Charles Dickens
Por uma questão de soberania nacional e mesmo falta de tempo, no currículo – documento educacional que contém quais os temas que deve ser trabalhado em sala de aula – da grande maioria das escolas brasileiras, tanto as do sistema público quanto as do sistema particular de ensino, só é ensinada a literatura portuguesa e literatura brasileira (que até o século XVIII podemos considerar também como literatura portuguesa, já que o Brasil ainda era uma colônia).
Com esta afirmação, não estamos querendo questionar a qualidade da literatura desses dois países, muito pelo contrário, já que grandes obras literárias, conhecidas ao redor do mundo, foram produzidas por escritores brasileiros e portugueses. O que queremos dizer que é que o universo da literatura é muito mais amplo que isso e ninguém melhor que Charles Dickens para confirmar nossa afirmação. Neste breve texto vamos abordar sua vida e vasta obra.
O autor 1
Charles Dickens é na verdade uma maneira econômica de chamar o autor, já que seu nome completo é Charles John Huffam Dickens. O autor nasceu em 7 de fevereiro de 1812, em Landport, Inglaterra. A época de seu nascimento é muito enigmática para que possamos entender sua obra, já que nasceu e viveu durante a era vitoriana da Inglaterra, período marcado por conquistas expansionistas e pela revolução industrial, que culminou na formação de uma importante classe média (sendo este o motivo da extrema popularidade da obra do autor). Ao lado de Shakespeare, Dickens é considerado como um dos autores mais populares do país.
Dickens trabalhou em um escritório e mais tarde em um tribunal, mas como essas funções não o agradavam decidiu começar a escrever romances e contos. Casou-se, teve dez filhos, e neste meio tempo suas obras ficaram mundialmente famosas, sendo um verdadeiro fenômeno editorial em um mercado que ainda não estava consolidado.
Nos últimos anos de sua vida, a produção literária do autor caiu, e ele passou a fazer leituras públicas de suas obras mais conhecidas, remontando à Grécia Antiga e a cultura da oralidade, atividade paradoxal se comparada ao aquecimento no mercado editorial em que suas obras provocaram. O autor faleceu em 1870, devido à morte cerebral. Atualmente, há dois museus dedicados ao autor.
A obra
Apesar de Dickens ter escrito muitos contos em vida, suas obras mais conhecidas do grande público são “David Copperfield” e “Oliver Twist”. A característica que perpasse toda a obra do autor é o fato da grande maioria delas serem publicadas em periódicos, o que permitia ao autor fazer alterações de tons, em periódicos, o que permitia ao autor fazer alterações de tons, personagens e tudo mais que julgasse pertinente devido à recepção do público.
Apesar de todo o reconhecimento que o autor goza, muitos críticos literários consideram sua obra como excessivamente melodramática e sentimentalista, pois, dentre outras coisas, não é incomum a morte de personagens que geram empatia no público. Por isso, muitos consideram Dickens como um autor voltado ao entretenimento, e não para a realidade.
Dickens foi um autor cuja obra era capaz de expor os problemas sociais que a Inglaterra enfrentava. A Revolução Industrial causou um grande êxodo urbano e a população começou a ser empregada nas fábricas têxteis. No entanto, todos eram submetidos a longas jornadas de trabalho em ambientes inadequados, inclusive as crianças, mão de obra barata e eficaz. “Oliver Twist” é sua obra em que essa característica é mais perceptível, já que trata da história de um órfão que passa por mil e uma aventuras, todas dramáticas e cheias de suspense, revelando a vocação que o autor tinha para o drama e o sentimentalismo, até conseguir a felicidade, isto é, ser adotado por alguém realmente capaz de lhe dar aquilo que lhe faltou durante toda sua vida.
Dickens também se aventurou por romances históricos, mas a história propriamente dita estava presente somente na ambientação, pois a grande maioria dos personagens eram todos fictícios. Mesmo assim, seu “Conto de Duas Cidades”, que se passa durante a Revolução Francesa, é um dos mais aclamados pelo público inglês.
O elemento biográfico está se faz presente nas obras do autor. Muitos criticam o andamento de sua narrativa, onde personagens são abruptamente mortos e o acaso sempre tem um papel fundamental, revelando situações pouco prováveis de acontecer na vida real. No entanto, a própria vida do autor foi surreal, já que ele teve uma infância rica, empobreceu, ganhou uma herança e depois conheceu e ganho fama em todo mundo devido a sua literatura. Sua própria história de vida denuncia o elemento biográfico de sua escrita.
Entre as principais obras do autor estão:
• The Pickwick Papers (1836);
• Oliver Twist (1837–1839);
• Nicholas Nickleby (1838–1839);
• The Old Curiosity Shop (1840–1841);
• Barnaby Rudge (1841);
• Martin Chuzzlewit (1843-1844);
• Dombey and Son (1846–1848);
• David Copperfield (1849–1850);
• Bleak House (1852–1853);
• Hard Times (1854);
• Little Dorrit (1855–1857);
• A Tale of Two Cities (1859);
• Great Expectations (1860–1861);
• Our Mutual Friend (1864–1865).
Há ainda livros de natal, uma série de contos e um livro inacabado (“The Mystery of Edwin Drood”).