Cristianismo Primitivo

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Cristianismo Primitivo

O Cristianismo hoje engloba regiões monoteístas, ou seja, que acreditam em um único Deus (Criador de todas as coisas) e que têm como um de seus principais fundamentos a crença em Jesus Cristo, sua história e em seus ensinamentos, que estão descritos no Novo Testamento. Para os cristãos, Jesus Cristo é o messias, o Filho de Deus. Mas o que vamos analisar agora é o Cristianismo Primitivo, uma fase específica dessa doutrina.

O que é o Cristianismo Primitivo?

É a fase do Cristianismo que vai do ano 30 d.C., logo depois da ressurreição de Jesus, até aproximadamente 300 d.C. e é também conhecida como Era Apostólica.

Cristianismo

Antes de entrar especificamente no assunto é importante retomar, ainda que brevemente, o histórico do Cristianismo. O povo judeu estava sendo dominado pelo império romano quando surge a figura de Jesus Cristo, um profeta que nascera em Nazaré (na Galileia) e apareceu antecipando uma profunda reforma religiosa e indo contra alguns princípios do próprio judaísmo, por isso, pode-se dizer que Jesus foi uma figura polêmica.

Pregando o amor e a caridade, Jesus ensinava ainda a ideia de igualdade entre os homens, desapego aos bens materiais e era contrário à adoração dos imperadores romanos. O Judaísmo já era de tradição monoteísta e isso foi mantido. Cristo trouxe ainda as ideias de esperança e de salvação para o mundo todo, sem discriminação.

A elite romana não simpatizava muito com a figura de Jesus, afinal, vivia imersa em um mundo de luxo e ostentação. Por outro lado, as camadas mais pobres, formadas predominantemente por camponeses, colonos e escravos, viram no profeta a esperança de redenção após tanto sofrimento e miséria. Assim, pouco a pouco os cristãos, ou seja, aqueles que seguiam Cristo começaram a se insubordinar aos mandos e desmandos dos romanos e passaram a ser perseguidos.

Muitos cristãos foram torturados e mortos, mas não abandonaram a sua crença justamente pela esperança de salvação pregada por Jesus para quem honrasse o nome de Deus. Jesus foi crucificado, ressurgiu (de acordo com o próprio Cristianismo) e a sua mensagem continuou por meio de seus discípulos e seguidores. Os cristãos continuaram a ser perseguidos até o ano de 313, quando o imperador Constantino resolveu permitir a manifestação dessa crença, já que ela estava servindo como um conforto para os cidadãos em meio à crise que o império atravessava.

Portanto, a era do Cristianismo Primitivo compreende toda essa fase de perseguição que os cristãos sofreram nas mãos dos romanos, até que fossem autorizados a praticar o seu culto.

Durante esse período, as igrejas cristãs ainda estavam sendo construídas, boa parte delas, em Jerusalém sob orientações dos apóstolos de Cristo, como Tiago e Lucas, por exemplo. Os primeiros cristãos eram judeus ou os chamados gentios, convertidos ao judaísmo. Vale lembrar que dentro do império romano propriamente dito, havia cerca de 30 mil cristãos já no século IV, eles não eram a maioria. Mas o império estendia seus domínios até os locais em que essa fé era mais forte, especialmente a partir da região do leste europeu.

A conversão de Constantino

Como dissemos, os cristãos foram durante muito tempo impedidos de praticar sua fé sob os domínios do império romano, porque com isso iam contra o princípio de adorar os imperadores e se submeter a eles como se fossem deuses, mas tudo mudou com Constantino.

Os relatos dizem que o próprio imperador Constantino se converteu ao Cristianismo no século IV, por ter tido uma visão sagrada, pouco antes de uma luta importante (a Batalha da Ponte Mílvia). Unindo essa suposta visão com o fato de que o imperador conquistou vitórias, teria sido o suficiente para que ele se convertesse à fé cristã.

É difícil explicar os motivos dessa possível conversão do ponto de vista lógico e racional, principalmente considerando que Constantino não vinha da região do leste europeu, onde essa doutrina era mais forte. Por isso, muitos acreditam que a questão da própria espiritualidade em si seja a única explicação.

É claro que não se pode negar o fato de que no século IV o império passava por uma séria crise. As pessoas, desesperadas, utilizaram a sua fé para buscar conforto e para se fortalecerem, por isso, talvez não fosse uma decisão inteligente continuar impedindo que elas fizessem isso. Esse contexto também impactou na liberação do culto cristão em 313, no Édito de Milão.

O Primeiro Concílio de Niceia (325) é o marco final do Cristianismo Primitivo. Com ele, o imperador colocou o nome de Cristo nos escudos de seus soldados, inseriu símbolos cristãos na moeda, além de outras medidas que fortaleceram o Cristianismo. Como consequência disso, o número de fiéis aumentou, a Igreja Católica se fortaleceu e ganhou uma estrutura hierarquizada, que permitiria que ela se tornasse a principal entidade durante a Idade Média, inserindo o Cristianismo em uma nova e diferente era.