em suas caminhadas e navegações que duraram anos, enfrentou obstáculos e adversidades como várias prisões e combates. Ao lado das forças portuguesas, escreveu a sua mais conhecida obra, a epopeia nacionalista Os Lusíadas.

O Camões: Drama e Lírica mostrou seu expertise lírico no momento em que escreveu tantos poemas na medida velha (redondilhas), como nas clássicas e na medida nova proposta pelo eminente estilo renascentista (sonetos, canções, elegias, dentre outros). Considerada lírica e épica, Os Lusíadas é uma das comprovações de que, em ambas as vertentes, Camões foi extraordinário e além do seu tempo.

A medida velha utilizada pelo autor durante sua mocidade ressaltou um pouco o Camões: Drama e Lírica que existe nas duas composições. As poesias dessa época são, de modo geral, brincalhonas, leves, de fácil recitação. Outras características delas são:

• Gênero populesco e folclórico

• Dimensões mais vastas – resultado evidente das suas grandes experiências pessoais e do seu talento comprovado

• Uso das antíteses

• Uso dos paradoxos que conferiam um toque particular às redondilhas já que transmitiam uma problemática nova e cheia de ambiguidades

• Uso de trocadinhos e imagens

• Magia verbal

Para entendermos mais do Camões: Drama e Lírica, precisamos também repassar a outra vertente adotada pelo autor em suas poesias. O estilo “novo” inspirado no estilo renascentista. Dotado desse conhecimento e desse contato com a escola italiana, o autor compôs a forma mais perfeita da sua lírica. Decassílabos e formas fixas do classicismo ajudam Camões a equilibrar o amor e a intensidade da vida com a disciplina. Esse lado do português Camões: Drama e Lírica é furto das suas desavenças amorosas. É uma obra-prima.

O poeta e filosofo usava como referência em suas obras alguns conceitos da filosofia de Platão que foram incorporados ao cristianismo por Santo Agostinho. A maioria dos seus sonetos utiliza a saudade metafísica, o tempo e a eternidade, o real e o ideal e a “reminiscência” amorosa. Exemplos:

• O paradoxo do amor – O amar e o querer: Camões mostra em suas obras que o amor humano pode ser divino.

• O “desconcerto do Mundo” ou o “mundo às avessas”: essa obra mostra que existe um mundo confuso e irracional que não mostra a verdadeira face aos anseios, os valores, razões e a realidade objetiva.

Camões dramaturgo

Camões adotou um estilo parecido com o teatro de Gil Vicente em algumas obras como “Filodemo e El-Rei Seleuco” e também em tons clássicos como em “Anfitriões”. Mas, na realidade, a grandiosidade da poesia cobria seu perfil dramático e alguns especialistas atestam que, comparado com os autores da época, Camões não produziu, de fato, obras dramáticas de grande relevância.

This post was last modified on 30 de março de 2015 11:35

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