Suprematismo: As obras e seus significados

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Suprematismo: As obras e seus significados

O Suprematismo foi um movimento de arte abstrata, de origem russa que surgiu em meados de 1913, tendo sua organização teórica no ano de 1925 com o manifesto “Do Cubismo ao Futurismo ao Suprematismo: O novo Realismo na Pintura” escrito em 1915 por Kazimir Malevich e pelo poeta Vladimir Maiakóvski.

Referências

As principais referências do movimento são as figuras geométricas primordiais, o círculo, o quadrado e o retângulo.

Suprematismo

Além disso, pode-se que dizer que o Suprematismo relaciona-se diretamente com Kazimir Malevich, seu criador, e também, às pesquisas executadas pelas vanguardas russas no início do Século XX (o Raionismo de Mikhail Larionov e Goncharova e o Construtivismo de Vladimir Evgrafovic Tatlin).

O Suprematismo defende uma arte totalmente liberta do comprometimento com uma visualidade plástica, o movimento rompe com qualquer ideia de imitação seja da natureza, da luz, ou mesmo das cores naturalistas, totalmente ao contrário do que propunha o Impressionismo. Também ia contra todas as referências do Cubismo.

Entre os conceitos visitados por Malevich durante a produção do manifesto estão as teorias acerca do realismo de P.D. Ouspensky, matemático e místico russo. Ouspensky defendia que por detrás do mundo real que conhecemos existe um outro mundo que vai além daquilo que os sentidos humanos conseguem perceber.

Portanto, o Suprematismo seria um representante dessa outra dimensão, um “mundo não objetivo”. Este foi o primeiro movimento deste tipo de esfera artística a fazer parte do Modernismo.

As obras e seus significados

Tão logo o Suprematismo surgiu, Malevich tornou público a obra “Quadrado preto sobre um fundo branco” (1914-1915), de sua autoria. A peça podia ser visitada na exposição “O Alvo”, em Moscou.

Outras obras suprematistas foram vistas pela primeira vez em: “A Última Exposição de quadros Futuristas Zero Dez”, ocorrida em dezembro do ano de 1915 em São Petersburgo. Tais peças trouxeram à público a combinação entre formas geométricas básicas, como o quadrado, a cruz e o retângulo, aliadas a uma pequena paleta de cores.

Características como formas puras e a uma geometria simples tornaram-se marcas registradas nas obras do Suprematismo. Também era notória a predominância de tons brancos, cinzas, vermelhos (a cor símbolo da Revolução) e pretos, além da junção entra arte, arquitetura e a escultura, e por fim, a utilização de planos horizontais verticais inclinados.

Já desde 1910 a produção do movimento ia ao encontro de vanguardas européias, tais como o Cubismo, visto nas obras inicias de Picasso, e também, o Futurismo aliado a um tipo de experimentação artística russa.

É a partir deste movimento que Malevich compromete-se com o abstrato e com pesquisas metódicas.

O simbolismo e o contexto social

Para muitos historiadores e estudiosos da arte, o Suprematismo conseguiu, de forma magistral, simbolizar um universo totalmente subjetivo, uma fração do real que apesar de invisível aos olhos e a outros sentidos humanos ainda sim era concreta.

A partir do ano de 1915 o Construtivismo e a arte suprematista se transformam em dois movimentos que encabeçam um ideal revolucionário russo defendido por Mayakovsky, que posteriormente serviu como instrução governamental de Lênin.

O movimento não se reduz apenas a Malevich

Apesar de o mentor do movimento estar intimamente ligado ao Suprematismo, os resultados trazidos por essa arte vão além desse artista. El Lissitzky, Lyubov Popova, Ivan Puni e Aleksandr Rodchenko são grandes nomes influenciados pelo reverberar da arte suprematista.

Além disso, o movimento teve uma forte entrada no continente europeu levando suas referências e influências ao nível das artes visuais, o mobiliário, a arquitetura, a tipografia e até mesmo o design.

Malevich já era um artista extremamente conhecido quando resolveu mergulhar de cabeça no Suprematismo. Obras cubo-futuristas e a participação em diversas exposições são apenas alguns exemplos do que ele carregava em seu portfólio.

O fim do movimento suprematista ocorreu em 1918 quando Malevich acreditou que o projeto já tinha se esgotado. Posteriormente o artista passa a se dedicar ao ensino, a escrever e também à construção de modelos de terceira dimensão que mais tarde teriam grande influência no construtivismo.

Boa parte da obra deste artista esteve presente no Brasil no ano de 1994 durante a 22ª Bienal Internacional de São Paulo, que apresentava como eixo conceitual a “Ruptura de Suportes”, nada mais apropriado ao Suprematismo, diga-se de passagem.

Não há que se negar que o Suprematismo influenciou profundamente muitos artistas russos e diversos outros europeus. O movimento significou algo totalmente autônomo que ia ao encontro do que, até então, era pouco conhecido: o desprendimento com as formas.

Talvez o que mais impressione no Suprematismo seja realmente seu desprendimento com a práxis, e seu esforço em não adotar formas, ou gestos físicos da natureza, da luz e da cor. Uma arte totalmente revolucionária que influenciou gerações e gerações de grandes artistas. Uma arte totalmente despojada e livre de amarras, definido por Malevich como uma “supremacia do sentimento ou da percepção pura na arte criativa”.