Nomenclatura Binominal de Lineu
A nomenclatura binominal, ou simplesmente, nomenclatura binária refere-se a um conjunto regulador da atribuição de nomes científicos às espécies de seres vivos. O termo “binominal” refere-se ao nome de cada espécie que seria formado por duas palavras, sendo, o nome do Gênero, mais, o restritivo específico – em geral um adjetivo que qualifica Gênero.
Pode-se dizer que a nomenclatura binominal é uma das bases da classificação científica dos seres vivos, que é regulado por códigos específicos da nomenclatura zoológica, botânica e bacteriológica.
Um pouco de história
Historicamente, este conceito teria sido proposto pelo naturalista suíço Gaspard Bauhin ainda no século XVII, mas teria sido realmente formalizado por Carl Von Linné – Lineu – logo no século seguinte.
No ano de 1735 Lineu publicou a obra “Systema Naturae”, neste livro o naturalista sueco apresentou algumas regras que foram capazes de padronizar a maneira como as espécies, até então, vinham sendo nomeadas. Essas sugestões foram amplamente aceitas, e por isso, são usadas até os dias de hoje. Vamos as características apresentadas por Lineu.
Características da nomenclatura de Lineu
Para Lineu todo ser vivo possui um nome científico, e este nome seria composto de duas palavras, a primeira iria se referir ao Gênero da espécie, enquanto a segunda ao epíteto, ou seja, nome, e, é responsável por caracterizar a espécie em questão.
O epíteto, geralmente, refere-se a uma característica específica do indivíduo, como por exemplo, localização, organização corporal, ou ainda, pode ser uma homenagem a um cientista ou personagem que tenha feito parte da história de sua descoberta.
Outra regra é que os nomes científicos quando escritos devem ser destacados em itálico, quando o uso deste tipo de configuração tornar-se inviável, por exemplo, quando o epíteto for escrito a mão, deve-se grifar a palavra.
Para, além disso, a primeira letra de um nome científico deve sempre estar em MAIÚSCULO, enquanto isso, a primeira letra do epíteto específico em minúsculo. Outra característica que se refere à forma escrita é que a partir da segunda vez que se escreve o nome de certa espécie o gênero pode estar abreviado. Vamos a um exemplo para que você possa compreender melhor: Leão – Phantera Leo, na segunda vez fica, P. leo.
Mas é claro que não é possível nomear todas as espécies existentes, afinal, nem sabemos quais realmente são as espécies existentes, já que, sempre estamos descobrindo novos indivíduos. Em casos como esse, ou ainda, quando não é interessante que a espécie seja explicitada, o cientista ou mesmo pesquisador que estiver escrevendo pode valer-se da seguinte regra: após o nome do gênero pode ser utilizado o termo “sp.” para Zoologia, ou mesmo, “spec” na Botânica. Mas é bom lembrar, nenhum dos dois deve ser colocado em itálico, ou mesmo, sublinhados, além disso, devem estar acompanhados de um ponto final, exemplo: Hypsiboas sp. É igual a Hypsiboas goianus.
Algumas vantagens desse sistema regulador
Entre os principais pontos positivos da utilização desta nomenclatura está: economia descritiva, uso generalizado e favorecimento da estabilidade de nomes. A partir da nomenclatura binominal todas as espécies puderam ser identificadas sem o risco da dúvida ou ambiguidade, e o mais importante, por meio de apenas duas palavras.
Para, além disso, o mesmo nome tem uso universal e independe da língua em que a pesquisa A, ou, a pesquisa B estão sendo escritas, o que evita, na maioria dos casos, erros graves de tradução.
Obviamente, a estabilidade de nomes não é absoluta, contudo, os procedimentos que foram estabelecidos com relação a (re) nomeação das espécies acabam por favorecer um tipo de estabilidade. Na prática isso significa que quando uma espécie muda de um gênero para outro – algo nada difícil de acontecer, principalmente devido ao avanço das ciências – o descritor, sempre que possível será mantido. Isso também vale para quando um indivíduo é desclassificado de uma espécie, e, integrado em outra pré-existente, em ocasiões como essa o descritor se mantém no nível sub específico.
Como já mencionado neste artigo essas regras existem para garantia de que cada nome é único e, portanto, não há ambiguidades na nomenclatura. Contudo, na prática algumas espécies acabam adquirindo diversos nomes científicos descritos, inclusive, na literatura especializada. Aí, nesses casos, o uso de cada nome depende das decisões tomadas pelo autor do texto.
Observações
Cabe salientar ainda que a mais importante fonte de estabilidade no sistema de nomenclatura binominal é a “ressurreição” de nomes que por algum motivo caíram no esquecimento. Em casos como este há a possibilidade de se reclamar validamente prioridade de publicação, mas em alguns casos acaba por ser preservado o nome mais comum.
Outra observação importante a cerca desse sistema são as subespécies: casos em que os indivíduos são subdivididos em espécies são válidas as mesmas regras, com a única exceção, de que tanto epíteo específico, quanto o sub-específico, devem apresentar-se em minúsculo.
No mais, nos resta dizer que a contribuição do naturalista sueco Lineu foi de máxima importância para os estudos da Biologia.