Rodococose Equina
A rodococose equina é uma doença que ataca o sistema respiratório de cavalos e pode levar o animal a óbito. Causada pela bactéria Rhodococcus equi, a doença possui uma alta taxa de mortalidade, principalmente em potros com até seis meses de idade. Isto porque os potros, nesta idade, estão na fase de transição imunológica, ou seja, evoluindo da imunidade adquirida pelo colostro (imunidade passiva), para a imunidade ativa, quando terão melhores condições para combater a rodococose.
A rodococose resulta na formação de graves abscessos nos pulmões. Se for diagnosticada na fase inicial, o tratamento terapêutico pode não produzir o resultado esperado, ou seja, a cura da doença. Em alguns casos, inclusive, a doença pode atingir o tecidos subcutâneos, rins, fígado, articulações e os ossos dos animais. Os níveis de morbidade e mortalidade são elevados.
A bactéria causadora da rodococose é um agente oportunista, podendo contaminar seres humanos, principalmente as pessoas portadoras de HIV; que usam imunossupressores, após transplante de órgão; pacientes com câncer de pulmão e outras doenças que atingem o sistema imunológico. A bactéria pode causar a pneumonia necrotizante.
Desenvolvimento e transmissão da rodococose equina
A Rhodococcus equi é uma bactéria intracelular facultativa e cosmopolita, que se desenvolve no solo, principalmente na zona rural, onde há propriedades com animais de produção. Por estar presente no intestino de animais herbívoros, essa bactéria, muito resistente ao ambiente externo, multiplica-se com facilidade no solo adubado naturalmente pelo esterco de animais.
Ela consegue sobreviver por até 12 meses, em condições extremas de temperatura e acidez do solo. Sendo assim, é um micro organismo altamente contaminante para animais e seres humanos. A ocorrência da rodococose é variável. Em algumas propriedades rurais pode surgir de forma endêmica. Outras áreas podem ter registrados alguns casos esporádicos da doença ou nenhuma ocorrência.
Isto demonstra que fatores ambientais, manejo adequado de animais e baixa população de potros são fatores que limitam a proliferação da rodococose no solo e, consequente contaminação de animais. Em locais de clima de seco, a poeira acaba transportando a bactéria para a água e alimentos dos animais.
Além disso, os potros têm o hábito de ingerir fezes (coprofagia), o que amplia a chance de contaminação. Em cavalos adultos, a doença é mais rara. Quando ocorre, geralmente está associada a outro tipo de infecção que atinge o sistema imunológico do animal, causada pelo Herpesvirus equi.
Os animais infectados pela Rhodococcus equi elimina, através das fezes e vias respiratórias, uma grande quantidade de bactéria, presentes no intestino, que contaminam o solo, podendo atingir outros cavalos. Outra porta de entrada desse micro organismo são as lesões na pele dos animais. A bactéria prolifera-se intensamente, no intestino de potros, até a décima segunda semana de vida, devido à proliferação da microbiota normal do intestino desses animais.
Fatores que favorecem a infecção por Rhodococcus equi:
• Deficiência na ingestão de colostro
• Excesso de animais na propriedade
• Manejo inadequado de potros
• Excesso de fezes de animais no solo
• Poucas áreas de pastagem
• Piquetes e baias muito próximas
• Região de clima seco sujeita a muita poeira
Sintomas da rodococose equina
A evolução da rodococose é lenta. Quando surgem os primeiros sinais, a doença já está instalada há pelo menos cinco semanas. Potro contaminado apresenta aumento da frequência respiratória, devido à formação de abscessos pulmonares.
Com a progressão da doença, a temperatura do animal ultrapassa 41º (quadro de hipertemia). O potro apresenta taquipnéia, tosse, depressão, perda de peso, respiração abdominal, decúbito, cianose e diarreia. A doença retarda o crescimento dos potros devido à linfadenite mesentérica e colite.
Em consequência do diagnóstico tardio, cerca de 50% dos casos terminam com a morte do animal.
O diagnóstico precoce da rodococose equina é fundamental para obter melhores resultados no tratamento terapêutico, evitando a morte do animal. Esse tipo de pneumonia tem que ser tratada com medicação específica, pois outros antimicrobianos não surtem efeito.
É necessário coletar o lavado trans-traqueal para diagnosticar a doença, além de exames de imagem como radiografia e ultrassom, que possibilitam verificar as condições do parênquima pulmonar. Exame de sangue pode revelar leucocitose devido ao processo de neutrofilia. A elevação da taxa de fibrinogênio também é um sinal de infecção.
Prevenção da rodococose equina
Para prevenir a ocorrência de rodococose equina é necessário fazer o manejo adequado dos animais, o que inclui instalações apropriadas, controle de população, redução da poeira com a cobertura vegetal e umidificação do solo, retirada do esterco de piquetes e baias, além do monitoramento da saúde dos animais, observando a ocorrência de febre, tosse e anorexia, que podem indicar o desenvolvimento da doença.
Recomenda-se a vacinação da fêmea no final da gestação, para induzir por via cordão umbilical a imunidade passiva dos potros. Potros devem receber plasma hiperimune, nas duas primeiras semanas de vida e dose de reforço com até 30 dias, como forma de prevenir a doença. O manejo diário dos potros deve ser feito com bastante cuidado, porque o manejo excessivo pode prejudicar o sistema imunológico dos animais.