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Um estudo acerca das letras C e Ç

Não são raras as vezes em que nós nos confundimos na hora de escrever uma determinada palavra. Se, na maioria dos casos, o que nos coloca em dúvida são as variações acerca do “m” e do “n”, ou ainda, se naquela palavra em questão devemos usar um “x”, um “s” ou um “c”, também são recorrentes as situações em que a dúvida se faz presente acerca da utilização da chamada “cedilha”, isto é, aquele sinalzinho colocado abaixo da letra “c” com o intuito de diferenciar a sua sonoridade da sonoridade padrão que geralmente empregamos em sua leitura, dessa vez aproximando-a da sonoridade da letra “s”.

Regras gramaticais de utilização

A bem da verdade, ainda que uma língua seja praticamente um ser vivo em constante movimento de diferenciação e reconhecimento, podemos muito bem identificar alguns aspectos que surgem como modelos recorrentes diante das mesmas situações em questão. Em outras palavras, é possível compreender a utilização dessa mesma letra sob sonoridades diferentes mediante algumas regras básicas da gramática.

Entretanto, é preciso sempre ter em mente, quando falamos de “regras ou leis gramaticais”, que essas não se dão em um contexto estanque de utilização, e nem precisam ser necessariamente decoradas para que sua utilização seja efetiva. Isso porque, no decorrer do aprendizado de uma língua, são muitas e muito diferentes as influências que nós recebemos: elas surgem a partir da leitura, da escuta, e da visualização. Portanto, é muito mais intenso o impacto do aprendizado por essas mídias designadas do que a memorização de determinadas leis gramaticais.

Ainda sim, podemos utilizá-las como parâmetro para que o aprendizado seja regulado, isto é, possa ser equiparado com noções mais corpóreas a respeito das definições de utilização.

Podemos levar em consideração, portanto, os seguintes aspectos de utilização das letras “c” e “ç”.

1) Podemos empregar a letra “C” quando nos encontramos diante das seguintes situações:

a) Mediante as vogais “e” e “i”, cujo som é representado pelo fonema /s/.

Exemplos:

– cidade
– cedo
– meiguice
– precioso

– cidadã
– cinema
– cerimônia
– cinismo
– cera
– civilizado

b) Também quando nos encontramos depois dos chamados ditongos.

Exemplos:

– coice
– foice
– prece
– enlace
– mesmice
– carece
– carícia

2) Já no outro caso, podemos empregar a letra “Ç” quando nos encontramos diante das seguintes situações:

a) Em algumas palavras cujar origem é proveniente do árabe, do tupi ou de alguns dialetos reconhecidamente africanos.

Exemplos:

– muçulmano
– miçanga
– paçoca
– caçonga
– peçonha
– açaí
– açúcar
– caiçara
– açafrão
– açude
– açouge
– moçárabe

b) Quando temos, no caso, alguns sufixos que são representados por -aça, -aço, -uça.

Exemplos:

– mulheraça

– amigaço
– dentuça
– abraçaço
– panelaço
– beijaço

c) Em algumas outras circunstâncias, quando temos sufixos representados por -açar, -içar.

Exemplos:

– caçar
– espreguiçar
– estilhaçar
– dançar
– começar
– coçar
– atiçar
– içar
– abraçar
– enlaçar

d) Em alguns vocábulos que são constituídos a partir das terminações: -ção, -ança, -ença.

Exemplos:

– criação
– criança
– crença
– andança
– presença
– canção
– coração
– doença

A história da cedilha

A origem da cedilha, na realidade, é espanhola. Grafar a cedilha no “c” é uma ação paralela a tornar essa letra um pequeno “z”. A grafia atual desse pequeno sinal na palavra teve sua verdadeira origem na chamada “escrita gótica medieval”, e sua utilização é devida à grande restrição presente no alfabeto latino. Mas é salutar afirmar com categoria que o nome da cedilha provém incontestavelmente da língua espanhola, e foi cunhado primordialmente no século XVII.

Apesar dessa origem, a língua espanhola abandonou de vez o uso da cedilha durante o século XVIII. Esse fato ocorreu porque o “ç” foi trocado de vez pelo “z” ou simplesmente pelo “c” mesmo, sempre antes das letras “e” e “i”. Algumas outras línguas que tem uma sonoridade próxima do espanhol, como é o caso do catalão, do francês e, inegavelmente, do português, optara por conservar a cedilha. No caso específico do português, a inserção e consequente manutenção da cedilha acabou por se tornar uma maneira eficaz e consensual de conseguir fomentar uma regulação conveniente e definitiva a um problema que já existia em nossa língua: a pronúncia ambígua do “c” latino. A bem da verdade, se o “ç” procede a letra “a”, a letra “o” ou mesmo a letra “u”, o mesmo não ocorre com o “c” comum, que quando precede essas mesmas letras possui um som semelhante a letra “k”. Podemos compreender a partir daí que o “ç” torna-se uma espécie de “símbolo de” preservação” do passado da língua, pois nos ajuda a manter a coerência gráfica do português, e torna a língua menos ambígua em sua relação entre fala e escrita.

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