Atresia de Vias Biliares

Biologia,

Atresia de Vias Biliares

A atresia de vias biliares, conhecida também como atresia biliar, é ocasionada por um procedimento inflamatório agressivo, que ataca os canais biliares e extra-hepáticos de mulheres que estão amamentando e recém-nascidos, provocando obstrução e fibrose no trato biliar em certo lugar do sistema porta hepático e também o duodeno.

A primeira definição das perspectivas anatomo-patológicas dessa doença apareceu em 1891, sendo que somente 20 anos depois usou-se a expressão “atresia das vias biliares”.

Atresia

A atresia biliar pode ser de dois gêneros:

1) Fetal ou embrionário: a colestase começa antecipadamente, com a pessoa manifestando icterícia a partir do nascimento, geralmente havendo combinação com outros distúrbios congênitos.

2) Adquirido ou perinatal: equivale a grande maioria dos casos e apresenta começo mais tardio, sem que ocorra outras anormalidade ligadas.

Ainda não se sabe ao certo o causador da atresia biliar. Contudo, sabe-se que deformidades na organogênses são causadoras por menos de 15% dos episódios. Até então não foi achada associação com drogas teratogênicas ou radiação ionizante. Também não foi constatada dano isquêmico e nenhuma espécie de transtorno do metabolismo dos ácidos biliares. Tem sido estudada a teoria de presença viral na etiopatogenia dessa situação.

A primeira ocorrência clinica é a icterícia neonatal, o que é freqüente no nascimento. Dessa forma, é provável perceber fezes desbotadas, inchaço abdominal, urina escura, endurecimento hepático e hepatomegalia. Os sinais tornam-se mais evidentes dentro de duas a seis semanas depois do nascimento, e a icterícia demonstra-se persistente a fototerapia.

O primeiro e importante progresso no tratamento cirúrgico da enfermidade aconteceu em 1959, quando dois médicos japoneses, Susuki e Kasai, divulgaram, no seu país de origem, um novo método operatório onde uma alça de jejuno era reunida ao local de entrada da via biliar no fígado, chamado “porta hepatis”, para possibilitar o livre curso biliar, cirurgia chamada portoenterostomia. Dessa forma, a aquisição do curso biliar, com retorno parcial ou total da icterícia, poderia definir uma pausa no processo avançado de cirrose biliar. Esse método só foi divulgado nove anos depois, com a apresentação da mesma no idioma inglês.

Os autores destacam que, quando a criança era submetida a processos cirúrgicos até a décima semana de vida, a probabilidade de se adquirir fluxo biliar e, portanto, êxito cirúrgico, era consideravelmente maior.

O diagnostico é feito mostrando o bloqueio da artéria biliar no decorrer da laparotomia exploratória com colangiografia, pois nenhuma das maneiras de diagnóstico possui especificidade e sensibilidade razoável para o reconhecimento de atresia. Exames em laboratórios podem ser proveitosos, indicando aumento da bilirrubina total, com supremacia da bilirrubina conjugada ou direta, assim como mudanças das enzimas hepáticas.

Análises de imagem, como a cintilografia, ultrassonografia, colangiopancreatografia e hepatobiliar podem ser usados no diagnóstico.

A biópsia hepática apresenta uma função importante no reconhecimento da atresia biliar. Na análise histopatológica é permitido constatar estase biliar, deformidade dos cordões de hepatócitos, alterações gigantocelular, fibrose intralobular e necrose focal dos hepatócitos.

A análise radiológica das vias biliares no instante cirúrgico, muito usada no passado, torna-se irrelevante frente à veracidade do diagnóstico pré-operatório confirmada pela biópsia hepática, razão pela qual se rejeita aquele processo de estudo há vários anos.

No começo dos anos 80, a inserção da ciclosporina como autor imunossupressor melhorou consideravelmente as conseqüências do transplante hepático com concessor cadáver, processo cirúrgico cujos suportes técnicos já haviam sido determinados desde o começo da década de 70. Dessa forma, desde 1983, esse processo passou a ser julgado seguro e eficaz para o tratamento de diversas enfermidades hepáticas irreversíveis e terminais. Aparece, então, uma nova grande evolução na terapêutica cirúrgica da atresia biliar.

Até o instante, o único método eficiente permanece sendo a portoenterostomia, onde a drenagem biliar é determinada através da anastomose de um duto intestinal a área externa do hilo hepático.

Os problemas da atresia biliar abrangem dificuldades decorrentes da própria doença, como os efeitos da colestase crônica, como esteatorreia, desnutrição, deficiência de vitaminas lipossolúveis, icterícia, retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, prurido, cirrose biliar secundária e hipertensão portal, fora os problemas vinculados a portoenterostomia.

Apesar dos relevantes progressos atingidos pelas cirurgias nos últimos 10 anos, no método da atresia biliar, outras possibilidades terapêuticas mais adequadas deverão aparecer. A mais atual é o transplante do lobo esquerdo do fígado, usando um doador vivo compatível.

Esse procedimento é muito disseminado no Japão, em virtude da ausência de leis que normatizam o uso de cadáveres para distribuição de órgãos no país.