Que: conjunção integrante e pronome relativo
Não basta saber a grafia correta de cada palavra e escrever textos impecáveis no quesito concordância. Para ser realmente “bom” em português, existe um tema muito importante presente em praticamente todas as provas de vestibular e concursos públicos: classes gramaticais das palavras. Em uma oração simples, composta por 5 palavras, podem ser encontradas até 5 classes gramaticais. Qualquer aluno, por menos que tenha estudado português, sabe qual a diferença de um substantivo para um verbo, por exemplo. São aspectos facilmente identificáveis da nossa língua. Porém, essa coisa toda começa a se complicar, conforme avançamos na vida escolar.
Após aprender a identificar facilmente “nomes” de objetos e ações, o advérbio, a conjunção e o pronome entram em cena. E é nessa hora que você, que só tirava 10 em português, começa a ter dúvidas quanto ao seu desempenho na matéria. Mas não se desespere! Embora pareça complicado à primeira vista, assim como você aprendeu as primeiras classes gramaticais, também conseguirá entender as demais. É necessário ficar atento para identificar a qual classe pertencem as palavras, porém há algumas que podem ser classificadas em mais de uma classe gramatical, dependendo do contexto em que são aplicadas. Você sabe a diferença entre uma conjunção integrante e um pronome relativo?
Talvez você já tenha ouvido falar tanto em conjunção integrante quanto em pronome relativo em algum momento em sala de aula, mas não tenha entendido muito bem o que significam esses termos. Primeiramente, vamos à definição de cada um desses termos:
*Conjunção é a palavra que “liga” uma oração à outra ou os termos dentro de uma frase. Conjunção integrante é aquela utilizada para iniciar uma oração subordinada, com função de objeto direto ou indireto, sujeito, complemento nominal, predicativo ou aposto da oração principal.
*Pronome é a palavra que representa um nome, com a função de substantivo, adjetivo, ou a oração que a segue ou precede. Para entender o que é um pronome relativo. Imagine duas orações nas quais um determinado termo é citado. Pense o quanto ficaria repetitivo dizer, por exemplo: “Pedro é meu vizinho. Pedro estuda comigo”. Você já viu alguém falar ou escrever assim? Provavelmente não. Eu diria: “Pedro é meu vizinho que estuda comigo”. Viu só como soa melhor? Portanto, o pronome relativo nada mais é do que a palavra que substitui, na segunda oração, um termo já mencionado na primeira.
Lembra que falamos, lá no comecinho deste texto, que há palavras que podem encaixar-se em mais de uma classe gramatical? Pois bem, é sobre uma dessas palavras, em especial, que vamos falar: QUE. O termo “que” pode ser aplicado tanto como conjunção integrante quanto como pronome relativo. Entenda a diferença.
Que com a função de conjunção integrante
Conforme já dissemos acima, uma conjunção integrante inicia uma oração subordinada. Vamos a um exemplo:
Na frase: “É imprescindível que você siga as orientações” a primeira oração “É imprescindível” não faz sentido sozinha, ela exige um complemento. É aí que entra a oração subordinada substantiva subjetiva. O que é imprescindível? Resposta: “que você siga as orientações”.
Analisando o período, note que não há verbo antes da palavra “que”, portanto ele não substitui um nome já citado. É usado para introduzir a oração subordinada no período. Portanto, em orações que podem ser classificadas como a acima, o “que” desempenha o papel de conjunção integrante. Agora que você já entendeu quando o termo “que” é uma conjunção integrante, vamos à aplicação dessa palavra em outra classe gramatical.
Que com a função de pronome relativo
Existe outro uso muito comum para o termo “que”: com a função de pronome relativo. Para entendermos melhor, vamos a um exemplo: “O homem, que é mortal, acaba virando pó”.
Temos duas orações: “O homem é mortal” e “O homem acaba virando pó”. Mas novamente seria muito estranho falar assim. Neste caso, unimos ambas as orações em um só período, no qual o termo “que” substitui o substantivo “o homem” na segunda oração. A frase “que é mortal”, neste caso, funciona como aposto. E o termo “que” funciona como pronome relativo.
Vamos a outro exemplo: “Os alunos que atingiram a média já estão de férias”. Se a palavra “que” fosse substituída por “os quais”, o sentido da oração não se alteraria: “Os alunos os quais atingiram a média, já estão de férias”. Note que neste caso, o termo “que” substitui o substantivo “os alunos”. Quem atingiram a média? Os alunos. Entenderam?
Porém, diferentemente do exemplo anterior, neste período o pronome relativo “que” introduz uma oração subordinada adjetiva restritiva, pois todos os homens são mortais, porém neste segundo caso, fica implícito que nem todos os alunos atingiram a média. E ainda que somente os alunos que atingiram a média já estão de férias. Os outros, não! Daí a função da oração em restringir qual é o grupo de alunos que está de férias.