Meiose
A divisão celular é um processo de extrema importância para qualquer organismo vivo, pois permite que haja a renovação celular. Possui relação direta com a herança hereditária deixada de pai para filho, pois as células estão diretamente ligadas aos cromossomos, cuja quantidade varia de acordo com a espécie. Por exemplo, as células humanas possuem 46 cromossomos, enquanto as do feijão, ser vivo, possuem apenas 22. Neste artigo, será abordado um processo de divisão celular específico: a meiose.
Trata-se de um processo que ocorre por meio da formação de gametas, reduzindo o número de cromossomos de determinada espécie pela metade. Isso quer dizer que a partir de uma célula mãe diplóide são originada quatro novas células haplóides. Isso significa que ocorre apenas nas células germinativas, sejam masculinas ou femininas.
Esse processo de divisão ocorre por meio de duas etapas: a I, chamada de reducional, pois o número de cromossomos é reduzido pela metade; e a II, chamada de equacional pois o número de cromossomos das células divididas se mantém o mesmo nas novas células formadas.
Na sequência, cada uma dessas etapas serão exploradas em maiores detalhes.
Meiose I
Antes de iniciar a divisão celular, os cromossomos são finos e compridos, ocorrendo uma duplicação de DNA dos mesmos – formando as cromátides -, o que dá início ao processo de divisão. Nesta etapa encontra-se a prófase, um processo bastante complexo que se divide em cinco sub-fases, que ocorrem uma após a outra. São elas:
1. Leptóteno: como cada cromossomo é formado por duas cromátides. É possível observar a presença de pequenas condensações chamadas de cromômeros;
2. Zigóteno: nesta fase ocorre a sinapse, ou seja, o emparelhamento dos cromossomos análogos, que irá se completar na próxima fase;
3. Paquíteno: cada par de cromossomos análogos formados na fase anterior possui quatro cromátides, que se organizam em estruturas bivalentes ou tétrades, que são formadas por cromátides irmãs. Essas, por sua vez, podem ter sido originadas ou no mesmo cromossomo ou em cromossomos análogos. Pode ocorrer uma ruptura na mesma altura dessas cromátides, o que faz com que os cromossomos troquem de lugar, levando a uma nova configuração gênica, uma vez que eles são portadores de genes;
4. Diplóteno: nessa etapa, os cromossomos começam a se distanciar um dos outros, mas as partes em que houve a permutação ainda continuam ligadas. Essas regiões são chamadas de quiasmas;
5. Diacinese: o processo de distanciamento dos cromossomos continua a ocorrer, fazendo com que os quiasmas deslizem para a ponta das cromátides. À medida que essa fase evolui, a carioteca e o nucléolo desaparecem.
Ao final desse processo, começa a de fato surgir a configuração da célula, por meio de três processos:
-Metáfase I: a membrana celular desaparece e os cromossomos começam a ser organizados de forma vertical, no centro do interior da célula. Os centrômeros dos cromossomos homólogos são ligados por fibras, sendo cada par puxado em direções opostas;
-Anáfase I: cada par de cromossomos homólogos são levados naturalmente a um dos polos da célula;
-Telófase I: os cromossomos são reorganizados, assim como a carioteca e o nucléolo. Também ocorre a divisão do citoplasma, dando origem a novas células haplóides.
Meiose II
O processo é bastante semelhante ao que ocorre na primeira etapa, mas é fundamental, pois a formação de novas células haplóides a partir de outras células também haplóides só é possível devido à separação das cromátides que compõem as díades.
Essa etapa é composta das seguintes fases:
-Prófase II: além da carioteca e do nucléolo serem suprimidos, ocorre a condensação dos cromossomos e a duplicação dos centríolos;
-Metáfase II: os cromossomos voltam a serem organizados na região central da célula;
-Anáfase II: ocorre a separação das cromátides irmãs, que são puxadas para um dos polos da célula;
-Telófase II: as fibras que uniam as cromátides irmãs desaparecem. O nucléolo aparece novamente e se reorganiza, assim como a carioteca. Com a citocinese, quatro novas células haplóides são originadas.
Assim, cada um dos cromossomos duplicados de cada uma das células da etapa anterior dão origem a dois cromossomos simples, resultando, assim, na produção de 4 células haplóides. Isso significa que, ao final de cada processo de divisão celular, segue uma progressão exponencial de ordem 8. Assim, ao final do primeiro processo de divisão, serão originadas 4 novas células. Essas 4 células, por sua vez, gerarão 32 novas células, que geração 256, e assim por diante.
Assim, depois de exposto o processo pelo qual ocorre a meiose, fica clara sua diferença em relação à mitose. A mitose resulta em duas células filhas com material genético idêntico ao da célula mãe, mantém o número de cromossomos da célula originária e ocorre na maior parte das células somáticas presentes no corpo.
Já na meiose, são originadas quatro células filhas, que possuem material genético diferente da célula mãe, devido à recombinação gênica. Além disso, elas apresentam apenas metade do número de cromossomos presentes na mesma e ocorrer somente em esporos e células germinativas.
Essas diferenças são de extrema importância para entender por que cada um dos processos de divisão celular ocorre da maneira em que se apresentam e em apenas certas células dos organismos.