Resumo Graciliano Ramos
Graciliano Ramos foi um escritor alagoano reconhecido em todo o Brasil por retratar o cotidiano dos homens nordestinos que viveram no sertão. O escritor é um dos representantes da 2ª etapa do modernismo no país, que teve como uma de suas principais características o regionalismo. Esta mesma fase também foi compartilhada por outros grandes nomes, como Jorge Amado, Raquel de Queiroz e José Lins do Rego.
Nas obras de Graciliano Ramos, com destaque para ‘São Bernardo’ e ‘Vidas Secas’, nota-se a necessidade em retratar com total realismo e detalhes as dificuldades dos moradores do sertão. Essa característica é um reflexo da própria vivência do autor, que morou grande parte de sua vida no interior alagoano.
Graciliano Ramos tinha forte associação com o comunismo, o que o fez ser preso em meio à ditadura militar instaurada pelo governo de Getúlio Vargas. O período em que esteve na cadeira também foi retratado em uma de suas obras de maior sucesso: “Memórias do Cárcere”.
Mesmo com a morte do autor antes da finalização da obra, ela foi publicada mesmo assim – porém, sem a presença do último capítulo.
A seguir, confira mais sobre a biografia e sobre o estilo literário de Graciliano Ramos.
Biografia de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos nasceu em outubro de 1892 na cidade de Quebrangulo, em Alagoas. Filho de comerciante, vivia “para lá e para cá” nas cidades do interior do Pernambuco e de Alagoas.
No ano de 1905, Graciliano Ramos começou a estudar no Colégio Quinze de Março, em Maceió. Foi nessa época que descobriu o seu amor pela escrita, ao desenvolver publicações bimensais para o “Echo Viçosense”, um periódico de Viçosa.
Já em 1909 começou a contribuir para o ‘Jornal de Alagoas’, escrevendo em formato de prosa e poesia e assinando com nomes pseudônimos, como S. de Almeida Cunha, Almeida Cunha, Doares de A. Cunha e até mesmo “Lambda”.
E o costume de usar nomes pseudônimos em suas publicações não parou por ali, mantendo-se em publicações posteriores.
Graciliano Ramos foi comerciante, se tornou jornalista e diretor de uma instituição pública no Alagoas até se candidatar como prefeito na cidade alagoense de Palmeira dos Índios. Ele foi eleito e renunciou ao cargo dois anos depois.
Foi em 1933 que Graciliano Ramos começou a sua carreira como escritor, com a publicação de Caetés, uma obra romancista. São Bernardo, um dos grandes marcos de sua carreira, foi publicado no ano seguinte, em 1934.
No ano de 1936 ele foi preso pelo governo Vargas ao se manifestar a favor do comunismo, o que o deixou em cárcere por longos 11 meses. Sua experiência foi o ‘carro chefe’ de motivação para a publicação de outra entre as suas maiores obras: “Memórias do Cárcere”, no ano de 1955.
No ano de 1937 Graciliano Ramos recebeu o primeiro prêmio de sua carreira como escritor, o prêmio de ‘Literatura Infantil’ do Ministério da Educação. A obra premiada foi ‘A Terra dos Meninos Pelados’.
Em 1938 Graciliano Ramos publicou o que hoje é considerada a sua maior obra prima: “Vidas Secas”, que narra com precisão de detalhes a difícil vida dos moradores do sertão brasileiro.
Muitas obras foram publicadas entre 1940 e 1950, até que em 1952 Graciliano Ramos decidiu se mudar para a cidade de Buenos Aires para a realização de tratamentos médicos. Após passar por um procedimento cirúrgico, o escritor retornou ao Rio de Janeiro. Em 20 de março de 1953 ele faleceu devido à sua condição de saúde.
Movimento e estilo literário de Graciliano Ramos
O autor alagoense integra o movimento “de 30” de modernistas da segunda fase. Foi durante este período que os temas regionalistas e nacionalistas como um todo ganharam destaque na literatura e na poesia brasileira.
Entre os anos de 1930 e 1945 havia uma forte tendência entre os escritores do Nordeste da publicação de obras com os temas de exploração do trabalhador e realidade do sertão.
Graciliano Ramos não era muito adepto às inovações linguísticas, tendo como foco central a construção de narrativas.
Entre as principais características encontradas nas obras de Graciliano Ramos podemos destacar:
-> Estilo de escrever objetivo, com clareza e concisão;
-> Destaque para as dificuldades vivenciadas no sertão e pelo povo do Nordeste como um todo;
-> Escrita sem grandes “floreios linguísticos” – o que se dá principalmente pelo fato de que suas obras narravam situações negativas e, em geral, de exploração de trabalho;
-> Crítica social e pessimismo também são características identificadas em grande parte das obras de Graciliano Ramos.
Além das obras já destacadas em sua biografia, outras publicações de Graciliano Ramos foram:
• História de Alexandre (1944);
• Infância (1945);
• Insônia (conjunto de contos publicado em 1947);
• Viagem (1954);
• Histórias incompletas (1946);
• Dois Dedos (1945);
• “Viventes das Alagoas – costumes do Nordeste” e “Linhas Tortas” (ambas publicadas após a sua morte, no ano de 1962).